domingo, 11 de outubro de 2015

Presente à nossas crianças


 O dia das crianças é uma das datas que mais movimentam o comércio em nosso país. Nesse dia, a apelação comercial para que os pais satisfaçam as “necessidades” de seus filhos é imensa e imprimem na mente de nossa sociedade que presentear e atender aos anseios infantis é uma questão de prioridade. Isso está tão enraizado em nossa mentalidade que nós encontramos adultos constrangidos a dar algum presente e temendo quando, por qualquer razão, não o podem. Já as crianças estão tão convencidas da necessidade desse dia que cobram antecipadamente aos adultos o seu presente. Vivemos em uma sociedade consumista e, sem percebermos, estamos ensinando nossas crianças a crescerem com essa ideologia extremamente nociva. E os crentes não são exceção, seja na comemoração, seja na exigência do presente, seja na manutenção dessa cultura. Mas a nós, crentes, surge uma pergunta: qual o melhor presente para nossas crianças?
Indiscutivelmente, a raça humana está decaída. Cremos na depravação total, primeiro dos cinco pontos calvinistas, que nos mostra que não existe, como bem diz o salmista (Sl 14) e o apóstolo (Rm 3.10-12), quem faça o bem, nem quem seja justo ou bom (Mc 10.18). Segundo o apóstolo Paulo, de maneira indiscutível, “todos pecaram” e, portanto, “carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). Paulo não excetua ninguém nesse tocante. Por isso, o evangelho, presente de Deus e poder de Deus para a salvação, precisa ser anunciado a todos os homens, independente de questões sociais, políticas, religiosas ou etárias. Infelizmente, nossa sociedade está corrompida pelo pecado e embebida na doutrina romanista que defende a ideia de que haja a idade da inocência e que, todos os seres humanos, nela inseridos, não são corrompidos ou não podem ser vistos como pecadores, contrariando as palavras do salmista ao declarar que já nasceu em iniquidade (Sl 51.5), portanto, nasceu pecador. Por causa dessa visão corrompida a respeito dessa verdade bíblica, somos treinados a não nos preocuparmos tanto com o futuro eterno de nossos filhos, conquanto ainda estejam na “idade da inocência”.
Entretanto, ainda há uma outra verdade. Muitos não racionalizam essa questão como a expressamos aqui. Muitos simplesmente são displicentes nesse sentido, preocupado com suas próprias vidas espirituais e são negligentes quanto à educação religiosa dos filhos, netos, sobrinhos sob sua guarda ou influência. Estão tão relaxados que esquecem da tarefa de anunciar o evangelho da graça à todas as criaturas, inclusive às crianças. Ou, de modo igualmente nocivo, criam a geração conhecida como “Geração EBD”, pois legam importância, ou suficiência à manutenção da vida eclesiástica de seus filhos, apenas a esta atividade da Igreja. Ao não demonstrarem a importância, com seus atos, de participarem das reuniões de oração, e levar os menores sob sua influência, para participarem também, estão demonstrando que a vida de oração pode ser deixada de lado. Ao não levarem ou participarem dos estudos bíblicos, estão ensinando aos menores sob sua influência, de que isso não é importante e que não tem problema se não estudarem as Escrituras (consideremos este como caso último daquilo que estamos ensinando de fato). Infelizmente, estamos ensinando a esta geração de que o importante é apenas “estar” na Igreja no domingo e que uma vida devocional não é necessária e que a participação efetiva aos trabalhos semanais também não o são.
Diante desse pensamento e da realidade bíblica já exposta, precisamos pensar sobre a necessidade de presentear nossos filhos com o que realmente é a necessidade deles. Não têm apenas necessidade de calçados novos. Não tem apenas necessidade de roupas novas. Não tem a necessidade de brinquedos e festas diferentes nesses dias. A real necessidade deles, é a mesma de qualquer outra pessoa: A Graça e o perdão de Deus. Conquanto somos conclamados pelo mundo consumista a dar presentes que satisfazem o ego e não são a real necessidade deles, apresentemos e concedamos-lhes o presente vital de suas vidas. Apresente Jesus a elas e não apenas nesse dia, mas todos os dias, em todos os momentos e em todas as oportunidades. Não há problema e presentear nessa data. O problema é quando conferimos importância a este, em detrimento do que realmente é necessário. Levemos nossas crianças à Jesus!

Venham as Crianças[1]
1      Venham, venham as crianças
Ao Bendito Salvador.
Que na cruz, ao resgatá-las,
Revelou-lhes seu favor.
Cristo agora, cristo sempre
Nos concede seu amor.

2      Venham, venham as crianças
Pois Jesus as convidou!
Foi também por seus pecados
Que na amarga cruz penou.
Cristo agora, Cristo sempre
Com ternura nos amou.

3      Venham, venham as crianças
Ao Senhor Jesus servir!
Receber os seus conselhos,
Sua santa Lei ouvir.
Cristo agora, Cristo sempre
Quer na luz nos conduzir
(S.P. Kalley)




[1] Hino nº 363 do Hinário Novo Cântico/Igreja Presbiteriana do Brasil.