terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O que é o Natal?

Chegamos a uma época do ano em que as pessoas mais gostam de celebrar. Independente da cosmovisão religiosa, as pessoas de todos os credos, inclusive aqueles cujo credo é a falta de um, celebram esta festa que, há muito, deixou de ser apenas uma festa religiosa e se tornou uma tradição de final de ano para comemoração entre familiares, amigos, companheiros de trabalho e afins. O natal, hoje, em muitos lugares, tornou-se sinônimo de troca de presentes, comidas típicas, reuniões e o exercício da hipocrisia nos relacionamentos, em alguns contextos, onde as pessoas desejam felicidades e um dia “feliz”, mas que trabalham em todos os outros para ver a decepção, a frustração e a infelicidade daqueles em que, nesta data, desejam o bem. Mas o que, de fato, é o Natal?
Evidentemente que sabemos que Jesus não nasceu no dia 25/12 e esta data não era, originalmente, comemorado pelos apóstolos e pela igreja primitiva. Tanto o é que não vemos esses relatos no livro de Atos, tampouco vemos recomendação nas epístolas quanto ao assunto. A Enciclopédia Americana, edição de 1944, declara que “O costume do cristianismo era celebrar não o nascimento de Jesus Cristo, mas Sua morte. (A comunhão, instituída por Jesus no Novo Testamento é a comemoração de Sua morte). Isto é, a Igreja celebrava o ápice de sua salvação, quando da entrega final do cordeiro pascal para que a morte já não mais tivesse domínio sobre os eleitos de Deus, conforme o que foi prefigurado com Israel no Egito (Êx 12). A comemoração no mês de dezembro se deu, então, séculos depois dos apóstolos e da Igreja Primitiva, como nos acrescenta a Enciclopédia Americana: Em memória do nascimento de Cristo se instituiu uma festa no século quarto. No século quinto, a Igreja Ocidental deu ordem de que fosse celebrada para sempre, e no mesmo dia da antiga festividade romana em honra ao nascimento do deus Sol, já que não se conhecia a data de nascimento de Cristo”. Pelos relatos da história dos pastores no campo (Lc 2.8), e por sabermos, hoje, dos costumes judaicos da época, é bem provável que o mês certo tenha sido o mês de outubro em que Jesus nasceu.
De maneira interessante, os relatos dos evangelhos de Mateus e Lucas, que registram os detalhes do nascimento do Salvador, descrevem cenas diferentes das que estamos acostumados a ver nas celebrações natalinas. Não houve trocas de presentes, não houve banquetes, não houve aves nobres e nem outra coisas que presenciamos no Natal. Ao contrário, quando Jesus nasceu, não houve, para si, lugar nas hospedarias e o Senhor do Universo nasceu numa estrebaria, sendo posto numa manjedoura. Os primeiros visitantes a vê-lo foram os humildes pastores que contemplaram a visão da milícia celestial, subindo e descendo, proclamando que as boas novas de salvação haviam se cumprido e que o Salvador havia nascido (Lc 2.8-20). Isso nos mostra que é preciso humildade para comemorar o verdadeiro Natal e que o mesmo só faz sentido àqueles a quem o Pai revelar as Boas Novas.
Os próximos a contemplarem o Senhor foram Simeão e Ana, que, no templo, apesar da velhice, viram a salvação de Israel (Lc 2.21-38). Desse modo, Lucas nos mostra que é preciso fé para que o verdadeiro Natal faça sentido para nós. Não fé nos elementos da festa natalina, mas fé no Deus Encarnado (Jo 1.1-14), que, vindo ao mundo, ensinou-nos os preceitos do Pai, tornando-se em figura de servo (Fp 2.5-8). Cristo trouxe Luz aos que estavam nas trevas, perdidos em religiosidade fraudulenta e aos que jamais haviam contemplado a Glória de Deus e o Sol da Justiça (Ml 4.1-2; Is 9.1-7).Do oposto, esta se torna apenas mais uma data vazia e sem sentido e/ou significado.
Por fim, precisamos entender que o evangelho não pode se assemelhar à pedagogia e filosofia da libertação. O Salvador do mundo não veio apenas para ser adorado e servido pelos pobres, fracos e oprimidos, socialmente falando. Mt 2.1-19 nos mostram como ocorreu a visita dos magos, vindos do oriente, para adorar ao menino, Filho de Deus, que acabara de nascer. Estes, verdadeiramente, adoraram ao Salvador e lhe ofertaram o que havia de melhor em suas terras: ouro, incenso e mirra. Assim sendo, nos ensinam que independente de situação social, Cristo veio para alcançar o povo escolhido dentre todos os povos, sem divisão ou dissensão de classes socioeconômicas. E é apenas entendendo o verdadeiro significado do Natal que podemos dedicar ao Senhor o melhor do que possuímos, seja material ou imaterial. Nossa condição financeira não nos exime de dedicar ao Senhor Jesus o melhor do que possuímos.
Queridos, diante do que lemos, precisamos avaliar como tem sido a nossa percepção e a nossa comemoração do Natal. Não é errado que tenhamos comentos de alegrias, confraternizações, fraternidade e reciprocidade. Mas é preciso saber que, para aqueles alcançados pelas boas novas do evangelho, o Natal é mais do que meramente uma festa de confraternização. De fato, houve festa nos céus e deve haver festa na terra. Mas para celebrar o autor da salvação que, vindo ao mundo, trouxe luz àqueles que jazem nas trevas. Que neste Natal lembremo-nos dessas verdades e adoremos ao Salvador por sua compaixão e graça.