Finalmente chegamos ao estudo do último dos
doze apóstolos mencionados nas listas dos evangelistas sobre os discípulos do
Senhor. Este é o mais odioso e o menos próximo do Senhor, embora ainda
pertencente ao grupo e o mais distante do Mestre no que diz respeito a toda e
qualquer característica humana. Judas nem sequer é mencionado no livro de Atos,
na lista dos apóstolos, pois sua vergonhosa história teve fim pouco antes da
morte de Jesus. Quando Lucas o cita em Atos é para deixar claro que ele
definitivamente era o filho da perdição e o filho de Satanás.
Todos os discípulos estudados até aqui servem
para nos motivar, a despeito de nossas fraquezas, a servirmos ao Senhor com
todo o nosso ser, e nos mostram como é possível que Cristo transforme pessoas
comuns, com defeitos comuns, em instrumentos extraordinários, usados tão
somente para o louvor de Seu Nome e para a glória de Seu Reino. Judas, por
outro lado, tipifica o quão vil pode ser o coração do homem quando este não se
entrega aos pés do Senhor e, definitivamente, não é tocado pela graça. Em sua história é possível percebermos que
há possibilidade de pessoas estarem com o Senhor, verem seus milagres e
realizações e ainda assim estarem apenas superficialmente com Ele, não sendo
profundamente tocados por Seu imenso poder. Judas, em sua trajetória da
história do Redentor, esteve pessoal e fisicamente próximo do salvador. Seus
ouvidos ouviram sua majestosa voz, seus olhos contemplaram sua face. Ele fora
alimentado por Jesus quando da multiplicação de pães e peixes e vislumbrou o
poder de Jesus em muitos milagres que realizara. Aquilo que o Senhor manifestou
aos doze, não excluiu Judas, exceto da ministração da Santa Ceia, mas tudo
realizou diante de seus olhos e ele fora participante. Recebeu a mesma
instrução, os mesmos estímulos, a mesma promessa, mas nunca fora transformado
pela verdade de Jesus (Jo 8.32,36). Talvez como ele, Simão, o Zelote, como
vimos no texto anterior, também tenha passado a seguir Jesus por motivos
pessoais. Mas diferente daquele, este nunca, em momento algum da caminhada,
rendeu-se ao senhorio de Jesus. Ao contrário, cometeu o mais baixo dos atos
humanos, vendendo o Senhor por míseras trinta moedas de prata. Hoje em dia,
alguns ainda o vendem, mas por um valor bem maior do que este.
Por outro lado, a história de Judas nos
mostra claramente a soberania do nosso Deus e nos revela o mistério da relação
desta com a responsabilidade humana. Judas, o traidor – como todos os
evangelhos fazem questão de mencionar ao citá-lo – foi uma peça fundamental
para cumprir o eterno propósito do Senhor Deus (Sl 41.9), mas era responsável
por seu – odioso – ato de violência contra o Senhor dos senhores (Mt 26.24).
Nesse aspecto, a CFW ajuda-nos a entender essa relação ao declarar:
Desde toda eternidade e pelo
mui sábio e santo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre e
inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do
pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a
contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.
Deus se utiliza das circunstâncias para
estabelecer e cumprir seus planos, não sendo o autor do mal, o que torna o
homem inteiramente responsável por ele, mas isso não cria um problema ao
Senhor. Ele soberanamente orquestra e
conduz todas as coisas. Afinal, o Senhor “tudo
pode e nenhum dos seus planos podem ser frustrados” (Jó 42.2).
Vejamos, agora, todas as informações que as
Escrituras nos trazem sobre Judas:
1 – SEU NOME
Judas era um nome comum, como já salientado no
texto anterior, quando falamos de Judas Lebeu Tadeu. Seu nome é outra forma
para o nome “Judá”, que significa “YWHW Conduz”, indicando que, provavelmente,
ao nascer, seus pais esperassem que ele fosse conduzido por Deus.
Diferentemente do que pensamos, a informação
que vem adicionado ao seu nome não é seu sobrenome, mas sua identificação.
Iscariotes é derivado do termo hebraico “ish”
(homem) e “Queriote”, nome da cidade
de que ele veio. Esse nome então, Iscariotes, significava “Homem de Queriote”.
Queriote–Hezrom (Cf Js 15.25) era uma cidade ao sul da Judeia, o que confere a
Judas, o posto de ser o único dos discípulos que não eram da Galiléia.
Diferentemente dos demais discípulos que já
se conheciam porque eram irmãos, amigos ou colegas de trabalho, Judas era uma
figura solitária, sombria, que não conhecia os demais, vindo de longe e passou
a pertencer ao grupo mais íntimo de apóstolos.
Havia pouca familiaridade entre os discípulos
e Judas. Isso favoreceu os desígnios do coração corrupto dele. Como desconheciam
sua família, sua origem e os costumes, seria fácil de agir hipocritamente e
dissimular entre seus companheiros. E conseguiu enganá-los. Tanto que chegou ao
posto de tesoureiro do grupo e usou essa
função para roubar dinheiro dos seus amigos (Jo 12.6).
Sua hipocrisia e fingimento eram tão
convincentes que, quando Jesus predisse que um deles trairia O trairia, nenhum
houve que levantasse suspeitas sobre Judas (Mt 26.22-23). Nem quando o Mestre
disse que seria quem metesse a mão com Ele no pão, e tendo Judas feito isso,
não houve quem sequer pudesse supor que aquele era, de fato, o filho da
perdição.
2 – SEU CHAMADO
Nenhum dos evangelhos relata como se deu o
chamado de Judas. Assim como os demais discípulos que formam seu grupo, apenas
temos o registro de seu nome nas listas e, se não fosse pela traição e ambição
de seu coração, talvez também não houvesse nenhum registro de palavra sua sendo
transcrita.
Ao que tudo indica, ele seguiu a Jesus de
maneira espontânea, sem nenhum chamado especial ou diferente, como fora o caso
dos irmãos Pedro e André, ou como Filipe e Natanael. Ele ouvira falar do
Messias, era um profundo conhecedor do AT e por isso, ao se deparar com Jesus,
estava convencido de que aquele era de fato o Messias prometido. Quando os
discípulos de Jesus começaram a abandoná-Lo por sua pregação (Jo 6.66-71),
Judas permaneceu com seu grupo dos doze. Ele também havia abandonado tudo o que
fazia para seguir a Jesus, como os demais. Possivelmente ele fosse um jovem
zeloso que esperava a redenção civil de Israel, como Simão, o zelote, antes da
conversão. Mas, diferente daquele, este permaneceu com seu coração ainda preso
a este pensamento, o que lhe causou um descontentamento com a figura do Messias
que havia em sua frente e o movendo a traí-Lo. Judas escolheu seguir a Jesus,
mas jamais o recebeu de fato.
Quando observamos a situação da escolha de
Judas como um dos doze, fica clara a relação entre a soberania de Deus e a
responsabilidade humana. De fato, como todos os demais discípulos, Judas
“escolheu” seguir a Jesus de “livre espontânea vontade”. Mas, assim como os
demais, Judas também fora, antes de tudo, escolhido por Jesus (Jo 15.16). Os
demais, para a glória do Cordeiro de Deus, este para a vergonha. Aqueles para a
honra, este para a desonra (Rm 9.19-29).
Jesus também havia escolhido Judas, mas para
cumprir as profecias sobre a traição (Sl 49.9; Jo 13.18; Sl 55.12-14; Zc
11.12-13; Mt 27.9-10). Jesus o escolhera para ser o traidor, mas Judas traiu a
Jesus por livre e espontânea vontade de seu coração, por isso é o traidor e
unicamente responsável pelo seu próprio pecado. Por isso, em momento algum
Judas foi coagido a agir como agiu, mas o fez porque quis e escolheu agir.
Traiu sem nenhuma ação sobrenatural movendo-o a isso, apenas pelo desejo e
cobiça do próprio coração. Isso é algo que sempre vai martelar nossa limitada
consciência e lógica. Mas a história de Judas mostra a relação constante entre
uma e outra verdade.
Humanamente falando, Judas teve tantas
oportunidades de mudança e abandono de pecados como qualquer outro discípulo de
Jesus teve. Ouvira as lições dos santos lábios do Senhor, presenciou seu poder
e a feitura de milagres como qualquer um dos demais e ainda escutou os apelos
do Mestre para mudança de vida, em todos os momentos em que as Escrituras
narram. MacArthur nos ajuda, dizendo:
Muitas dessas lições
se aplicavam diretamente a ele [Judas]: a parábola do administrador infiel (Lc
16.1-13); a mensagem sobre a veste nupcial (Mt 22.11-14); e as pregações de
Jesus contra o amor ao dinheiro (Mt 6.19-34), contra a ganância (Lc 13.13-21) e
contra o orgulho (Mt 23.1-12). Jesus chegou a dizer explicitamente para os
doze: “Um de vós é o diabo” (Jo 6.70). Ele os acautelou com um ai sobre a
pessoa que o traísse (Mt 26.24).
Mas nada disso adiantou. Em momento algum
Judas abandonou a farsa ou foi tocado pelas palavras do Mestre.
3 – SUA DESILUSÃO
Ao longo da caminhada com Jesus, e depois de
ouvi-Lo tanto em seus ensinos, Judas fora completamente desiludido com a figura
que esperava do Redentor de Israel. É bem possível que os demais iniciaram sua
caminhada com a mesma visão a respeito do Messias, haja vista que eles
conheciam as profecias a respeito do Rei de Israel, descendente de Davi, que
assentar-se-ia sobre o trono. Mas, enquanto os demais abandonaram essa ideia e
creram em Jesus, Judas permaneceu com o ideal messiânico em sua mente e isso o
impediu de ver além do que seus olhos viam e, como Simeão, enxergar a redenção
de Israel (Lc 2.25-35). Ele apegou-se a imagem que construíra a respeito do
Messias e, vendo que a pregação de Jesus não os movia a uma libertação do
império romano, mas sim a uma libertação da religiosidade judaica, seu coração
se entristeceu muito.
Os poucos momentos em que os evangelhos fazem
menção de Judas, sugere o aumento da amargura em seu coração. A cada dia que se
passava ele estava mais e mais decepcionado com a pregação de Jesus por não
satisfazer suas ambições pessoais. Judas “continuava
incrédulo, impenitente e irregenerado”. Ao passo que, quanto mais
sua desilusão crescia, mais seu rancor aparecia e isso se tornou em ódio e
obstinação para matar o Messias, o que o levou à traição, pois Jesus o havia
levado a gastar cerca de dois anos ouvindo-O para, finalmente, não atender em
nada suas expectativas. Judas, então, tornou-se o monstro que era por dentro,
quando seus pensamentos culminaram na mais vil atitude de traição.
4 – SEUS PECADOS
Como já dissemos anteriormente, os demais
discípulos foram trabalhados, lapidados e transformados por Jesus no decurso de
Sua caminhada. Entretanto, Judas permaneceu de fora dessa realidade, não sendo
transformado pelo Senhor Jesus, muito embora tenha testemunhado tudo o que os
demais também testemunharam. A cada dia que passava ao lado do Mestre, a
verdadeira Luz, as trevas em seu coração eram mais e mais aparentes (Jo
3.16-21). Vejamos como cada um de seus pecados foram aflorando ao longo da
jornada:
4.1 – SUA AVAREZA
Logo depois da ressurreição de Lázaro, temos
o episódio em que uma mulher unge os pés de Jesus em Betânia. Essa era Maria, irmã
de Lázaro e de Marta. Jo 12.1-8 mostra-nos bem esse episódio.
Maria, cuja família era de posses, jogou uma
quantidade imensa de perfume nos pés de Jesus ao ungi-lo. Judas, o avarento e
hipócrita, reclama dizendo que aquela quantidade poderia ter sido vendida por
cerca de 300 denários. Um denário era o salário de um dia de trabalho de
qualquer trabalhador. Logo, descontando os sábados e feriados, 300 denários
correspondia ao salário anual dos trabalhadores em Israel. Judas reclama
dizendo que deveria ser dado aos pobres o valor da venda do perfume, Mas João
deixa claro que ele queria roubar o dinheiro, como sempre tinha o costume de
fazer. Em Mt 26.8 temos a impressão de que os demais concordaram com ele quando
reclamou, hipocritamente, falando em ajudar aos pobres. Ele havia se tornado
perito em fingir, e era convincente!
Jesus responde brandamente a Judas, mas sua
ambição alcança níveis imensos e ele, imediatamente, anda cerca de 2,5Km até
Jerusalém, onde vende à Jesus pelo valor de um escravo: Trinta moedas de prata
(Mt 26.14-16; Ex 21.32) e não mais que isso.
4.2 – SUA HIPOCRISIA
Logo após a venda de Jesus por míseras 30
moedas de prata, Judas volta e reagrupa-se aos demais. Nesse instante, começa o
longo relato de João sobre a noite em que Jesus fora traído (Jo 13.1). Nesse
evento temos o relato da lição de humildade que Jesus ensinou aos seus
discípulos, antes de animá-los com a vinda do consolador e da instituição da
Santa Ceia.
Nesse primeiro texto, em que Jesus lava aos
pés dos discípulos, vemos um contraponto de Jesus. Enquanto Judas estava certo
de traí-lo, o mestre assentou-se e lavou seus pés. Qualquer outro teria se
recusado a fazê-lo, teria esbravejado e expulsado Judas de sua presença. O
mestre, contudo, lavou seus pés assim como fizera aos demais.
Daquele momento em diante Jesus começou a
tornar claro que um deles o trairia (Jo 13.10,11,18,19,21,23-30) Mas nenhum
deles sequer desconfiou de Judas.
Note-se que Jesus apenas celebra a Santa Ceia
após a retirada de Judas. Isso porque o momento santo não pode ser feito na
presença da hipocrisia ou com satanás penetrando os corações daqueles que se
assentam diante Dele. Por isso Paulo, em 1Co 11.23-30, deixa claro que é para o
homem examinar a si mesmo antes de tomar assento à mesa do Senhor. Um momento
puro e santo não pode ser feito com pessoas hipócritas e malignas como Judas.
4.3 – SUA TRAIÇÃO
Após deixar o recinto onde Jesus estava,
Judas foi diretamente ao Sinédrio encontrar-se com os anciãos para descrever
que o momento oportuno havia chegado.
Judas, que alimentara seu ódio constante pelo
Senhor, agora caminhava para concluir seu ato mais vil: entregar o Santo de
Israel nas mãos de homicidas para vem seu fim! Judas conhecia a Jesus e isso
deu-lhe tempo suficiente para arquitetar a traição no monte em que Jesus
costumava ir orar. Aquela seria a ocasião perfeita e o momento perfeito para
tal ato. Enquanto Jesus instituía a Santa Ceia, Judas maquinava o momento exato
para entregá-Lo aos seus opositores que O tinham odiado e o odiariam até o fim.
Quando Jesus havia ido orar, como costumava
fazer, Judas dá cabo à sua traição e, com um beijo, ele entrega Jesus para ser
morto pelos pecadores. Naquele instante, “Judas
profanou a Páscoa. Profanou o Cordeiro de Deus. Profanou o Filho de Deus.
Profanou o lugar de oração. Traiu seu Senhor com um beijo”.
5 – SUA MORTE
Judas sentiu remorso pelo que fez (Mt
27.3-4). Não havia nele arrependimento, tanto que não busca perdão, mas seu ato
culmina em seu suicídio pelo que acabara de fazer.
Enquanto os demais haviam morrido por amor ao
Evangelho e à Cristo, Judas se mata pelo remorso do que fez, por não ter amado
a Jesus e por não ter sido tocado pelo Seu poder como fora os demais.
Judas não clamou por misericórdia, não clamou
por perdão e nem viu-se como faltoso diante de Deus. Seu coração agora o
cobrava por seu peso de consciência, mas não o compeliu a ir ter com o Grande
Deus Todo-Poderoso em oração, como aprendera tantas vezes com Jesus.
Atos 1.15-26 diz-nos algo mais sobre o fim de
Judas, o que não contradiz os relatos dos evangelhos. De fato, com o dinheiro
que Judas atirou aos sacerdotes pelo preço de sua traição, eles usaram para
comprar o campo em que se enforcara, o que o fazia literalmente seu dono. Judas
enforcou-se no galho duma árvore que ficava sobre uma pedra pontiaguda, o que
fez com que, ao enforcar-se, com o peso de seu corpo, caísse sobre a rocha e
fosse partido no meio, morrendo de forma horrenda e trágica. Sua morte foi a
altura de sua traição.
6 – LIÇÕES TIRADAS DA VIDA DE JUDAS
1.
Ele
foi um exemplo trágico de oportunidades desperdiçadas. Ele teve a mesma
oportunidade dos outros onze, mas não aproveitou nenhuma e nem atendeu às
lições ministradas por Jesus.
2.
Ele
é um exemplo de privilégios desperdiçados. Ele alcançou, dentre os doze, um
lugar de honra e privilégio: era o tesoureiro do grupo. Contudo, trocou a honra
que lhe fora concedida por 30 moedas de prata e pela traição. Não soube
aproveitar o lugar em que Jesus lhe colocou.
3.
Ele
é a ilustração perfeita de como amar o dinheiro pode ser desastroso (1Tm 6.10)!
Acima da sua dedicação ao Mestre estava seu apego ao dinheiro e isso
inevitavelmente o fez servir às riquezas e levou-o à morte. Ele ilustra bem o
ensino de Jesus de que é impossível servir a dois senhores.
4.
Ele
exemplifica a hipocrisia espiritual. Ele não foi o único a se voltar contra o Senhor.
Em todas as eras há pessoas das quais nosso testemunho seria de sua fidelidade
e apego ao Mestre, mas, no fundo, são ambiciosas e abandonam ao Senhor e se
voltam contra Ele, sentindo-se desfavorecidos por não terem alcançado seus
objetivos. Não desejam a vontade do Mestre, mas a perpetuação de sua própria.
5.
Judas
é a prova de que Cristo é misericordioso, pacífico, longânimo e assaz benigno.
Mesmo sabendo que era o traidor, o Mestre cuidou, exortou, ensinou e demonstrou
seu poder e amor. Definitivamente, Cristo é rico em perdoar (Is 55.7; Ef 2.4)!
6.
Ele
é a prova de que tudo quanto Deus decreta, acontece! Num primeiro momento, sua
traição poderia aparentar que os planos de Deus estavam frustrados! Jesus
estava sendo morto. Mas desde a eternidade este fato estava decretado por Deus
e o que parecia a vitória do maligno, tornou-se sua derrota eterna e a vitória
suprema do Deus Todo-Poderoso.
CONCLUSÃO
A Vida e trajetória de Judas foi uma grande
tragédia. Longe de sê-lo ao Senhor, foi uma tragédia em sua própria vida e nos
planos de satanás. Ele teve o que ninguém mais teve em termos de privilégios,
viu o que nenhum de nós viu ou ouviu fisicamente, mas fez o que havia de pior,
tornando-se semelhante – ou até pior – que aqueles que condenaram o Mestre,
bateram, escarneceram, humilharam e o crucificaram. Judas foi o pivô dessa
sessão aparente de tortura ao Senhor, mas que, na verdade, era a exposição
máxima de seu amor e misericórdia pela humanidade e a vitória do Reino de Deus
sobre o reino do maligno.
APLICAÇÃO
Caro leitor quantas importantes advertências
temos na trajetória deste discípulo! Se todos nos servem de inspiração a serem
imitados, Judas torna-se nossa mais terrível advertência e lembrete de como não
devemos ser e agir.
Aprenda a aproveitar as oportunidades que
Cristo lhe concede. É bem possível que haja pessoas há tanto tempo na Igreja,
ouvindo sobre Jesus, mas jamais foram tocados por Ele e por Sua Palavra! Ore
para que Cristo lhe dê um coração sensível para ouvir Sua terna voz e
repreensão, sempre!
Aprenda a aproveitar as funções que Cristo
lhe deu em prol do reino! E isso não tem a ver com a Igreja apenas, no que diz
respeito aos cargos. Aprenda a utilizar tudo o que o Senhor lhe deu: emprego,
família, amigos, estudos, lazer, etc., sempre em função do Reino de Cristo.
Aproveite bem essas oportunidades.
Não seja hipócrita diante de Deus. Embora as
pessoas apenas vejam a sua aparência, Cristo conhece o Seu coração. E isso não
deve ser motivo para entregar-se à apatia espiritual. Isso é motivo para que
você busque concerto diante de Deus para ser encontrado
firme, fiel e preparado no Grande Dia de Cristo!
Reavalie o que tem feito você buscar ao
Senhor. Muita gente há que ainda busque a Deus por ambição pessoal e isso
causa-lhes frustração e desejo de romper com a caminhada e desistir de tudo,
inclusive de Deus. É preciso que busquemos ao Mestre pelos motivos certos: sua
grandeza, glória, salvação e Reino. A parte disso, viverás frustrado e vais
abandonar a carreira.
Vigie. Judas deixou-se ser dominado,
influenciado e tomado pelo maligno, pois não estava em constante comunhão com o
Mestre e em oração. Foi presa fácil, alvo fácil para satanás. Lembremos de que
ele não precisou deformar o rosto ou a voz, nem mesmo cair no chão contorcendo
seu corpo quando estava endemoninhado. Apenas ausentou-se da mesa de Cristo e
foi vende-Lo como escravo e traí-Lo. Você pode estar deixando satanás manipular
seu coração e sua vida, sem se dar conta. Vigie e ore!
Faça como o poeta e incentive-se e também aos
irmãos na fé quanto a “Vigilância e
Oração”
e ore ao Senhor suplicando graça e misericórdia por sua vida e pela vida de
seus irmãos em Cristo.
1 Bem
de manhã, embora o céu sereno
Pareça um dia calmo
anunciar,
Vigia e ora: o
coração pequeno
Um temporal pode
abrigar.
Bem de manhã e sem
cessar,
Vigiar e orar!
2 Ao
meio dia, quando os sons da terra
Abafam mais de Deus a
voz de amor,
Recorre à oração,
evita a guerra,
E goza paz com o
Senhor.
3 Do
dia ao fim, após os teus lidares,
Relembra
as bênçãos do celeste amor
E
conta a Deus prazeres e pesares,
Depondo
em suas mãos a dor.
4 E sem
cessar, vigia a todo instante,
Pois o inimigo ataca
sem parar;
Só com Jesus, em
comunhão constante,
Podemos sempre
descansar.
(A.H. da Silva)
Extraído e adaptado
de MACARTHUR, JOHN. Doze homens comuns:
a experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado.
2011: São Paulo. Editora Cultura Cristã. 2ª ed.
Leituras
recomendadas: D – Mt 6.5-8Não ore como Hipócrita; S – Mt
6.24Não sirva a dois senhores; T –Mt 7.15-23Há
falsos profetas entre nós; Q – Mt 8.18-22Seguir a Jesus é um desafio; Q – Jó 42.2Nada muda os planos de Deus; S –Rm 9.19-29Deus escolhe vasos de honra e desonra;S – 1Jo 3.1-6Filhos de Deus vs Filhos do maligno.
MACARTHUR, JOHN. Doze homens comuns: a experiência das
primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. 2011: São Paulo.
Editora Cultura Cristã. 2ª ed.