Finalmente chegamos ao estudo do último dos
doze apóstolos mencionados nas listas dos evangelistas sobre os discípulos do
Senhor. Este é o mais odioso e o menos próximo do Senhor, embora ainda
pertencente ao grupo e o mais distante do Mestre no que diz respeito a toda e
qualquer característica humana. Judas nem sequer é mencionado no livro de Atos,
na lista dos apóstolos, pois sua vergonhosa história teve fim pouco antes da
morte de Jesus. Quando Lucas o cita em Atos é para deixar claro que ele
definitivamente era o filho da perdição e o filho de Satanás.
Todos os discípulos estudados até aqui servem
para nos motivar, a despeito de nossas fraquezas, a servirmos ao Senhor com
todo o nosso ser, e nos mostram como é possível que Cristo transforme pessoas
comuns, com defeitos comuns, em instrumentos extraordinários, usados tão
somente para o louvor de Seu Nome e para a glória de Seu Reino. Judas, por
outro lado, tipifica o quão vil pode ser o coração do homem quando este não se
entrega aos pés do Senhor e, definitivamente, não é tocado pela graça. Em sua história é possível percebermos que
há possibilidade de pessoas estarem com o Senhor, verem seus milagres e
realizações e ainda assim estarem apenas superficialmente com Ele, não sendo
profundamente tocados por Seu imenso poder. Judas, em sua trajetória da
história do Redentor, esteve pessoal e fisicamente próximo do salvador. Seus
ouvidos ouviram sua majestosa voz, seus olhos contemplaram sua face. Ele fora
alimentado por Jesus quando da multiplicação de pães e peixes e vislumbrou o
poder de Jesus em muitos milagres que realizara. Aquilo que o Senhor manifestou
aos doze, não excluiu Judas, exceto da ministração da Santa Ceia, mas tudo
realizou diante de seus olhos e ele fora participante. Recebeu a mesma
instrução, os mesmos estímulos, a mesma promessa, mas nunca fora transformado
pela verdade de Jesus (Jo 8.32,36). Talvez como ele, Simão, o Zelote, como
vimos no texto anterior, também tenha passado a seguir Jesus por motivos
pessoais. Mas diferente daquele, este nunca, em momento algum da caminhada,
rendeu-se ao senhorio de Jesus. Ao contrário, cometeu o mais baixo dos atos
humanos, vendendo o Senhor por míseras trinta moedas de prata. Hoje em dia,
alguns ainda o vendem, mas por um valor bem maior do que este[3].
Por outro lado, a história de Judas nos
mostra claramente a soberania do nosso Deus e nos revela o mistério da relação
desta com a responsabilidade humana. Judas, o traidor – como todos os
evangelhos fazem questão de mencionar ao citá-lo – foi uma peça fundamental
para cumprir o eterno propósito do Senhor Deus (Sl 41.9), mas era responsável
por seu – odioso – ato de violência contra o Senhor dos senhores (Mt 26.24).
Nesse aspecto, a CFW ajuda-nos a entender essa relação ao declarar:
Desde toda eternidade e pelo
mui sábio e santo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre e
inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do
pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a
contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.[4]
Deus se utiliza das circunstâncias para
estabelecer e cumprir seus planos, não sendo o autor do mal, o que torna o
homem inteiramente responsável por ele, mas isso não cria um problema ao
Senhor. Ele soberanamente orquestra e
conduz todas as coisas. Afinal, o Senhor “tudo
pode e nenhum dos seus planos podem ser frustrados” (Jó 42.2).
Vejamos, agora, todas as informações que as
Escrituras nos trazem sobre Judas:
1 – SEU NOME
Judas era um nome comum, como já salientado no
texto anterior, quando falamos de Judas Lebeu Tadeu. Seu nome é outra forma
para o nome “Judá”, que significa “YWHW Conduz”, indicando que, provavelmente,
ao nascer, seus pais esperassem que ele fosse conduzido por Deus.
Diferentemente do que pensamos, a informação
que vem adicionado ao seu nome não é seu sobrenome, mas sua identificação.
Iscariotes é derivado do termo hebraico “ish”
(homem) e “Queriote”, nome da cidade
de que ele veio. Esse nome então, Iscariotes, significava “Homem de Queriote”.
Queriote–Hezrom (Cf Js 15.25) era uma cidade ao sul da Judeia, o que confere a
Judas, o posto de ser o único dos discípulos que não eram da Galiléia[5].
Diferentemente dos demais discípulos que já
se conheciam porque eram irmãos, amigos ou colegas de trabalho, Judas era uma
figura solitária, sombria, que não conhecia os demais, vindo de longe e passou
a pertencer ao grupo mais íntimo de apóstolos.
Havia pouca familiaridade entre os discípulos
e Judas. Isso favoreceu os desígnios do coração corrupto dele. Como desconheciam
sua família, sua origem e os costumes, seria fácil de agir hipocritamente e
dissimular entre seus companheiros. E conseguiu enganá-los. Tanto que chegou ao
posto de tesoureiro do grupo e usou essa
função para roubar dinheiro dos seus amigos (Jo 12.6).
Sua hipocrisia e fingimento eram tão
convincentes que, quando Jesus predisse que um deles trairia O trairia, nenhum
houve que levantasse suspeitas sobre Judas (Mt 26.22-23). Nem quando o Mestre
disse que seria quem metesse a mão com Ele no pão, e tendo Judas feito isso,
não houve quem sequer pudesse supor que aquele era, de fato, o filho da
perdição.
2 – SEU CHAMADO
Nenhum dos evangelhos relata como se deu o
chamado de Judas. Assim como os demais discípulos que formam seu grupo, apenas
temos o registro de seu nome nas listas e, se não fosse pela traição e ambição
de seu coração, talvez também não houvesse nenhum registro de palavra sua sendo
transcrita.
Ao que tudo indica, ele seguiu a Jesus de
maneira espontânea, sem nenhum chamado especial ou diferente, como fora o caso
dos irmãos Pedro e André, ou como Filipe e Natanael. Ele ouvira falar do
Messias, era um profundo conhecedor do AT e por isso, ao se deparar com Jesus,
estava convencido de que aquele era de fato o Messias prometido. Quando os
discípulos de Jesus começaram a abandoná-Lo por sua pregação (Jo 6.66-71),
Judas permaneceu com seu grupo dos doze. Ele também havia abandonado tudo o que
fazia para seguir a Jesus, como os demais. Possivelmente ele fosse um jovem
zeloso que esperava a redenção civil de Israel, como Simão, o zelote, antes da
conversão. Mas, diferente daquele, este permaneceu com seu coração ainda preso
a este pensamento, o que lhe causou um descontentamento com a figura do Messias
que havia em sua frente e o movendo a traí-Lo. Judas escolheu seguir a Jesus,
mas jamais o recebeu de fato.
Quando observamos a situação da escolha de
Judas como um dos doze, fica clara a relação entre a soberania de Deus e a
responsabilidade humana. De fato, como todos os demais discípulos, Judas
“escolheu” seguir a Jesus de “livre espontânea vontade”. Mas, assim como os
demais, Judas também fora, antes de tudo, escolhido por Jesus (Jo 15.16). Os
demais, para a glória do Cordeiro de Deus, este para a vergonha. Aqueles para a
honra, este para a desonra (Rm 9.19-29).
Jesus também havia escolhido Judas, mas para
cumprir as profecias sobre a traição (Sl 49.9; Jo 13.18; Sl 55.12-14; Zc
11.12-13; Mt 27.9-10). Jesus o escolhera para ser o traidor, mas Judas traiu a
Jesus por livre e espontânea vontade de seu coração, por isso é o traidor e
unicamente responsável pelo seu próprio pecado. Por isso, em momento algum
Judas foi coagido a agir como agiu, mas o fez porque quis e escolheu agir.
Traiu sem nenhuma ação sobrenatural movendo-o a isso, apenas pelo desejo e
cobiça do próprio coração. Isso é algo que sempre vai martelar nossa limitada
consciência e lógica. Mas a história de Judas mostra a relação constante entre
uma e outra verdade.
Humanamente falando, Judas teve tantas
oportunidades de mudança e abandono de pecados como qualquer outro discípulo de
Jesus teve. Ouvira as lições dos santos lábios do Senhor, presenciou seu poder
e a feitura de milagres como qualquer um dos demais e ainda escutou os apelos
do Mestre para mudança de vida, em todos os momentos em que as Escrituras
narram. MacArthur nos ajuda, dizendo:
Muitas dessas lições
se aplicavam diretamente a ele [Judas]: a parábola do administrador infiel (Lc
16.1-13); a mensagem sobre a veste nupcial (Mt 22.11-14); e as pregações de
Jesus contra o amor ao dinheiro (Mt 6.19-34), contra a ganância (Lc 13.13-21) e
contra o orgulho (Mt 23.1-12). Jesus chegou a dizer explicitamente para os
doze: “Um de vós é o diabo” (Jo 6.70). Ele os acautelou com um ai sobre a
pessoa que o traísse (Mt 26.24)[6].
Mas nada disso adiantou. Em momento algum
Judas abandonou a farsa ou foi tocado pelas palavras do Mestre[7].
3 – SUA DESILUSÃO
Ao longo da caminhada com Jesus, e depois de
ouvi-Lo tanto em seus ensinos, Judas fora completamente desiludido com a figura
que esperava do Redentor de Israel. É bem possível que os demais iniciaram sua
caminhada com a mesma visão a respeito do Messias, haja vista que eles
conheciam as profecias a respeito do Rei de Israel, descendente de Davi, que
assentar-se-ia sobre o trono. Mas, enquanto os demais abandonaram essa ideia e
creram em Jesus, Judas permaneceu com o ideal messiânico em sua mente e isso o
impediu de ver além do que seus olhos viam e, como Simeão, enxergar a redenção
de Israel (Lc 2.25-35). Ele apegou-se a imagem que construíra a respeito do
Messias e, vendo que a pregação de Jesus não os movia a uma libertação do
império romano, mas sim a uma libertação da religiosidade judaica, seu coração
se entristeceu muito.
Os poucos momentos em que os evangelhos fazem
menção de Judas, sugere o aumento da amargura em seu coração. A cada dia que se
passava ele estava mais e mais decepcionado com a pregação de Jesus por não
satisfazer suas ambições pessoais. Judas “continuava
incrédulo, impenitente e irregenerado”[8]. Ao passo que, quanto mais
sua desilusão crescia, mais seu rancor aparecia e isso se tornou em ódio e
obstinação para matar o Messias, o que o levou à traição, pois Jesus o havia
levado a gastar cerca de dois anos ouvindo-O para, finalmente, não atender em
nada suas expectativas. Judas, então, tornou-se o monstro que era por dentro,
quando seus pensamentos culminaram na mais vil atitude de traição.
4 – SEUS PECADOS
Como já dissemos anteriormente, os demais
discípulos foram trabalhados, lapidados e transformados por Jesus no decurso de
Sua caminhada. Entretanto, Judas permaneceu de fora dessa realidade, não sendo
transformado pelo Senhor Jesus, muito embora tenha testemunhado tudo o que os
demais também testemunharam. A cada dia que passava ao lado do Mestre, a
verdadeira Luz, as trevas em seu coração eram mais e mais aparentes (Jo
3.16-21). Vejamos como cada um de seus pecados foram aflorando ao longo da
jornada:
4.1 – SUA AVAREZA
Logo depois da ressurreição de Lázaro, temos
o episódio em que uma mulher unge os pés de Jesus em Betânia. Essa era Maria, irmã
de Lázaro e de Marta. Jo 12.1-8 mostra-nos bem esse episódio.
Maria, cuja família era de posses, jogou uma
quantidade imensa de perfume nos pés de Jesus ao ungi-lo. Judas, o avarento e
hipócrita, reclama dizendo que aquela quantidade poderia ter sido vendida por
cerca de 300 denários. Um denário era o salário de um dia de trabalho de
qualquer trabalhador. Logo, descontando os sábados e feriados, 300 denários
correspondia ao salário anual dos trabalhadores em Israel. Judas reclama
dizendo que deveria ser dado aos pobres o valor da venda do perfume, Mas João
deixa claro que ele queria roubar o dinheiro, como sempre tinha o costume de
fazer. Em Mt 26.8 temos a impressão de que os demais concordaram com ele quando
reclamou, hipocritamente, falando em ajudar aos pobres. Ele havia se tornado
perito em fingir, e era convincente!
Jesus responde brandamente a Judas, mas sua
ambição alcança níveis imensos e ele, imediatamente, anda cerca de 2,5Km até
Jerusalém, onde vende à Jesus pelo valor de um escravo: Trinta moedas de prata
(Mt 26.14-16; Ex 21.32) e não mais que isso.
4.2 – SUA HIPOCRISIA
Logo após a venda de Jesus por míseras 30
moedas de prata, Judas volta e reagrupa-se aos demais. Nesse instante, começa o
longo relato de João sobre a noite em que Jesus fora traído (Jo 13.1). Nesse
evento temos o relato da lição de humildade que Jesus ensinou aos seus
discípulos, antes de animá-los com a vinda do consolador e da instituição da
Santa Ceia.
Nesse primeiro texto, em que Jesus lava aos
pés dos discípulos, vemos um contraponto de Jesus. Enquanto Judas estava certo
de traí-lo, o mestre assentou-se e lavou seus pés. Qualquer outro teria se
recusado a fazê-lo, teria esbravejado e expulsado Judas de sua presença. O
mestre, contudo, lavou seus pés assim como fizera aos demais.
Daquele momento em diante Jesus começou a
tornar claro que um deles o trairia (Jo 13.10,11,18,19,21,23-30) Mas nenhum
deles sequer desconfiou de Judas.
Note-se que Jesus apenas celebra a Santa Ceia
após a retirada de Judas. Isso porque o momento santo não pode ser feito na
presença da hipocrisia ou com satanás penetrando os corações daqueles que se
assentam diante Dele. Por isso Paulo, em 1Co 11.23-30, deixa claro que é para o
homem examinar a si mesmo antes de tomar assento à mesa do Senhor. Um momento
puro e santo não pode ser feito com pessoas hipócritas e malignas como Judas[9].
4.3 – SUA TRAIÇÃO
Após deixar o recinto onde Jesus estava,
Judas foi diretamente ao Sinédrio encontrar-se com os anciãos para descrever
que o momento oportuno havia chegado.
Judas, que alimentara seu ódio constante pelo
Senhor, agora caminhava para concluir seu ato mais vil: entregar o Santo de
Israel nas mãos de homicidas para vem seu fim! Judas conhecia a Jesus e isso
deu-lhe tempo suficiente para arquitetar a traição no monte em que Jesus
costumava ir orar. Aquela seria a ocasião perfeita e o momento perfeito para
tal ato. Enquanto Jesus instituía a Santa Ceia, Judas maquinava o momento exato
para entregá-Lo aos seus opositores que O tinham odiado e o odiariam até o fim.
Quando Jesus havia ido orar, como costumava
fazer, Judas dá cabo à sua traição e, com um beijo, ele entrega Jesus para ser
morto pelos pecadores. Naquele instante, “Judas
profanou a Páscoa. Profanou o Cordeiro de Deus. Profanou o Filho de Deus.
Profanou o lugar de oração. Traiu seu Senhor com um beijo”[10].
5 – SUA MORTE
Judas sentiu remorso pelo que fez (Mt
27.3-4). Não havia nele arrependimento, tanto que não busca perdão, mas seu ato
culmina em seu suicídio pelo que acabara de fazer.
Enquanto os demais haviam morrido por amor ao
Evangelho e à Cristo, Judas se mata pelo remorso do que fez, por não ter amado
a Jesus e por não ter sido tocado pelo Seu poder como fora os demais.
Judas não clamou por misericórdia, não clamou
por perdão e nem viu-se como faltoso diante de Deus. Seu coração agora o
cobrava por seu peso de consciência, mas não o compeliu a ir ter com o Grande
Deus Todo-Poderoso em oração, como aprendera tantas vezes com Jesus.
Atos 1.15-26 diz-nos algo mais sobre o fim de
Judas, o que não contradiz os relatos dos evangelhos. De fato, com o dinheiro
que Judas atirou aos sacerdotes pelo preço de sua traição, eles usaram para
comprar o campo em que se enforcara, o que o fazia literalmente seu dono. Judas
enforcou-se no galho duma árvore que ficava sobre uma pedra pontiaguda, o que
fez com que, ao enforcar-se, com o peso de seu corpo, caísse sobre a rocha e
fosse partido no meio, morrendo de forma horrenda e trágica. Sua morte foi a
altura de sua traição.
6 – LIÇÕES TIRADAS DA VIDA DE JUDAS
1.
Ele
foi um exemplo trágico de oportunidades desperdiçadas. Ele teve a mesma
oportunidade dos outros onze, mas não aproveitou nenhuma e nem atendeu às
lições ministradas por Jesus.
2.
Ele
é um exemplo de privilégios desperdiçados. Ele alcançou, dentre os doze, um
lugar de honra e privilégio: era o tesoureiro do grupo. Contudo, trocou a honra
que lhe fora concedida por 30 moedas de prata e pela traição. Não soube
aproveitar o lugar em que Jesus lhe colocou.
3.
Ele
é a ilustração perfeita de como amar o dinheiro pode ser desastroso (1Tm 6.10)!
Acima da sua dedicação ao Mestre estava seu apego ao dinheiro e isso
inevitavelmente o fez servir às riquezas e levou-o à morte. Ele ilustra bem o
ensino de Jesus de que é impossível servir a dois senhores.
4.
Ele
exemplifica a hipocrisia espiritual. Ele não foi o único a se voltar contra o Senhor.
Em todas as eras há pessoas das quais nosso testemunho seria de sua fidelidade
e apego ao Mestre, mas, no fundo, são ambiciosas e abandonam ao Senhor e se
voltam contra Ele, sentindo-se desfavorecidos por não terem alcançado seus
objetivos. Não desejam a vontade do Mestre, mas a perpetuação de sua própria.
5.
Judas
é a prova de que Cristo é misericordioso, pacífico, longânimo e assaz benigno.
Mesmo sabendo que era o traidor, o Mestre cuidou, exortou, ensinou e demonstrou
seu poder e amor. Definitivamente, Cristo é rico em perdoar (Is 55.7; Ef 2.4)!
6.
Ele
é a prova de que tudo quanto Deus decreta, acontece! Num primeiro momento, sua
traição poderia aparentar que os planos de Deus estavam frustrados! Jesus
estava sendo morto. Mas desde a eternidade este fato estava decretado por Deus
e o que parecia a vitória do maligno, tornou-se sua derrota eterna e a vitória
suprema do Deus Todo-Poderoso.
CONCLUSÃO
A Vida e trajetória de Judas foi uma grande
tragédia. Longe de sê-lo ao Senhor, foi uma tragédia em sua própria vida e nos
planos de satanás. Ele teve o que ninguém mais teve em termos de privilégios,
viu o que nenhum de nós viu ou ouviu fisicamente, mas fez o que havia de pior,
tornando-se semelhante – ou até pior – que aqueles que condenaram o Mestre,
bateram, escarneceram, humilharam e o crucificaram. Judas foi o pivô dessa
sessão aparente de tortura ao Senhor, mas que, na verdade, era a exposição
máxima de seu amor e misericórdia pela humanidade e a vitória do Reino de Deus
sobre o reino do maligno.
APLICAÇÃO
Caro leitor quantas importantes advertências
temos na trajetória deste discípulo! Se todos nos servem de inspiração a serem
imitados, Judas torna-se nossa mais terrível advertência e lembrete de como não
devemos ser e agir.
Aprenda a aproveitar as oportunidades que
Cristo lhe concede. É bem possível que haja pessoas há tanto tempo na Igreja,
ouvindo sobre Jesus, mas jamais foram tocados por Ele e por Sua Palavra! Ore
para que Cristo lhe dê um coração sensível para ouvir Sua terna voz e
repreensão, sempre!
Aprenda a aproveitar as funções que Cristo
lhe deu em prol do reino! E isso não tem a ver com a Igreja apenas, no que diz
respeito aos cargos. Aprenda a utilizar tudo o que o Senhor lhe deu: emprego,
família, amigos, estudos, lazer, etc., sempre em função do Reino de Cristo.
Aproveite bem essas oportunidades.
Não seja hipócrita diante de Deus. Embora as
pessoas apenas vejam a sua aparência, Cristo conhece o Seu coração. E isso não
deve ser motivo para entregar-se à apatia espiritual. Isso é motivo para que
você busque concerto diante de Deus para ser encontrado
firme, fiel e preparado no Grande Dia de Cristo!
Reavalie o que tem feito você buscar ao
Senhor. Muita gente há que ainda busque a Deus por ambição pessoal e isso
causa-lhes frustração e desejo de romper com a caminhada e desistir de tudo,
inclusive de Deus. É preciso que busquemos ao Mestre pelos motivos certos: sua
grandeza, glória, salvação e Reino. A parte disso, viverás frustrado e vais
abandonar a carreira.
Vigie. Judas deixou-se ser dominado,
influenciado e tomado pelo maligno, pois não estava em constante comunhão com o
Mestre e em oração. Foi presa fácil, alvo fácil para satanás. Lembremos de que
ele não precisou deformar o rosto ou a voz, nem mesmo cair no chão contorcendo
seu corpo quando estava endemoninhado. Apenas ausentou-se da mesa de Cristo e
foi vende-Lo como escravo e traí-Lo. Você pode estar deixando satanás manipular
seu coração e sua vida, sem se dar conta. Vigie e ore!
Faça como o poeta e incentive-se e também aos
irmãos na fé quanto a “Vigilância e
Oração[11]”
e ore ao Senhor suplicando graça e misericórdia por sua vida e pela vida de
seus irmãos em Cristo.
1 Bem
de manhã, embora o céu sereno
Pareça um dia calmo
anunciar,
Vigia e ora: o
coração pequeno
Um temporal pode
abrigar.
Bem de manhã e sem
cessar,
Vigiar e orar!
2 Ao
meio dia, quando os sons da terra
Abafam mais de Deus a
voz de amor,
Recorre à oração,
evita a guerra,
E goza paz com o
Senhor.
3 Do
dia ao fim, após os teus lidares,
Relembra
as bênçãos do celeste amor
E
conta a Deus prazeres e pesares,
Depondo
em suas mãos a dor.
4 E sem
cessar, vigia a todo instante,
Pois o inimigo ataca
sem parar;
Só com Jesus, em
comunhão constante,
Podemos sempre
descansar.
(A.H. da Silva)
[1] Extraído e adaptado
de MACARTHUR, JOHN. Doze homens comuns:
a experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado.
2011: São Paulo. Editora Cultura Cristã. 2ª ed.
[2] Leituras
recomendadas: D – Mt 6.5-8Não ore como Hipócrita; S – Mt
6.24Não sirva a dois senhores; T –Mt 7.15-23Há
falsos profetas entre nós; Q – Mt 8.18-22Seguir a Jesus é um desafio; Q – Jó 42.2Nada muda os planos de Deus; S –Rm 9.19-29Deus escolhe vasos de honra e desonra;S – 1Jo 3.1-6Filhos de Deus vs Filhos do maligno.
[3] Quando satanás encheu o coração de
Judas ele mercadejou o Senhor. Pedro, consciente disso, em sua carta, ensina
que os que mercadejam a fé serão lançados no inferno de fogo (2Pe 2). Isso não
tem a ver com o dízimo, cujo ensino e prática, é defendido pelas Escrituras (Gn
14.20; Lv27.30-32; Nm 18.21; Dt 14.22; Ml 3.8-10; Pv 3.9-10; Pv 11.24; Mc
12.41-44; At 4.32-5.11; Hb 7.1-10; 2Co 9.7). Isso tem a ver com a
comercialização da fé em todos os aspectos: venda de objetos “ungidos”,
orações, objetos sagrados e afins. O Dízimo corresponde a 10% do que se recebe.
Ademais disso, pode ser dado como oferta
voluntária e não como obrigação. Oferta por coação ou indução é a prática
igualmente condenada em 2Pe 2.
[5]MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por
Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed.
Pp 174.
[6] Ibid. Pp. 177
[7]
Ibid.
[8]
Ibid. Pp. 178
[9] Sobre essa questão, leia: http://refletindoparaavida.blogspot.com.br/2015/09/voce-esta-apto-participar-da-mesa-do.html
[10] MACARTHUR, JOHN. Doze homens comuns: a experiência das
primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. 2011: São Paulo.
Editora Cultura Cristã. 2ª ed.
Pp. 184
[11] Nº
129 do Hinário Novo Cântico, da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário