segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Tiago - O apóstolo fervoroso

(Texto Base: At 12.1-2)[1][2]
Do círculo de discípulos mais próximos de Jesus, composta pelos irmãos Pedro, André, Tiago e João, este apóstolo é o que menos temos notícias ou informações. Nunca vemos um relato de uma atitude isolada e individual dele; não temos a transcrição de nenhuma fala sua, exceto pedindo pra assentar-se à direita de Jesus, e nunca somos informados de nada a seu respeito isolado de seu irmão. A única vez em que seu nome é mencionado é quando Lucas registra a sua morte, sendo este o primeiro a morrer, o primeiro a ser martirizado, dentre os apóstolos, por causa do nome de Jesus[3]. Ele inaugurou a realidade que Jesus mencionara quando falava a respeito dos opositores destes (Mt 5.11-12).
Sabemos pouco sobre ele. Sabemos, talvez, um pouco mais sobre sua família do que sobre ele propriamente dito. Não pelo fato de sermos conhecedores do seu irmão mais novo – fato evidente considerando que os evangelhos sempre trazem seu nome à frente do seu irmão – João, mas pela informação frequente de que são “filhos de Zebedeu” (Mt 20.20; 26.37; 27.56; Mc 10.35; Lc 5.10; Jo 21.2). Isso mostra que, quem quer que tenha sido este Zebedeu, ele era altamente conhecido em seus dias. Lembremos que João conseguiu fazer com que Pedro e ele entrassem no pátio do sumo sacerdote, provavelmente pelo fato deste conhecer Zebedeu, sua família e, portanto, João e Tiago.
Tiago era um homem que certamente, por ser o mais velho que seu irmão, era o mais capacitado para liderar o grupo dos apóstolos. Talvez, isso tenha motivado seu pedido para assentar-se ao lado de Jesus (Mc 10.35-45). E qualidades para isso não lhe faltavam.

 1 – TIAGO, O APÓSTOLO INTENSO.

Sem sombra de dúvidas, ele era intenso. Apesar de pouco sabermos a seu respeito, o que sabemos nos dá condições de concluir tal aspecto sobre sua vida. Ele é listado em duas das três listas apostólicas, sempre após o nome de Pedro o que nos sugere que ele tenha sido uma espécie de vice-líder dos doze.
Tiago foi testemunha ocular e participante de privilégios que o Senhor Jesus legou não aos doze, mas apenas três dos seus discípulos. O Senhor chamou-o junto de Pedro e João para acompanha-lo quando ressuscitou a filha de Jairo (Mc 5.37); para verem a glória de Jesus no monte da transfiguração (Mt 17.1); quando, junto de André, fizeram perguntas ao Senhor no Monte das oliveiras (Mc 13.3). Além disso, ele estava no grupo que Jesus levou ao monte para orar momentos antes de ser preso e dar início ao ápice de seu ministério terreno (Mc 14.33). Assim, fica claro que Tiago viu o poder de Jesus sobre a morte, viu sua glória no monte, viu a soberania de Cristo quando este lhes respondeu mostrando o futuro e participou ativamente do sofrimento de Jesus quando este estava orando no monte suplicando a graça do pai para o momento que estava por vir.
Tanto Tiago quanto João eram intensos. Tão intensos que o Senhor lhes chamou de Boanerges, filhos do trovão. Seu temperamento em particular e seu zelo, lembra a Jeú, conhecido por guiar sua carruagem em alta velocidade (2Rs 9.20). Jeú, em certa ocasião, disse: “venham comigo e vejam o meu zelo pelo Senhor” e destruiu a casa de Acabe, aniquilando o culto à Baal. Mas seu orgulho era tamanho e seu egoísmo o levaram à ambições mundanas, sanguinárias e cruéis, marcando seu trágico fim (2Rs 10.31). É possível que o Zelo excessivo de Tiago, misturado com tendências ambiciosas, o tenha tornado semelhante a Jeú. Mas Deus, em sua graça, encontrou-o e trabalhou em sua intensidade.

2 – O ZELO DE TIAGO.

Claro que existe lugar na liderança para pessoas como Tiago. Diferentemente de André que era responsável por levar pessoas até Jesus, Tiago desejava poder de pedir fogo dos céus para destruir vilas inteiras por não suportar ver a maldade e o que era injusto. Isso explica o porquê ele é o primeiro a ser morto, como mártir, pelas mãos de Herodes. Isso sugere, segundo MacArthur, “que ele não era um homem passivo e sutil, mas, sim, que era parte de sua personalidade causar agitação, de modo que fez inimigos mortais com grande rapidez[4]”.
Trabalhado por Cristo, não há nada de errado em ser franco, intenso e impaciente com a prática do mal. Tiago não foi o primeiro a ter tais características e certamente não será o último. Elias foi assim (desafiou os profetas de Baal, pediu a Deus para suspender as chuvas e também para que chovesse fogo do céu e consumisse os idolatras), Neemias era semelhantemente intenso (Ne 13.25). João Batista não ficou atrás. Tanto que fora morto porque denunciava o pecado de Herodias (Mc 6.17-29).
O próprio Jesus foi intenso em seu zelo, embora não foi tendencioso e nem pecaminoso como muitas vezes o zelo dos homens é. Ele mesmo fez um chicote e expulsou os comerciantes de dentro do templo, fazendo os discípulos lembrarem do zelo que deveriam ter pela “casa” de Deus (Jo 2.17; Sl 69.9). Foi vendo o exemplo do Senhor que Tiago, provavelmente, foi alimentado por este zelo intenso que tinha.
O Zelo de Tiago era uma virtude. Mas houve momentos em que se tornou um problema, pois deixou de ser acompanhado de justiça e sensibilidade. E o resultado disso era um sentimento cruel, manifestado pela falta de misericórdia que ele demonstrava em certas ocasiões. Nelas, ficava evidente seu olhar altivo e a soberba do seu coração, sendo justamente o que as Escrituras descrevem como sendo o oposto do comportamento cristão certo (Sl 131.1). Vejamos algumas circunstâncias em que este zelo foi desastroso:
2.1 – FOGO DO CÉU.
Lucas relata o primeiro episódio em que o zelo excessivo de Tiago, junto de João, fora um problema. Lc 9.51-56 mostra o momento em que Jesus estava decidido a ir pra Jerusalém, caminhando para os momentos finais de seu ministério terreno. O Caminho mais curto era por Samaria, cidade de um povo inimigo dos judeus desde a divisão dos reinos, ficando Samaria como capital de Israel no reino do norte. Mesmo assim, era a rota mais curta. Muitos judeus, para não passarem por lá, preferiam andar vários quilômetros a mais só para evitar entrar nesta cidade enquanto rumavam para Jerusalém. Isso porque os samaritanos eram uma raça de israelitas mestiços.
Quando Israel fora conquistada pelos assírios, os mais influentes foram levados ao cativeiro e a terra foi “invadida” por pagãos que conduziram suas vidas em Israel, casando-se com os israelitas – pobres – que permaneceram na terra. Quando eles não prosperaram por não temer ao Senhor, o rei da Assíria fez com que um dos sacerdotes voltasse para lá e ensinasse o povo a temer ao Senhor (2Rs 17.28). O resultado disso foi o sincretismo em que elementos do culto judeu foi “modernizado” e misturado a elementos dos cultos pagãos. Como resultado disso, no monte Gerizim, eles construíram seu próprio templo com a finalidade de adorar ao Senhor, do seu jeito. Por isso é que a mulher samaritana pergunta ao Senhor Jesus onde deveriam adorar: em Jerusalém ou no monte (Jo 4.20). Os samaritanos odiavam os judeus e os judeus odiavam os samaritanos por causa de seus sistemas religiosos.
Jesus sabia disso. Mas em momento algum isso o impediu de oferecer água da vida à mulher samaritana ou de evangelizar no vilarejo em que ela morava (Jo 4), nem de tornar um samaritano a personagem principal de uma das mais famosas parábolas que contou (Lc 10.30-37) ou mesmo de ordenar que o evangelho da Graça fosse pregado ali (At 1.8). Contudo, diante da proposital hostilidade dos samaritanos quanto ao pedido de Jesus nesse episódio, fez com que Tiago e seu irmão, movidos por um zelo extremista, perguntassem ao Senhor: “queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?” (Lc 9.54). Eles falam isso em referência a um acontecimento que esta região já havia presenciado nos dias do profeta Elias.
Depois da morte de Acabe, Acazias, seu filho, assumiu o seu lugar no trono. Jezabel ainda era viva e ainda influenciava malignamente o reinado de seu filho. Certa feita, Acazias (1Rs 22.52-54; 2Rs 1.1-8) sofreu um acidente que o deixou gravemente ferido. Com isso, ele mandou alguns de seus homens consultarem a Baal-Zebute[5], deus do estrume, representado por moscas, para saber se seria salvo desse mal que se abateu sobre ele. Quando estavam a caminho do encontro com Baal-Zebute, encontram-se com o profeta Elias, a quem o SENHOR havia mandado intercepta-los. Quando o profeta encontrou aos homens enviados do rei Acazias, o profeta foi usado por Deus e anunciou a morte do rei.
Acazias, após averiguar que se tratava de Elias, manda outra turba de homens ir novamente ter com o profeta e Elias ordenou que caísse fogo do céu e consumisse aos homens do rei. Este fato se repetiu por mais duas vezes até que o profeta, a mando do SENHOR, falou diretamente ao rei decretando sua morte, o que de fato ocorreu.
Quando os irmãos Boanerges passaram naquela cidade, diante da obstinada recusa dos samaritanos em recebe-los, acharam-se no direito de exercer a mesma função que Elias, já que aquele era o local exato em que tais fatos ocorreram. E, num primeiro momento, pode parecer que estavam certos, mas, de fato, não estavam.
A arrogância deles ficou em evidência. Em momento algum eles perguntam se Cristo queria que caísse fogo do céu, mas sim se Cristo queria que eles mandassem cair fogo do céu. Acharam que o poder estaria neles para tal fato. O SENHOR do universo, criador de todas as coisas, não teria poder para fazer fogo cair do céu se quisesse? Contudo, aqueles dois esqueceram-se disso e, em seu zelo exacerbado, quiseram ser maiores que Jesus. Isso mostra-nos a ocasião em que o zelo não significa q Deus aprova nossos atos e posturas. Mostra-nos que é possível sermos equivocadamente e pecaminosamente zelosos ainda que com a obra do SENHOR, quando a razão última para tal zelo não é a obra, mas nossas vontades, caprichos e achismos.
Além disso, a missão de Jesus era diferente da de Elias. Elias foi usado para trazer juízo aos reinos de Israel. Jesus estava num mundo já condenado pelo pecado para trazer salvação aos homens. E essa foi sua resposta aos irmãos. Tanto quanto zelo é preciso misericórdia (Mt 9.13). Muitos, como Tiago, são tão zelosos em defender a causa e a honra de Cristo – e estão certos em fazê-lo – e esquecem de ser igualmente mansos e misericordiosos.
2.2 – TRONOS NO REINO.
Outro ponto que deixa escapar uma das características de Tiago é o pedido deles e de sua mãe para Jesus. Mt 20.20-24 e Mc 10. 35-45 relatam o mesmo fato, um afirmando que foi um pedido da mãe deles, o outro afirmando ser um pedido direto deles. A conclusão dos relatos é que eles trouxeram sua mãe para fazer um pedido a Jesus, do qual eles também comungavam: assentar-se ao Seu lado quando da manifestação do Seu reino.
Jesus, em Mt 19.28, já havia afirmado que seus primeiros discípulos assentar-se-iam em tronos. Mas, diante do zelo e da necessidade de reconhecimento deste, o lugar igualitário entre todos não lhes satisfazia. Ainda estavam em busca de um lugar diferente, de destaque. Isso foi o que motivou aquele pedido. Eles já pertenciam aos doze seguidores de Cristo. Eles já pertenciam, dentre os doze, ao grupo que Lhe era mais próximo. Eles tiveram experiências ainda mais profundas quando dos milagres que Jesus permitiu que apenas estes poucos dentre os doze lhe acompanhassem e presenciassem tais feitos. Motivos que os destacasse dos demais, a seus olhos, era o que não faltava. Então, se eram destacados aqui na terra, porque não se destacarem no reino vindouro assentando-se em lugares diferentes dos demais?
O Pensamento era assimilado e, ao que parecesse, incentivado pela mãe de ambos, já que ela fora à presença do Senhor rogar que tais e tais coisas ocorressem.
Em resposta ao pedido, Cristo não lhes prometera o lugar de destaque, mas lembrou do cálice que lhe estava destinado e que eles não podiam beber. É evidente que o cálice não era o cálice da Ira de Deus, descrita em apocalipse. Mas tratava-se do cálice do sofrimento que, dias depois, foi derramado sobre Jesus. Tiago e João, voluntariamente, oferecem-se para beber desse cálice de sofrimento. Cristo, então consente em tomarem desse cálice, mas deixa claro que não fazia parte do acordado o assentar-se ao Seu lado.
Beberam desse cálice. Enquanto desejava uma coroa de Glória, Tiago recebeu um cálice de sofrimento. Enquanto desejava poder, recebeu serviço; desejou lugar de destaque, recebeu o tumulo de um mártir. Desejava ser o principal, e foi o primeiro a ocupar o lugar de mártir e encontrar-se com Cristo. De fato, foi o primeiro. Não como pensava ou gostaria, mas como de fato era possível.

3 – O CÁLICE DE SOFRIMENTO: SUA MORTE.

A morte de Tiago é registrada em atos 12.1-3. Esse, como já dito, é o único registro em que seu nome é apresentado desacompanhado do de João. Aquilo para o qual se ofereceu, de fato, aconteceu. Ele bebeu do cálice de sofrimento como Cristo bebeu. E morreu da forma como o Senhor descrevera que ocorreria aos seus seguidores diante de um mundo ímpio como resposta à pregação genuína do evangelho.
A pregação da cruz era algo que causava desconforto na dinastia herodiana. O Herodes que mandou matar Tiago não era o mesmo que matou João Batista ou consentiu na morte de Jesus. Contudo, a mensagem da morte de Jesus era acompanhada da informação de que ele fora condenado depois de padecer nas mãos de Herodes e de Pôncio-Pilatos. O relato dos evangelhos quanto ao nascimento de Jesus, conforme registrado em Mt 2.1-12, também menciona a dinastia dos Herodes como perseguidora de Jesus, desde a sua infância. Portanto, a pregação dos apóstolos desafiava diretamente a eles. Além disso, contavam com o ódio por parte dos principais líderes religiosos e dos judeus daqueles dias. Por isso, quando passou a espada sob Tiago – o que deixa evidente de que ele fora decapitado – agradou tanto ao povo quanto a si mesmo. É possível que Pedro e Tiago fossem os mais diretos na pregação naqueles dias, falando contra a religião e causando tumulto em relação aos Herodes.
Depois desse evento, Pedro fora preso e liberto miraculosamente pelo Senhor. Herodes mandou matar os guardas responsáveis em guardar a prisão de Pedro, depois que este fora liberto. Dias depois, o Senhor manifestou seu juízo contra Herodes, matando-o comido por vermes pelo que fez e por não dar glória de Deus, tomando a glória pra si mesmo (At 12.20-23).

CONCLUSÃO

Tiago aprendeu a controlar sua intensidade e usa-la do modo correto. Ele foi trabalhado e lapidado por Jesus em todos os eventos que participou, culminando com o pentecostes. Seu zelo pelo Senhor tornou-se maior e mais evidente mas, agora, do modo correto: acompanhado pela misericórdia.
Este apóstolo aprendeu que não era necessário um lugar de destaque em vida, contanto que se “destaque” na morte por morrer em Cristo e pela firmeza em Cristo.
Ao final, Tiago controlou sua ambição e insensibilidade com a graça do Senhor. Agora, ao invés de julgar as pessoas e querer destruí-las, ele tornara-se como Pedro ou André: levava pessoas ao conhecimento de Jesus. O homem impiedoso e impaciente aprendeu, por fim, a ser longânime com os demais. Tiago, de fato, era fervoroso. E, agora, aprendeu a sê-lo do modo como o Senhor requer dos seus.

APLICAÇÃO.

Existem pessoas que são muito semelhantes a Tiago em vários aspectos. São em extremo zelosos pelo Senhor e por sua Obra e acabam sendo tão extremistas que não agem e nem falam com misericórdia aos que perdido estão ou aos que errado agem. É preciso que tais pessoas aprendam a ser misericordiosos com os que estão ao seu redor e, jamais, percam o zelo. Contudo também é necessário que ensinem outros a serem zelosos pelo Senhor.
Não obstante disso, é possível que haja pessoas como Tiago em sua ambição. Pessoas que esperam o melhor dos céus ainda nesta vida e com as concepções desta vida por trabalharem e se dedicarem pelo Senhor. Ainda encontramos pessoas que esperam coroas de glória, mas não esperam e nem querem beber o cálice do sofrimento. Mas, como Tiago, é preciso que aprendam a serem os últimos em receber o “louro das vitórias”.
Ore ao Senhor para que te faça zeloso, fervoroso e dedicado à obra tal como Tiago. Mas que este zelo e fervor sejam temperados com misericórdia. Ore ao Senhor para quebrar o teu orgulho e vaidade por ser fiel e te torne cada vez mais humilde e disposto a enfrentar a morte por Cristo. Ore para que Ele lhe conceda disposição em ser como Tiago, mas depois de transformado por Jesus. Clame por “Mais de Cristo[6]” como nas palavras do poeta:

1 Mais de Cristo eu quero ter,
Seu ensino receber,
Ter da sua compaixão
E da sua mansidão.

Mais, mais de Cristo!
Mais, mais de Cristo!
Mais do seu puro e santo amor,
Mais do bondoso Salvador.

2 Mais de Cristo eu quero ouvir,
Nos seus passos prosseguir,
Sempre perto dele andar,
Seu amor manifestar.
(E. E. Hewitt – H. M. Wright)




[1] Baseado no Livro MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed.
[2] Leituras Complementares: D – Sl 125 A firmeza dos que confiam no Senhor; S – Sl 63.1-4 A Graça de Deus é Melhor que a vida; T – Fp 1.19-26 Cristo é a Nossa Vida e esperança na morte; Q – Mc 10.35-45 O maior no reino de Cristo; Q – Fp 1.27-30 A graça do sofrimento; S –Jo 13.12-20 Sendo humilde como Jesus; S – Sl 13 Confiança em Deus.
[3] É importante notar que o primeiro discípulo a ser morto foi Judas Iscariotes. Contudo, por causa do nome de Jesus, Tiago foi o primeiro, bem como o primeiro, no ofício apostólico a passar por esta situação.
[4] MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed. Pp 85.
[5] Posteriormente é chamado de Belzebu, que nos dias do novo testamento é uma referência à Satanás (Cf.: Mt 12.22-32; Mc 3.20-30; Lc 11.14-23)
[6] Nº 135 do Hinário Novo Cântico

sábado, 3 de setembro de 2016

André - O Apóstolo das pequenas coisas.

(Texto Base: Jo 1.40-42)[1] [2]
André, o irmão de Pedro, era excepcional em todos os sentidos. Diferente de seu irmão, não era falastrão – nunca lemos relatos diretos de suas palavras em nenhum dos evangelhos nem no livro de Atos – nem agia de forma precipitada como àquele.
Ele era um membro do grupo mais íntimo entre os doze, pertencendo ao mesmo grupo que seu Pedro. Contudo, mesmo pertencendo a este grupo, ele não é incluído nos relatos de acontecimentos cruciais, como alguns dos quais são citadas as presenças de Pedro, Tiago e João (Mt 17.1; Mc 5.37; 14.33). Ainda assim, ele possuía um relacionamento íntimo com Jesus e apresentou muitas pessoas diretamente ao Mestre.
Pedro e André eram naturais de Betsaida (Jo 1.44), vila próxima de Cafarnaum, para onde foram quando já eram pescadores profissionais a fim de conduzirem seu próprio negócio[3]. Lá, moravam próximos de Tiago e João, seus possíveis amigos de infância e que também eram pescadores. Os quatro, apesar de ainda não terem encontrado a Jesus pessoalmente, eram já altamente interessados em manter uma regularidade na vida Espiritual. Prova disso é que eles viram a Jesus pessoalmente quando ainda eram discípulos de João Batista (Jo 1.35-42), no deserto. Esse, provavelmente foi o momento em que eles haviam tirado o ano sabático, previsto na Lei de Moisés, para finalidade de dedicarem-se integralmente à YHWH[4]. Apesar disso, André, era extremamente diferente de seu irmão em seus atos e em suas características pessoais.

1 – O DISCÍPULO “MENOS CONHECIDO” DE SEU GRUPO

Desse grupo mais íntimo e pessoal do Senhor Jesus, André, sem sombra de dúvidas, era o menos conhecido deles. As poucas vezes em que seu nome é citado é procedido da informação de que ele era irmão de Pedro, como se essa informação fosse a importância ou destaque que lhe era conferido.
Enquanto os demais de seu grupo tinham um destaque maior, o seu nome aparece apenas nove vezes no novo testamento (afora a listagem com o nome dos doze) e a maioria dessas vezes ele é apenas mencionado. Ele estava pronto para exercer um ministério nos bastidores, pois nenhum texto o destaca diretamente em atos e feitos que, diríamos, ter sido extraordinários. Mas isso não fê-lo menor, embora ele seja bem menos conhecido do que seu irmão. Enquanto Pedro era eloquente e falava demais, André era mais calado e apenas testemunhava. Enquanto Pedro era cheio de atitudes, André era mais quieto e seus atos eram menos chamativos aos olhos dos demais, mas era igualmente útil ao Senhor, principalmente quando, junto dos demais, herdou a missão de propalar as boas novas de salvação (At 1.8).

2 – ELE ENXERGAVA O VALOR DAS PESSOAS COMO INDÍVIDUOS.

O primeiro relato que as Escrituras fazem de André definem bem suas características pessoais, como também as características de seu ministério. Ao ouvir falar de Jesus e conhecê-lo, ele foi imediatamente à Simão, seu irmão, a fim de que este conhecesse a Jesus pessoalmente.
O evangelho de João nos mostra como foi sua conversão. Ele, junto o discípulo não identificado – a Igreja, desde os dias “dos pais da Igreja”, aceita a identificação de que o autor do evangelho e o discípulo apenas identificado como “aquele a quem Jesus amava” eram a mesma pessoa[5]. Logo, o discípulo que estava com André era o próprio João – estavam ouvindo os ensinos de João Batista, primo de Jesus a respeito do verdadeiro Messias, quando viram-no apontar ao Mestre e lhes dizer: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). No dia seguinte, João repete seu testemunho e eles vão atrás de Jesus para aprenderem Dele. Quando passam a tarde e a noite em comunhão e aprendizado com Jesus, reconhecem ser ele o verdadeiro Messias (Jo 1.29-39). A partir daquele instante, a primeira coisa que Ele fez não foi terminar as coisas de sua vida, não foi aproveitar ao máximo suas forças e apenas frequentar as reuniões onde Jesus ensinava, muito menos foi primeiro preparado teologicamente para poder ensinar. Muito menos esperou que colocassem sobre ele as mãos ou que lhe dessem algum cargo de importância entre o grupo de seguidores do Messias[6]. O texto deixa claro que, ao reconhecer que aquele homem era verdadeiramente Jesus, ele foi imediatamente chamar a Pedro e apresentou o Cristo primeiramente a seu irmão para que ele também conhecesse, reconhecesse e seguisse àquele que era o cumprimento das profecias veterotestamentárias. Essa era a marca do ministério pessoal de André.
André, a semelhança de Pedro, Tiago e João, também fora chamado por Jesus para ser pescador de homens (Lc 5.1-11). E ele dedicou-se integralmente para cumprir com esse chamado longe dos holofotes. Ele não levou grandes multidões duma vez ao pleno conhecimento de Cristo, como Pedro em suas pregações registradas em Atos (At 2.14-41; 3.11-26). Mas “apreciava plenamente o valor de uma alma[7]”, fosse para conhecer pessoalmente a Jesus, fosse para explorar a ajuda que cada indivíduo tinha para contribuir com a obra. Lembremos de que fora André quem apresentou um menino a Jesus com a finalidade de alimentar a multidão quando da multiplicação de pães e peixes (Jo 6.9).
André não pensava duas vezes antes de apresentar alguém a Jesus. João 12.20-22 no fala que alguns gregos ouviram falar do Mestre e quiseram conhece-lo, indo até Filipe. Isso era significativo. Mas o fato de Filipe conduzi-los até André era tão importante e surpreendente quanto. André era a pessoa certa para levar “desconhecidos” à presença de Jesus. Ele sabia como fazê-lo de modo natural e sabia que Jesus nutria interesse pessoal nessa situação específica. Ele não ficava confuso ou perdido nessas situações. Ele foi o primeiro missionário em sua casa, ao levar Pedro até Jesus e foi o primeiro missionário transcultural, pois levou os gregos, i.é., gentios ao Senhor.
Tanto Pedro quanto ele tinham ardor pela pregação da palavra e anuncio sobre o reino de Cristo. Contudo, enquanto Pedro fora chamado para as multidões, André fora chamado aos indivíduos. E isso não era menos importante. Lembremos de que foi André quem apresentou Jesus a Pedro. Portanto, todo e qualquer fruto do ministério Petrino, arrastando multidões, era, indiretamente, frutos do ardor de André. O pregador de multidões, que foi instrumento na conversão de quase 5 mil pessoas em dois discursos apenas, foi evangelizado individualmente pelo simples pregador de pequenas quantidades: André.

3 – ELE ENXERGAVA O VALOR DAS DÁDIVAS INSIGNIFICANTES.

Muitas pessoas se perdem por não conseguirem apreciar os pequenos detalhes e de não saber administrar os poucos recursos como sendo os mais preciosos nas mãos do Senhor. André era o oposto desta descrição por ser o homem que via não apenas o valor das pessoas individualmente, mas, também, por explorar os parcos recursos sabendo que, nas mãos de Cristo, se tornariam exatamente aquilo que precisavam.
No relato da multiplicação de pães e peixes registrada por João (Jo 6.1-15) temos exatamente uma situação como esta. Jesus havia se retirado para um monte a fim de orar e descansar da multidão aflita que o seguia para aprenderem de suas palavras. De algum modo não descrito nos relatos dos evangelistas, uma multidão descobriu onde ele estava e foram até ele a fim de ouvirem-no novamente. Jesus, que iria usar “pão” como ilustração do seu sermão sobre si mesmo e, também, alimentar a multidão de forma física, ordenou aos discípulos que comprassem pão. Os discípulos estavam apenas com duzentos denários, que não dava para alimentar toda aquela imensa multidão de quase cinco mil pessoas. Sabedores de que aquilo seria impossível, começam a indagar como e onde iriam, aquela altura, arrumar os pães que Jesus pedira. André foi aquele que anunciou, apesar de saber dos parcos recursos em mãos, que havia um menino de posse de cinco pães e dois peixinhos.
A ordem era clara: Eles tinham de alimentar aquela multidão. André sabia que Jesus jamais daria uma ordem daquelas sem que fosse possível torna-la real. Por isso, fez o que sabia fazer: levou o menino aos pés de Jesus para que este o conhecesse e operasse seu poder com os recursos que havia. Este discípulo havia compreendido mui claramente que poucos recursos podem tornar-se todo suficiente nas mãos do Senhor. Com aqueles cinco pães e dois peixes, a multidão fora alimentara e ainda sobraram. Ele aprendeu que não importa a quantidade existente, mas sim o desejo de servir ao Senhor com o melhor do que se possui e o Senhor opera maravilhas com esses recursos. Nenhuma dádiva é insignificante nas mãos de Deus.
Jesus ensinou essa realidade aos discípulos quando falou da oferta da viúva pobre. Jesus não necessitava de nenhum daqueles elementos para manifestar seu poder ou para alimentar aquela multidão. No Antigo testamento[8], o Senhor já havia manifesto tal ação e poder quando fez cair maná do céu para alimentar o povo de forma que, durante a peregrinação no deserto, jamais faltou pão (Dt 2.7), ou quando alimentou o profeta Elias e a viúva de sarepta com pouquíssimos recursos (1Rs 17.8-16). Fazê-lo naquele instante o mesmo feito, lhe era fácil. Mas o Senhor “toma as dádivas sacrificiais e insignificantes das pessoas que contribuem fielmente e as multiplica[9]” e delas ou com elas faz coisas extraordinárias.

4 – ELE ENXERGAVA O VALOR DO SERVIÇO DISCRETO.

Como já dito, André não ficava em evidência, nos holofotes, como seu irmão Pedro. Diferente deste e de seus amigos Tiago e João, André não fazia questão de estar em evidência e nem ficava preso em discussões vazias como quem seria o primeiro, mais importante ou quem se assentaria ao lodo de Jesus quando da manifestação de Seu Reino. As passagens neotestamentárias que o destacam, sempre dizem que ele estava levando alguém até Jesus. E, para ele, isso era o mais importante.
Longe de qualquer pretensão de sua parte, ele nunca quis ficar em evidência. Atos, que conta a história dos apóstolos depois da ascensão de Jesus, não o cita, exceto quando antes do pentecostes. Não há nenhuma carta escrita por ele, nenhuma igreja diretamente fundada por ele da qual tenhamos ciência. Mas isso não diminuiu o Seu valor diante de Deus.
Tanto quanto seu irmão Pedro, foi um homem usado por Deus e um privilegiado: Foi o primeiro a ouvir o testemunho de João Batista sobre Jesus; foi o primeiro a seguir o Cristo; foi o primeiro a levar alguém até Jesus; fez parte do grupo mais íntimo do Salvador; seu nome, assim como os demais, será gravado nas fundações da cidade santa. Seu serviço pouco visto o tornou o que, de fato, ele era: um instrumento usado pelo Senhor.

5 – SUA MORTE.

Conta-nos a história de que ele morreu, como os seus companheiros, perseguido por causa do nome do Senhor. A Tradição nos conta que ele foi pregar o evangelho no norte (por isso é o padroeiro da Escócia e esse país leva a cruz que recebeu seu nome, como símbolo de sua bandeira). Lá, pregou para a esposa de um governador provincial romano que exigiu o abandono fé que, agora, ela professava. Ao recusar fazê-lo, seu esposo ordenou a morte de André.
Como prêmio por sua fidelidade ao Senhor, teve o privilégio de padecer e morrer por Cristo. Conta-nos a história de que ele foi levado a uma cruz em forma de “x” e lá ficou pendurado durante dois dias, pois não foi pregado e sim amarrado a ela para que sofresse mais, como castigo do imperador por pregar a fé em Jesus.
Seus seguidores da época, segundo Eusébio, grande historiador cristão da antiguidade, relataram que ele não temeu a morte, nem titubeou diante dela. Ao contrário, contaram que quando ele a viu, disse: “Muito desejei e esperei por esta hora. A cruz foi consagrada pelo corpo de Cristo pendurado nela[10]”. Preso a ela, enquanto ainda não havia expirado, continuou pregando o arrependimento e a fé em Jesus para a salvação, aos seus algozes e a todos quantos o viram e ouviram. Como em vida, sendo participante das ações de Cristo, na morte foi participante de seu sofrimento para, na ressurreição, ser participante de Sua glória.

CONCLUSÃO

André foi um discípulo peculiar. Não estava preocupado em arrastar grandes multidões ou em fazer coisas grandiosas. Sua preocupação era levar pessoas, o máximo que pudesse pregando individualmente, ao conhecimento do Redentor. Tinha plena consciência daquilo que Paulo exortara, anos depois, a Igreja de Corinto ao lembrar que “no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1Co 15.58). Ele não precisava aparecer, desde que a glória de Cristo aparecesse.
Ele também não se preocupava com os recursos. Aprendeu que não poderia se guiar pelas probabilidades ou pelo o que seus olhos podiam ver. Na prática, fez o mesmo que Habacuque ao confiar em Deus mesmo contra as possibilidades diante de seus olhos (Hc 3.17-19). Se Deus manifestasse o Seu poder, tudo seria possível (Lc 1.37).

APLICAÇÃO.

Existem pessoas que não gostam de estar na linha de frente e agem muito bem pelos bastidores. Porém, existem pessoas que ainda são guiadas pelo – maligno – desejo pelos holofotes e que só dedicam-se ao trabalho se seus nomes estiverem em evidência e se forem destacadas de alguma forma. A lição de hoje nos ensina que a importância está no trabalho e não na quantidade ou no destaque dele.
Existem pessoas que não ficam em evidência nunca e que, talvez, jamais ouçamos falar a seu respeito. Existem pregadores que são fiéis ao Senhor e não ganham fama nacional ou mesmo local. E esses são tão importantes quanto os que estão diante da multidão. Tão importante quanto pregar à quase cinco mil pessoas, foi pregar apenas para uma que se tornou um grande instrumento para a conversão de muitos.
Também aprendemos que pessoas de visão são aquelas que enxergam o poder de Deus em tudo e que não limitam a ação de Deus às circunstâncias. Talvez Deus não o (a) tenha chamado para uma obra de destaque. Talvez nem você o queira. Mas Deus pode usá-lo para grandes coisas, sem que você ganhe os louros da vitória. Como André, preocupe-se em levar pessoas a Jesus, ao invés de preocupar-se em aparecer diante das pessoas a quem Jesus coloca em sua frente.
Seja missionário de almas e não de multidões. Ore para que Deus lhe dê este ardor e dedicação para ocupar esta função. Talvez você não se veja pregando diante da Igreja para dezenas de pessoas, mas pode levar um amigo ou familiar a conhecer e reconhecer a necessidade que tem de Jesus. Dificilmente, hoje em dia, encontraremos pessoas que entram na Igreja e se convertem diretamente por pregações a multidões. Na maioria das vezes as pessoas vão à igreja por indicação ou convite de amigos e são, por elas, apresentadas a Jesus. Que tal lançar o desafio de apresentar um de seus amigos ou familiares ao Senhor do Universo? Que Deus lhe use tanto quanto usou a André nesse mister. Medite na letra do poeta e torne as palavras deste as suas, clamando para que participes da “Colheita Bendita[11]” e coloque-se à disposição do Senhor em Sua seara:

1 Ceifeiros somos nós, fiéis,
Ceifando para o Rei dos reis
Os frutos prontos a colher
Que em derredor se estão a ver.
Assim, a Cristo, o Salvador,
Rendemos preito de louvor,
Ao nosso Mestre lá no céu,
Que sobre a cruz por nós morreu.

Vamos nós obedecer! Vamos à colheita
Para quando anoitecer ver a obra feita.
Pouco tempo restará,
Breve o prazo acabará;
Breve, breve, breve acabará!

2 Nós trabalhamos por Jesus
Que para os campos nos conduz
E na seara imensa quer
Obreiros novos receber.
Ainda há muito o que fazer
E tanto fruto que colher!
Não ouves Cristo perguntar:
“Quem quer por mim ir trabalhar?”

3 Estão as horas a fugir;
O teu Senhor não tarda em vir.
Tu queres fruto ao céu levar
Ou folhas só apresentar?
Oh! não demores a atender,
A noite em breve vai descer.
Conosco toma o teu lugar
E por Jesus vem trabalhar!
                                       (C. H. Gabriel – A. Watson)


[1] Extraído e adaptado de MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed.
[2] Leituras complementares: D – Jo 1.35-42 André é o primeiro a seguir Jesus; S – Jr 1.4-10 Deus escolhe seus servos e os capacita; T – At 1.1-14 André obedece a ordem de Jesus sem relutar; Q – Lc 5.11 Chamado para ser pescador de homens; Q – 1Co 2.1-5 A simplicidade da pregação; S – Mt 5.11-12 Bem-aventurança na Perseguição; S – Mt 10.34-39 Quem perder a vida por Cristo, encontrá-la-á.
[3] Ibid. Pp 69.
[4] Leia-se Iavé
[5] CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida Nova, 1997.
[7] MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed. Pp 74.
[8] Doravante denominado de AT
[9] MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed. Pp 79.
[10] Disponível em: http://www.gotquestions.org/Portugues/morte-apostolos.html. Acessado em: 24/06/2015
[11] Nº 286 do Hinário Novo Cântico.