quinta-feira, 13 de agosto de 2015

156 anos de IPB: Como construiremos seu futuro?

Ontem, 12 de agosto de 2015, comemoramos os 156 anos da Igreja Presbiteriana do Brasil. Essa comemoração se dá por ser a data em que o Rev. Ashbel Green Simonton chegou ao Brasil em 1859, no estado da Guanabara (atual estado do Rio de Janeiro), onde iniciou os trabalhos de evangelização em solo brasileiro. Em 12 de Janeiro de 1862, junto de seu cunhado, rev. Alexander Blackford, organizou a primeira igreja Presbiteriana do Brasil, na rua do ouvir, 31. Anos mais tarde, e por conta do crescimento desta Igreja, mudou-se para onde é localizada a catedral Presbiteriana do Rio. Cerca de 156 anos depois, a Igreja cresceu de modo que, em 2011 quando o último senso oficial da IPB foi demonstrado, tínhamos 5.392 Igrejas organizadas, 5.015 congregações e 3.054 pontos de pregação, perfazendo um total de 13.461 localidades em que o evangelho reformado é pregado e um total de 1.011.300 membros (comungantes e não comungantes)[1]. Mas qual será o futuro dessa Igreja? E o que nós, membros dessa Igreja Nacional, temos feito a respeito para que o futuro do Brasil seja diferente do que está sendo no momento?
 Estamos numa geração terrível em todos os aspectos. E o âmbito religioso não seria diferente. A Igreja se perdeu em muitas coisas e abandonou tantas outras que tem sido, historicamente, seu legado. Não falamos de tradições eclesiais, mas sim daquilo que o evangelho, de fato, nos exorta e demonstra. Perdemos, em muitas circunstâncias, a noção da santidade de Deus e não nos comportamos com total reverência ao Senhor, pois ainda temos a ideia frívola de que do jeito que estamos, basta e que Deus deve aceitar nosso serviço e louvor, como fora nos dias de Malaquias (Ml 1.6-14). Perdemos a noção de comunhão com Deus e temos dedicado cada vez menos tempo para estarmos a sós com ele, pois nossos afazeres tomam nosso tempo de forma quase que totalitária e passamos a orar mecanicamente, rapidamente e, porque não, hipocritamente, quando oramos apenas quando estamos em momentos de culto, na congregação solene (Mt 6.5-8). Perdemos o sentido de “perseverança dos santos” e achamos que perseverar é apenas aguentar as dificuldades ou sobreviver a elas. Mas, na verdade, somos biblicamente orientados a nos alegrar nas aflições e provações (Tg 1.2-4) e isso em orações (Fp 4.6), sabendo do constante cuidado do Senhor para conosco (1Pe 5.6-7). Perdemos a noção de comunhão com o próximo, e nos tornamos cada vez mais impessoais e egoístas, esquecendo-nos das bênçãos que provém da comunhão (Sl 133), e vivendo isolados de tudo e de todos e o ambiente de “família” que vivemos se resume na entrada ou saída dos cultos em que participamos. Perdemos a noção do que é ser testemunha de Cristo e ser diferente do mundo, colocando-nos como seu inimigo e, muitas vezes, estiamos a bandeira branca da paz, fazendo a política da boa-vizinhança e nos assemelhando a ele, criando uma versão “gospel” de tudo, nos esquecendo que, ao andarmos com Deus, imediatamente nos colocamos como inimigos do mundo e não há como mudar essa verdade profética (1Jo 2.15-17). Perdemos a percepção do que significa “negar a si mesmo, tomar a cruz e seguir” a Jesus (Lc 9.23; Mc 8.34), querendo que Jesus siga-nos e satisfaça a nossa vontade em detrimento da dele. Voltamos a agir como os saduceus, que erravam por não conhecer a Deus e Sua Palavra (Mt 22.29). Mas o que fazemos para mudar essa realidade para que os próximos anos sejam tão produtivos quanto os primeiros?
Nós não podemos permanecer como uma igreja parada no tempo, vivendo do passado, mas sem perspectiva de futuro e sem carregar o legado da Palavra de Deus de forma viva e eficaz. Embora muito se tenha feito no passado, precisamos de uma profunda transformação do pensamento, à Luz das Escrituras, para que mudemos a triste realidade no presente e tenhamos um futuro tão grandioso quanto o passado. É claro que levamos em consideração a soberania de Deus em conduzir os rumos da sua Igreja e sabemos que profeticamente, a Bíblia nos informa da frieza dos últimos dias, principalmente dentro da comunidade dos fiéis, afim de que o remanescente fiel se manifeste. Mas isso não tira a nossa responsabilidade em mudar nosso comportamento e nos voltarmos ao Senhor para ouvir a sua voz. Ao contrário, aumenta, e muito, a nossa tarefa de sermos o sal e a luz desse mundo, imerso nas trevas (Mt 5.13-16; 1Jo 5.19). Para que esse legado seja levado adiante e a Igreja do Senhor possa continuar produzindo muitos frutos como tem produzido, historicamente, ao longo dos últimos 156 anos, é preciso que deixemos de ser apenas cristãos teóricos das Escrituras e, com base na nossa boa e saudável teologia reformada, vivamos as verdades do evangelho de modo prático (Tg 1.23-25).
Completamos 156 anos de Igreja Nacional. Mas o que você e eu faremos com essa história para o futuro? Que legado deixaremos? Tudo isso começou porque um homem ouviu e atendeu a voz do Salvador. Talvez nenhum de nós plantemos uma igreja nacional, nem sequer plantemos uma Igreja individualmente. Mas temos o privilégio, por graça, de sermos usados por Deus para sedimentar as bases doutrinárias da Igreja para a próxima geração. E não podemos nos deixar levar pelos ventos de doutrina e nos enganar com as heresias que surgem a todo instante. Precisamos estar firmes na Pedra Angular (1Pe 2.1-8), Cristo Jesus, para que nossa firmeza atravesse gerações, como foi o caso da firmeza dos reformadores do século XVI, Simonton, José Manoel da Conceição, Boanerges Ribeiro e tantos outros homens, instrumentos de Deus, para a propagação do evangelho Santo. Ergamos o nosso Pendão Real e levemos adiante essa história!

Um pendão real vos entregou o Rei
A vós soldados seus!
Corajosos, pois, em tudo o defendei,
Marchando para os céus.

Com Valor! Sem temor!
Por Cristo prontos a sofrer,
Bem alto erguei o seu pendão
Firmes, sempre, até morrer!

Eis formado já terríveis batalhões
Do grande usurpador!
Revelai-vos hoje bravos campeões!
Avante, sem temor!

Quem receio sente no seu coração
E fraco se mostrar,
Não receberá o eterno galardão
Que Cristo tem pra dar!

Pois sejamos todos a Jesus fiéis
E a seu real pendão!
Os que da vitória colhem os lauréis
Com ele reinarão.
                                                      (D. W. Whittle – H. M. Wrigth)