terça-feira, 7 de setembro de 2021

Independência do Brasil

 



Hoje, 07 de setembro, comemoramos 1989 anos desde que Dom Pedro, então Príncipe Regente, do Brasil, proferiu as palavras que ficaram eternizadas na história deste pais: Independência ou Morte. Este evento, a quase 2 séculos, resultou na separação do Brasil e da coroa portuguesa de forma que este, agora, teria a oportunidade de andar com as próprias pernas e se tornar uma nação independente e autônoma, combatendo os males que já perduravam desde que Pedro Alvares Cabral chegara por aqui, em 22 de Abril de 1500 d.C. Esta parte da história a maioria de nós, se não todos, sabemos. Mas o que levou a separação do Brasil de Portugal e que fez Dom Pedro proferir este brado de Independência? Vejamos um pouco do Contexto desse evento:

“O século XIX foi marcado pelo domínio do imperador francês, Napoleão Bonaparte. Esse constituiu um império europeu e as nações dessa região viam-se obrigadas a obedecer as condições estabelecidas por ele. Napoleão tinha como principal inimigo a Inglaterra. Por isso, o imperador instituiu aos países aliados que quebrassem vínculos com a nação inglesa. Diante desses aspectos, Napoleão estabeleceu o Bloqueio Continental afim de gerar impacto econômico no oponente e fortalecer a França. Obs.: o Bloqueio Continental aconteceu em 21 de novembro de 1806 e consistiu na proibição das nações sob o domínio da França de comercializarem com os ingleses. Esse acontecimento gerou o fechamento dos portos de países europeus à Inglaterra. Portugal era aliado a Inglaterra. Nesse período quem governava a nação era D. João. Esse sofreu pressões da França para que fechasse os portos para os ingleses, sob ameaça de invasão francesa. Diante desse dilema, D. João e os membros da Família Real fugiram para o Brasil. Os ingleses protegeram Portugal durante a fuga da corte para o Brasil. Porém, eles exigiram que os lusitanos adotassem algumas deliberações como o fim do pacto colonial e o acesso livre ao comércio no país.”[1] “A Família Real chegou no Brasil, no dia 22 de janeiro de 1808, em Salvador-BA. Ele cumpriu a exigência feita pelos ingleses e estabeleceu o Decreto de Abertura dos Portos do Brasil aos países amigos de Portugal.”[2]

Em 1816 a rainha Dona Maria I veio a Falecer e seu filho, Dom João, passou a reinar o Reino de Portugal, Brasil e Algarve. Em 1818 ele foi coroado rei e passou a ser chamado de Dom João VI.

Nesse período o Brasil passava por grandes revoluções separatistas, pois desde aquela época, a carga tributária era altíssima e a riqueza do país não era investida aqui, mas ficava à mercê da corte portuguesa e dos nobres e sendo levada, por meio de impostos, para Portugal. Algumas das principais revoluções separatistas foram: 1) Inconfidêcia Mineira, que em 1789 marcou a revolta dos “donos de minas, ricos comerciantes, intelectuais, pobres e militares. Eles protestavam contra os altos impostos cobrados por Portugal e pela Independência do Brasil. Os principais inconfidentes foram Álvares Maciel, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Cláudio Manoel da Costa e Silva Alvarenga. O líder dessa revolta foi Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes. “; 2) Revolta dos Alfaiates, ou conjuração baiana, “foi uma revolta ocorrida em Salvador-BA, em 1798. Além da independência do Brasil eles exigiam o fim da escravidão, uma política republicana e o livre comércio. Os líderes foram: João de Deus Nascimento, Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga, Lucas Dantas do Amorim Torres e Manoel Faustino dos Santos Lira.”

Em 1808, como resultado da aliança entre Portugal e Inglaterra, os portos brasileiros foram abertos aos aliados por decisão de Dom João e deixou de ser exclusividade portuguesa. Isso, comercialmente, melhorou a situação do Brasil. “Mudanças sensíveis aconteceram no Brasil nesse período, que ficou conhecido como Período Joanino. Essas mudanças ocorreram no campo culturaleconômico e até mesmo político.” Com esse feito dos portos, muitas outras situações melhoraram para o Brasil nesse período Joanino. “Isso era muito importante, porque, até então, os portos brasileiros estavam abertos apenas para embarcações portuguesas. A abertura desses gerou a possibilidade um leque de oportunidades econômicas que beneficiaria consideravelmente os comerciantes instalados em cidades, como o Rio de Janeiro, à época capital do Brasil.

Por meio de d. João VI, também foram tomadas medidas que permitiram a construção de universidades, teatros, bibliotecas etc. Artistas e intelectuais estrangeiros vieram para o país, e a circulação de conhecimento nele aumentou consideravelmente. Apesar disso, a situação era razoavelmente estável, com exceção de Pernambuco, que sediou a Revolução Pernambucana de 1817.” Esta revolução ocorreu como resultado da morte do brigadeiro português Manoel Joaquim Barbosa de Castro. O brigadeiro português foi morto quando estava cumprindo as ordens do governador local de prender o capitão José de Barros Lima, denunciado por participar de uma conspiração. Barros Lima reagiu à voz de prisão, o que resultou na morte de Castro. Após esse evento, a revolta espalhou-se por Recife e levou à tomada da cidade pelos revolucionários. O governador da capitania de Pernambuco abrigou-se em um forte local, o Forte do Brum, e logo embarcou para a cidade do Rio de Janeiro. Após conquista de Pernambuco, os revolucionários instalaram um Governo Provisório.

Esse Governo Provisório aprovou uma série de medidas que foram colocadas em vigor: foi proclamada a República na Capitania de Pernambuco, decretada a liberdade de imprensa e credo, instituído o princípio dos três poderes e aumentado o soldo dos soldados. Todas essas mudanças iam em direção dos ideais liberais”[3]

Entretanto, antes evento, já em 1815, Dom Pedro Elevou o Brasil do status de colônia portuguesa para parte do Reino de Portugal, fixando o nome de “Reino de Portugal, Brasil e Algarves”.

Em 1820 houve, em Portugal, a revolução dos portos. Este era o movimento dos burgueses portugueses que exigiam que a sede do reino de Portugal fosse lá e não aqui. Isso provocou a necessidade de Dom João VI retornar para Portugal e realizar diversas reformas, em 1821, sob a ameaça de deposição do trono. Este deixou em seu lugar, aqui, o Príncipe Regente Pedro de Alcantara, que passou a chamar-se Dom Pedro I. “A independência do Brasil aconteceu na medida em que a elite brasileira percebeu que o desejo dos portugueses era restabelecer os laços coloniais. Quando a relação ficou insustentável, o separatismo surgiu como opção política, e o príncipe regente acabou sendo convencido a seguir esse caminho.”[4]

Em 1822 Dom Pedro Recebe um ultimato de Portugal para retornar àquele Pais. Mas diante de sua popularidade aqui no Brasil e tendo recebido apoio do senado Brasileiro à época, em 09 de janeiro de 1822 este bradou: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”. Em Maio daquele ano ficou decidido que as decisões portuguesas só valeriam no Brasil se Dom Pedro as aprovasse. Muitos eventos e acusações foram promovidas por Portugal, e uma assembleia constituinte fora formada para promover uma constituição brasileira, reforçando a necessidade de declarar a Independência do Brasil, o que ocorrera às margens do Ipiranga, em 07 de setembro. Vale destacar a influência de José Bonifácio, conselheiro de Dom Pedro I, e de Dona Maria Leopoldina, a princesa regente. Depois disso houve reações que levaram à guerra da independência do Brasil e este teve de pagar indenização à Portugal no valor de 2 milhões de libras, fazendo o Brasil, única monarquia na américa do Sul, ao endividamento. Dom Pedro, coroado Imperador, inaugurou a fase chamada de Primeira Monarquia (1822-1831) Nesse período Dom Pedro e Evaristo da Veiga compuseram o “Hino da Independência”, cujos primeiros versos, dizem: “Já podeis, da Pátria filhos, Ver contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: Ou ficar a pátria livre Ou morrer pelo Brasil.” Este hino, após a abdicação d trono por Dom Pedro, ficou esquecido como símbolo Nacional, sendo resgatado somente em 1922, e somente em 1930, pelo ministro Gustavo Capanema, é que fora regulamentado como o temos, hoje. Em 1831 é composto o “Hino Nacional Brasileiro” e em 1890 surge o hino da “Proclamação da República”.

Nesse período de história, desde a sua independência, o Brasil passou por Monarquia, República, Ditadura e democracia, que se subdividem em diversas outras fases. Porém, em mais de 500 anos de história e em 199 de “liberdade”, o histórico do Brasil segue triste, pois quase 200 anos depois ainda contamos com a desigualdade social, dívidas externas e internas e uma briga para que, de fato, nos tornemos uma nação soberana e independente. Nosso Desejo, expresso em nossos hinos oficiais, segue sendo: “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós Das lutas na tempestade Dá que ouçamos tua voz Nós nem cremos que escravos outrora Tenha havido em tão nobre País Hoje o rubro lampejo da aurora Acha irmãos, não tiranos hostis[5]”; “Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado E diga o verde-louro dessa flâmula Paz no futuro e glória no passado Mas, se ergues da justiça a clava forte Verás que um filho teu não foge à luta Nem teme, quem te adora, a própria morte[6]”; “Os grilhões que nos forjava Da perfídia astuto ardil... Houve mão mais poderosa: Zombou deles o Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil[7].”

Aos meus irmãos cristãos, conclamo como o poeta: “Do vasto Mato Grosso Até ao Ceará, Por vilas e cidades Do Sul ao Grão Pará, Deste Evangelho santo Que nos legou Jesus, Ao povo brasileiro Levemos nós a luz![8]” Que Deus liberte o Brasil dos seus algozes e que abençoe cada Brasileiro com Sua graça e poder. Que levemos adiante a palavra do Salmista: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança.” (Sl 33.12).



[1] https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/independencia-do-brasil

[2] Ibid.

[3] https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/a-revolucao-pernambucana.htm

[4] https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/independencia-brasil-1822.htm#:~:text=A%20independ%C3%AAncia%20do%20Brasil%20foi,uma%20monarquia%20que%20tinha%20d.

[5] Hino da Proclamação da República Federativa do Brasil. Disponível em: https://www.letras.mus.br/hinos/hino-da-proclamacao-da-republica/

[6][6] Hino Nacional Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/hino.htm

[7][7] Hino da Independência do Brasil. Disponível em: https://www.letras.mus.br/hinos/hino-da-independencia/

[8] Igreja Presbiteriana do Brasil. Hino “A salvação do Brasil”. Nº 285 do Hinário Novo Cântico.

domingo, 25 de abril de 2021

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Como Combater a Ansiedade

A ansiedade tem sido um mal cada vez maior em nossa sociedade dado o clima de desespero que tem sido causado, ultimamente, pela pandemia, mas, também, pelas circunstâncias que evolvem nossa vida e nossa sociedade. Num mundo cada vez mais consumista e de busca por obter bens e status, pessoas estão desenvolvendo cada vez mais quadros de ansiedade e tendo problemas maiores em decorrência.


Veja a aula abaixo de como combater a Ansiedade

Como Combater a Ansiedade (Fp 4.6-13) 

quarta-feira, 4 de setembro de 2019


(Texto Base: At 1.6-8)[1]

Sempre que se trata sobre a função da Igreja, surgem diversas definições do que seria a responsabilidade desta. Muitas Comunidades estão tão perdidas nesta definição que sua trajetória e suas atividades não exprimem com clareza a natureza da Igreja e muito menos ensinam a verdade do evangelho. Uma má compreensão da função desta faz com que, de tempos em tempos, surjam diversas heresias que são introduzidas na pregação e vivência da Igreja, fazendo com que se afastem ainda mais de Cristo e da responsabilidade que este confiara ao Seu corpo.
Por conta das inúmeras confusões que se fazem a respeito da natureza da atividade da Igreja vemos o foco e objetivo desta se perdendo. Ao longo da história vemos este foco sendo perdido desde os dias da chamada “Igreja Primitiva”, passando pela idade média e chegando em nossos dias com ainda mais confusões ao ponto de fazer com que nós, nas palavras de Armstrong, tenhamos de nos defender não mais dos ataques à Deus feitos por outras comunidades, mas dos ataques promovidos pelas Igrejas evangélicas, como segue:
Para surpresa do cristão evangélico descuidado, ataques contra a visão clássica de Deus têm sido feitos pela principal corrente liberal há mais de um século. O que tem sido totalmente surpreendente, dos últimos dez anos para cá, é que esses ataques agora estão vindo de dentro do campo evangélico[2].
Nessa constante mudança do pensamento e confusão quanto à função da Igreja, sua pregação muda e a própria ideia de Deus e de quem Ele é, muda de tempos em tempos. É preciso, portanto, fazer uma análise do que tem sido dito ser a missão, na prática, da Igreja e o que as Escrituras dizem ser a missão desta.
Nesse texto veremos o que tem sido pregado como missão (função/finalidade) da Igreja e faremos uma reflexão bíblica desses ensinos para contrastar, ao fim dessa série, com o ensino bíblico da “Grande Comissão” (Mt 28.18-20).

1 – Curas e Milagres

Como resultado do misticismo intrínseco do ser humano, e considerando suas dificuldades típicas por conta do “estilo de vida” que comprometem a “qualidade de vida” deste, a função da Igreja tem sido confundida com os sinais que acompanham a pregação como se tais sinais fossem a conclusão e tarefa final da existência da comunidade dos fiéis. Em algumas comunidades esta é, inclusive, a visão de eficácia e termômetro da espiritualidade de tais e tais comunidades ao ponto de ser visto “com desconfiança” as comunidades que assim não procedem. Curas e milagres são não mais ocorrências que podem acontecer para a propagação do evangelho, mas tornara-se o evento que deve acontecer para que a Igreja tenha validade no campo da pregação.
Quando olhamos para as Escrituras percebemos que, de fato, o Senhor Jesus deixou claro que seus discípulos teriam autoridade para realização dalgumas coisas (Mt 10.1) e de tantas outras, desde que em nome Dele (Jo 14.12-14). A grande confusão é feita a partir do entendimento de que tudo o que for pedido “em nome de Jesus” será atendido irrestritamente e que todos àqueles que realizarem tais sinais “em nome de Jesus” estão imediatamente validados como sendo instrumentos da Graça e “verdadeiros profetas” da parte de Deus. Por conta disso, e por causa da inclinação mística do coração do homem, tais situações são vistas como evidências irrefutáveis da comunidade Espiritual e propagam tais coisas como finalidade da Igreja.
Contudo, o Senhor Jesus deixa claro, no final do Sermão do Monte, que tais coisas não seriam sinais inegáveis de Sua condução na vida de tais homens e comunidades. Quando ordena seus ouvintes a se acautelarem dos falsos profetas, Jesus descreve algo no mínimo intrigante quanto a este entendimento (Mt 7.15-23). Neste ponto do Sermão Jesus deixa claro que, no dia da manifestação final da sua segunda vinda, muitos dirão que “em nome de Jesus” profetizaram, exorcizaram e realizaram milagres (MT 7.22). Contudo o Senhor lhes dirá que jamais os conheceu (Mt 7.23). Isto é, jamais fizeram tais coisas de fato procedendo do Senhor. De forma interessante Jesus não disse que não realizaram tais coisas, mas que não o fizeram sobre o conhecimento (autorização) Dele. Fizeram-no e supostamente o fizeram em Seu nome, mas isto jamais ocorrera.
Precisamos lembrar que, no Egito, durante a execução dos primeiros sinais realizados por Moisés, os magos do Egito conseguiram repetir os mesmos (Êx 7.8-11; 20-22; 8.1-7) e que as bestas que emergem do mar e da terra far-lhe-ão também (Ap 13.2-6; 11-15). Portanto, ainda que sinais como curas e milagres acompanhem a igreja enquanto prega o evangelho, não podemos confundir esses sinais e torná-los obrigatoriamente a função e finalidade da Igreja, como sua missão.

2 – Prosperidade Material

Outra pregação que tem ganhado força nos últimos tempos é a chamada “teologia da prosperidade”. Desde os adventos filosóficos e ideológicos do Marxismo, e como consequência natural da teologia da libertação[3] que vai modificar a visão de necessidade do homem propondo que toda e qualquer beneficência que seja realizado ao homem deve ser aplicado a esta vida e mudar a realidade do homem apenas e prioritariamente nesta realidade e dos dilemas desta realidade, foi ganhando corpo a teologia que propõe como resultado último da ação de Deus não a remissão de pecados e a necessidade de um salvador, mas o enriquecimento material para “livrá-lo dos males desta vida”, ao ponto de, em algumas comunidades, ser ensinado que a pobreza é sinal de “encosto espiritual” na vida do ser humano.
Surgem aos montes Igrejas que pregam que o Cristão tem de ser financeiramente abençoado e tem leiloado as bênçãos de Deus, ao ponto de prometer mais do que Deus se comprometeu a fazer. Nas palavras de Leandro Lima:
Nunca, nas igrejas, o prazer e o sentir-se bem foram tão almejados, e todo o tipo de sensação ruim, como por exemplo, a tristeza pelo pecado, tão expurgada. O sofrimento é considerado por muitos como um grande mal que precisa ser evitado. Hoje, muitas igrejas têm a base de sua proclamação toda voltada para evitar o sofrimento e, assim, conquistam muitos adeptos. São ministérios, como disse Packer, que prometem ‘mais do que Deus se comprometeu a fazer no mundo’.[4]
E nesse intento, muitos se deixam ir e se rendem ao pensamento de que o ministério da Igreja é tão somente livrar o homem do pior mal social do presente século: a falta de recursos. Para tanto, fazem distorções das aplicações das verdades bíblicas como a questão dizimal. Usam as imprecações e a promessa relacionada à devolução do dízimo (Ml 3.10) como moeda de troca para obter o favor do Senhor. Usam a verdade de Deus e a distorcem para obter lucro e enriquecimento diante dos homens, em nome de Deus.
Na contramão dessa situação encontramos, ainda, alguns que ignoram os ensinos de Jesus quanto o amor ao dinheiro (Mt 6.19-21), as observações do Apóstolo Paulo neste mesmo assunto (1Tm 6.3-10) e a observação de que, nos últimos dias, muitos – falsos – líderes, que são avarentos, iriam mercadejar sobre a fé do povo (2Pe 2.1-3). Ainda temos o exemplo de Judas Iscariotes, homem avarento e ladrão (Jo 12. 1-6) que foi capaz de vender o Senhor por 30 moedas de prata (Mt 26.14-16), preço dos escravos no antigo testamento (ex 21.32), sendo este também o primeiro ato de Judas depois de ser possuído pelo diabo e ser retirado da “mesa da comunhão” antes de ser sacramentada a Santa Ceia (Jo 13.21-30).
Por essas razões a finalidade da Igreja não deve ser apenas a promoção da riqueza e da prosperidade tão somente nesta vida, como exorta o Apóstolo Paulo, ao ponto de chamar de “inimigo da cruz de Cristo” os que de tal forma procedem (Fp 3.17-19). A missão da Igreja não é propor enriquecimento financeiro a ninguém.

3 – Dons Espiritualizados

Outro ponto procedente da constante confusão que se faz a respeito da missão da Igreja é o que diz respeito aos chamados “dons espirituais”. Em algumas comunidades chega-se ao ponto de verificar o ardor e fervor das mesmas na execução, promoção e quantidade de pessoas que possuam determinados dons que são vistos como superiores e mais espirituais que outros negando a premissa bíblica da variedade dos mesmos distribuídos na comunidade dos fiéis (1Co 12.1-11; Ef 4.1-16; Rm 12.3-8).
Em algumas comunidades, pela falta de compreensão das orientações do uso dos dons e da ordem no culto (1Co 12-14), promovem-se a ideia de que a igreja tem sua vida e eficácia pautada nesses princípios ao ponto de sugerir que se os membros não tiverem determinado dom não são verdadeiramente cristãos. Por isso, todo e qualquer cristão, segundo essa ótica, é visto com frieza, caso não estejam repetindo tais cerimônias utilizando-se desses dons. Confundem a missão da Igreja com a promoção de tais ideais.
Nessa mesma visão, assim como em relação aos sinais, curas e prodígios, a finalidade da Igreja é promover o misticismo e a visão de que existem dons superiores e que Deus não concede a cada um, mas a todos que busquem dons específicos. Contudo, o Senhor Jesus não nos chamou para ensinar, manipular ou espalhar a prática desses e falhamos quando achamos que fomos redimidos para tal fim.

Conclusão

Como visto, a finalidade da igreja não tem sido compreendida e, por conta dos erros no entendimento desta realidade a pregação e expansão da Igreja está equivocada e baseada em premissas que não são a verdade bíblica. É preciso muito cuidado, pois, por mais profundo que possam parecer, e por mais que mexam com nosso ego religioso, não são as verdades das Escrituras e não são as razões da existência da Igreja.
A Igreja precisa, portanto, procurar nas Escrituras a base de sua existência, compreendê-la de forma satisfatória e bíblica, rever a sua historiografia, corrigir os erros de sua má interpretação e obedecer a ordem do Senhor no real cumprimento de sua tarefa. Nenhuma outra corporação, nenhuma outra criatura e nenhuma outra motivação existem para cumprir a ordem dada pelo Senhor Jesus nesta terra, se não a Igreja. Nos próximos textos iremos avaliar a missão da Igreja e ver, bíblicamente, como executaremos de forma santa e verdadeira esta missão.

Aplicação

Quantas vezes nós confundimos os sinais que servem para promover o evangelho com a finalidade deste? Quantas vezes filosofias e pensamentos sociais, políticos e econômicos tornam-se o epicentro da nossa busca por Deus e nossa esperança em Jesus? Precisamos ser sinceros e desconstruir nossos objetivos pessoais equivocados para podermos, enfim, enxergar a verdade de Deus e nos enquadrar nessa tarefa. Não é o evangelho quem deve dizer o que queremos ouvir, mas somos nós quem devemos proclamar o que o evangelho tem a dizer.
Não ousemos usar o nome do Senhor em vão e prometer aquilo que Ele jamais o fez. Nem mesmo ousemos profanar o nome do Senhor usando-o para pedir a Deus apenas aquilo que entendemos ser a nossa necessidade, vontade e prioridade.
Medite, ore ao Senhor da Igreja que nos vocaciona, como o poeta, através do hino “Pendão real” (nº 303 do HNC[5]), finalizando sua reflexão a respeito da nossa missão no nosso presente século, para a glória de Deus e para o crescimento da Igreja. Isto, sim, o faça em nome de Jesus.

1  Um pendão real vos entregou o Rei
A vós, soldados seus!
Corajosos, pois, em tudo o defendei,
Marchando para os céus
Com valor! Sem temor!
Por Cristo prontos a sofrer!
Bem alto erguei o seu pendão
Firmes, sempre, até morrer!
2  Eis formados já terríveis batalhões
Do grande usurpador!
Revelai-vos hoje bravos campeões!
Avante, sem temor!
3  Quem receio sente no seu coração
E fraco se mostrar,
Não receberá o eterno galardão
Que Cristo tem pra dar!
4  Pois sejamos todos a Jesus fieis
E a seu real pendão!
Os que da vitória colhem os lauréis
Com ele reinarão.
(D.W. Whittle – H.M. Wright)




[1] Para ler e meditar durante a semana D – Mt 10.1-15 um chamado para homens comuns; S – Ml 1.1-5 Um povo comum, escolhido sem mérito próprio; T - Jo 1.1-14 Pessoas escolhidas diretamente pela vontade de Deus, não dos homens; Q – Mt 10.16-42 Uma missão para homens comuns; Q – 1Co 1.18-25 Deus Escolhe pessoas comuns; S – 1Pe 2.9-10 Povo escolhido com uma missão específica; S – Sl 78.3,4 O que aprendemos ensinaremos à presente e futuras gerações.
[2] ARMSTRONG, J. H. Eu não sei mais em quem tenho Crido. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. Pp. 9.
[3] Teologia da libertação é uma corrente teológica cristã nascida na América Latina, depois do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín, que parte da premissa de que o Evangelho exige a opção preferencial pelos pobres e especifica que a teologia, para concretar essa opção, deve usar também as ciências humanas e sociais.
[4] LIMA, Leandro A. Brilhe a sua luz: O cristão e os dilemas da sociedade atual. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
[5] Hinário Novo Cântico, usado na Igreja Presbiteriana do Brasil.

sábado, 19 de janeiro de 2019



A Igreja protestante brasileira esqueceu-se de sua função dentro da grande comissão, formada pelo Seu Senhor, Jesus Cristo. As Igrejas, grandes ou pequenas, quase que em sua totalidade, estão voltadas para si mesmas e para seus próprios interesses, esquecendo-se de que fomos chamados com o propósito de tornar manifesta a obra de Cristo pelos seus eleitos. Vemos muitas atividades sendo realizadas de cunho social, algumas de entretenimento, e, por vezes, apenas para aumentar seu lucro. E assim a igreja segue, como se essa fosse a razão de sua existência. Mas, de fato, qual a função da Igreja?
Ao nos depararmos com At 1.8, vemos que a missão da Igreja é ser testemunha de Cristo em todos os lugares, começando por bem perto e indo até ao mais longínquo lugar. Lucas, no livro de Atos, no primeiro capítulo, deixa-nos cientes de alguns quesitos que demonstram que fomos batizados, marcados, selados pelo Espírito Santo e, dentre essas marcas, a primordial é a nossa responsabilidade enquanto aguardamos o regresso de Cristo. A igreja do Senhor é chamada para ser sua testemunha, tendo experimentado o poder regenerador e salvador de Cristo. Deus nos faz quem somos para revelar quem Ele é (1Pe 2.9-10).
Cientes de que somos chamados à salvação para a glória de Deus em Cristo e, através do Espírito Santo, temos de torna-Lo conhecido em todas as partes, precisamos refletir sobre o que a igreja tem feito para alcançar essa meta e obedecer ao Senhor Jesus. Se olharmos, superficialmente, para o Brasil apenas, iremos pensar que o país é evangelizado. Mas isso é engano que nos faz relaxar na nossa tarefa Santa. Só no Brasil, existem etnias indígenas que não conhecem o evangelho e que não há nem uma pequena porção das escrituras traduzidas em sua língua materna. Se olharmos para as dificuldades culturais existentes em nosso país, veremos uma dificuldade ainda maior. Temos Hippies, Punks, Góticos, Quilombolas, Roqueiros, Budistas, Animistas e várias outras “tribos” que necessitam ouvir do poder restaurador, transformador e libertador de Deus em Cristo. Existem comunidades ribeirinhas que não tem acesso ao evangelho e que muitas vezes não há igrejas próximas delas, pelas próprias dificuldades de acesso. Há inúmeras comunidades católicas, sobretudo no nordeste brasileiro, que precisam, também, ser alcançados por Cristo e libertos da idolatria que os assola. Olhando para o sul do país, imensas comunidades espíritas e praticantes de rituais do “baixo espiritismo” que só serão verdadeiramente libertos se Cristo lhes prover tal liberdade (Jo 8.32,36).
Além desses grupos, e vários outros que nós ainda não citamos, todos nós sempre temos alguém a quem nutrimos especial afeição (pai, mãe, esposo, esposa, filhos, netos, sobrinhos, amigos próximos) que ainda não foi alcançado pelo poder libertador e salvador do SENHOR. Quase sempre esperamos que Deus se utilize de outros meios para alcança-los, quando nós fomos chamados para ser Suas testemunhas e sermos instrumentos para alcançar outros, inclusive esses a quem o Senhor de toda a providência colocou ao nosso redor. O instrumento que Deus quer usar somos você e eu.
E o que dizer das missões mundiais? Quando pensamos no planeta, ficamos cientes de que nossa tarefa como testemunhas do Senhor está longe de acabar.
E o que você, caro leitor, e eu, temos feito para cumprir nosso chamado e sermos testemunhas de Cristo entre eles, a fim de que sejam salvos? As palavras de Paulo em Rm 10.14-15 apenas aumentam a sua e a minha responsabilidade. Que nós, enquanto igreja de Cristo, voltemos a nossa verdadeira função e sejamos-Lhe fiéis testemunhas onde estamos e sustentando àqueles que foram chamados como testemunhas em outros lugares. Pela salvação do Brasil[1], exclamemos como o poeta:

Do vasto Mato Grosso
Até ao Ceará
Por Vilas e cidades
Do sul ao Grão-Pará,
Deste evangelho santo,
Que nos legou Jesus,
Ao povo brasileiro
Levemos nós a luz!

Do Sul ao Amazonas,
Do Oeste até ao mar,
Já corre a doce nova
Do amor que não tem par.
Já muitos foram salvos
Da morte e perdição;
No sangue do cordeiro
Acharam salvação!

Contudo, ainda muitos
Bem longe de cristãos,
Adoram deuses feitos
Por suas próprias mãos.
De tão fatal pecado,
Da idolatria vil,
Unidos no evangelho,
Salvemos o Brasil.
(A.  H. da Silva)



[1] Hino A salvação do Brasil. Nº 285 do Hinário Novo Cântico.