Ontem, 12 de agosto de 2015,
comemoramos os 156 anos da Igreja Presbiteriana do Brasil. Essa comemoração se
dá por ser a data em que o Rev. Ashbel Green Simonton chegou ao Brasil em 1859,
no estado da Guanabara (atual estado do Rio de Janeiro), onde iniciou os
trabalhos de evangelização em solo brasileiro. Em 12 de Janeiro de 1862, junto
de seu cunhado, rev. Alexander Blackford, organizou a primeira igreja
Presbiteriana do Brasil, na rua do ouvir, 31. Anos mais tarde, e por conta do
crescimento desta Igreja, mudou-se para onde é localizada a catedral
Presbiteriana do Rio. Cerca de 156 anos depois, a Igreja cresceu de modo que,
em 2011 quando o último senso oficial da IPB foi demonstrado, tínhamos 5.392
Igrejas organizadas, 5.015 congregações e 3.054 pontos de pregação, perfazendo
um total de 13.461 localidades em que o evangelho reformado é pregado e um
total de 1.011.300 membros (comungantes e não comungantes)[1]. Mas qual será o futuro
dessa Igreja? E o que nós, membros dessa Igreja Nacional, temos feito a
respeito para que o futuro do Brasil seja diferente do que está sendo no
momento?
Estamos numa geração terrível em todos os
aspectos. E o âmbito religioso não seria diferente. A Igreja se perdeu em
muitas coisas e abandonou tantas outras que tem sido, historicamente, seu legado.
Não falamos de tradições eclesiais, mas sim daquilo que o evangelho, de fato,
nos exorta e demonstra. Perdemos, em muitas circunstâncias, a noção da
santidade de Deus e não nos comportamos com total reverência ao Senhor, pois
ainda temos a ideia frívola de que do jeito que estamos, basta e que Deus deve
aceitar nosso serviço e louvor, como fora nos dias de Malaquias (Ml 1.6-14).
Perdemos a noção de comunhão com Deus e temos dedicado cada vez menos tempo
para estarmos a sós com ele, pois nossos afazeres tomam nosso tempo de forma
quase que totalitária e passamos a orar mecanicamente, rapidamente e, porque
não, hipocritamente, quando oramos apenas quando estamos em momentos de culto,
na congregação solene (Mt 6.5-8). Perdemos o sentido de “perseverança dos
santos” e achamos que perseverar é apenas aguentar as dificuldades ou
sobreviver a elas. Mas, na verdade, somos biblicamente orientados a nos alegrar
nas aflições e provações (Tg 1.2-4) e isso em orações (Fp 4.6), sabendo do
constante cuidado do Senhor para conosco (1Pe 5.6-7). Perdemos a noção de
comunhão com o próximo, e nos tornamos cada vez mais impessoais e egoístas,
esquecendo-nos das bênçãos que provém da comunhão (Sl 133), e vivendo isolados
de tudo e de todos e o ambiente de “família” que vivemos se resume na entrada
ou saída dos cultos em que participamos. Perdemos a noção do que é ser
testemunha de Cristo e ser diferente do mundo, colocando-nos como seu inimigo
e, muitas vezes, estiamos a bandeira branca da paz, fazendo a política da
boa-vizinhança e nos assemelhando a ele, criando uma versão “gospel” de tudo,
nos esquecendo que, ao andarmos com Deus, imediatamente nos colocamos como
inimigos do mundo e não há como mudar essa verdade profética (1Jo 2.15-17).
Perdemos a percepção do que significa “negar a si mesmo, tomar a cruz e seguir”
a Jesus (Lc 9.23; Mc 8.34), querendo que Jesus siga-nos e satisfaça a nossa
vontade em detrimento da dele. Voltamos a agir como os saduceus, que erravam
por não conhecer a Deus e Sua Palavra (Mt 22.29). Mas o que fazemos para mudar
essa realidade para que os próximos anos sejam tão produtivos quanto os
primeiros?
Nós não podemos permanecer como uma
igreja parada no tempo, vivendo do passado, mas sem perspectiva de futuro e sem
carregar o legado da Palavra de Deus de forma viva e eficaz. Embora muito se tenha
feito no passado, precisamos de uma profunda transformação do pensamento, à Luz
das Escrituras, para que mudemos a triste realidade no presente e tenhamos um
futuro tão grandioso quanto o passado. É claro que levamos em consideração a
soberania de Deus em conduzir os rumos da sua Igreja e sabemos que
profeticamente, a Bíblia nos informa da frieza dos últimos dias, principalmente
dentro da comunidade dos fiéis, afim de que o remanescente fiel se manifeste.
Mas isso não tira a nossa responsabilidade em mudar nosso comportamento e nos
voltarmos ao Senhor para ouvir a sua voz. Ao contrário, aumenta, e muito, a
nossa tarefa de sermos o sal e a luz desse mundo, imerso nas trevas (Mt 5.13-16;
1Jo 5.19). Para que esse legado seja levado adiante e a Igreja do Senhor possa
continuar produzindo muitos frutos como tem produzido, historicamente, ao longo
dos últimos 156 anos, é preciso que deixemos de ser apenas cristãos teóricos
das Escrituras e, com base na nossa boa e saudável teologia reformada, vivamos
as verdades do evangelho de modo prático (Tg 1.23-25).
Completamos 156 anos de Igreja
Nacional. Mas o que você e eu faremos com essa história para o futuro? Que
legado deixaremos? Tudo isso começou porque um homem ouviu e atendeu a voz do
Salvador. Talvez nenhum de nós plantemos uma igreja nacional, nem sequer
plantemos uma Igreja individualmente. Mas temos o privilégio, por graça, de
sermos usados por Deus para sedimentar as bases doutrinárias da Igreja para a
próxima geração. E não podemos nos deixar levar pelos ventos de doutrina e nos
enganar com as heresias que surgem a todo instante. Precisamos estar firmes na
Pedra Angular (1Pe 2.1-8), Cristo Jesus, para que nossa firmeza atravesse
gerações, como foi o caso da firmeza dos reformadores do século XVI, Simonton,
José Manoel da Conceição, Boanerges Ribeiro e tantos outros homens, instrumentos
de Deus, para a propagação do evangelho Santo. Ergamos o nosso Pendão
Real e levemos adiante essa história!
Um pendão real vos entregou o Rei
A vós soldados seus!
Corajosos, pois, em tudo o defendei,
Marchando para os céus.
Com
Valor! Sem temor!
Por
Cristo prontos a sofrer,
Bem
alto erguei o seu pendão
Firmes,
sempre, até morrer!
Eis formado já terríveis batalhões
Do grande usurpador!
Revelai-vos hoje bravos campeões!
Avante, sem temor!
Quem receio sente no seu coração
E fraco se mostrar,
Não receberá o eterno galardão
Que Cristo tem pra dar!
Pois sejamos todos a Jesus fiéis
E a seu real pendão!
Os que da vitória colhem os lauréis
Com ele reinarão.
(D. W. Whittle – H. M. Wrigth)