sábado, 23 de julho de 2016

Homens comuns, chamado incomum

Quando começou Seu ministério público, Jesus fez exatamente o oposto do que as práticas modernas dos grandes líderes e oradores sugerem que seja feito: ele não se utilizou da popularidade que já gozava quando conseguiu seus primeiros discípulos. Ele não explorou sua fama, não respondeu as controvérsias iniciais que surgiram contra ele nem se utilizou de estratégias para maximizar a multidão ao seu redor.
Jesus começou seu ministério público em sua cidade Natal, Nazaré, mas não fora aceito pelos seus. Pelo contrário, o povo de sua comunidade tentou mata-lo depois de seus ensinos incisivos (Lc 4.28-30). Por causa disso, Jesus disse aos seus seguidores que “Não há profeta sem honra, senão na sua terra,...” (Mc 6.4; Jo 4.44). Suas mensagens não eram agradáveis aos ouvidos da maioria, pelo contrário. Certa feita pregou uma mensagem tão dura de ouvir que apenas os mais devotos permaneceram ouvindo-o (Jo 6.22-66), sendo estes apenas os doze que ele escolhera pessoalmente e, ainda assim, um o trairia (Jo 6.67-71). “Jesus os escolheu antes que eles o escolhessem[2]” (Jo 15.16). Mas é preciso, então, aprender um pouco sobre as fases dessa escolha que se caracterizou como chamado, o tempo desse chamado, entender quem eram os doze, de modo rápido buscar entender quem era o mestre, a incumbência do mestre aos doze e uma rápida visão sobre o treinamento.
1.      O CHAMADO
Quando lemos descuidadamente os relatos de Jo 1.35-51; Lc 5.3-11 e o chamado final dos doze em Lc 6.12-16 somo levados a imaginar que o texto é contraditório. Isso porque trata de momentos distintos do chamado de Jesus àqueles homens.
Em Jo 1.35-51, Pedro, André, Filipe, Natanael e João encontram-se com Jesus pela primeira vez. Eles eram discípulos de João Batista[3]. Mas quando ouviram seu mestre apontar Jesus como o cordeiro que tirava o pecado do mundo (Jo 1.29), passaram a segui-lo. Essa foi a primeira fase do chamado: um chamado à conversão. Todo seguidor de Jesus é primeiramente chamado à conversão para arrependimento dos pecados.
Lucas 5.3-11 temos uma segunda fase do chamado, contado em detalhes pelo pesquisador e evangelista, Lucas. Jesus passou a ensinar a multidão a partir do barco de Pedro, pois não lhe era possível permanecer na margem do lago de Genesaré, haja visto o tamanho da multidão que lá estava. Depois de instruir a multidão, voltou-se para Pedro e mandou-o ir a um ponto mais distante, mar a dentro, para pescar. Pedro Obedeceu, apesar daquela não ser a hora certa (os peixes iam a superfície a noite para se alimentar), de não ser o lugar certo (os peixes se alimentavam no raso) e de Pedro estar exausto por ter tentado pescar a noite toda. Contudo, ao obedecer ao Senhor, pegaram muitos peixes.
Depois de manifestar seu poder naquele instante, Jesus chama-o para ser “pescador de homens” (Mt 4.19). Pedro e André, assim como Tiago e João, passaram a seguir Jesus diretamente (Mt 4.20-22) e dele não mais se separaram. Esse foi o chamado para o ministério. Depois de convertidos a Cristo, ele nos chama para a obra e é preciso deixar tudo para trás e segui-lo (Lc 9.57-62), como também fez Eliseu ao ser chamado para o ministério profético por Elias (1Rs 19.19-21).
A terceira fase do chamado do Senhor àqueles homens foi um chamado ao apostolado. Aqueles doze homens pessoalmente escolhidos por Jesus foram inseridos numa espécie de estágio, em que foram pregar as boas novas do Reino. Mas não estavam, ainda, aptos a participarem dessa missão, sozinhos. Por isso, foram enviados em duplas. Esse chamado específico foi extinto. Não existe mais apóstolos nos dias de hoje, haja visto que não há mais quem cumpra, biblicamente, as credenciais desse ministério (At 1.15-26), também cumprido em Paulo, para viabilizar sua credencial apostólica (At 9.1-22)[4][5].
A quarta fase do chamado ocorreu logo após a ressurreição de Jesus e, de modo algum, ficou restrito aos trezes apóstolos (Matias substituiu Judas e Paulo foi inserido ao grupo), mas segue sendo um chamado à todos os servos do Senhor em todo o tempo. Este é um chamado ao martírio. Ao final do relato, cada um daqueles homens daria sua vida pelo evangelho. Ao longo da história, muitos cristãos morreram e morrem até hoje por amor à cristo e por dedicação integral e pessoal às boas novas. Ao longo dos próximos textos sobre cada personagem desse primeiro grupo chamado por Jesus o final – glorioso[6] – que cada um teve, por amar mais à Cristo do que a si mesmos.
Nessa fase do chamado, os cristãos são chamados a dedicarem suas vidas, literalmente, ao Senhor, não importando os danos próprios que irão sofrer. Afinal, nas palavras de Paulo, nos foi dado o privilégio não de apenas crer, mas também de sofrer por Cristo (Fp 1.29), seguindo as palavras de Jesus no sermão da montanha (Mt 5.11-12)
2.      O TEMPO
Aqui nos referimos ao momento em que Jesus chamou os doze para o apostolado propriamente dito. Lucas, em seu evangelho, descreve bem esse momento nos capítulos 5 e 6. Lc 6.12 lemos: “Naqueles dias...”. Mas que dias são esses? Lucas não pode estar referindo-se à um dia exato da semana ou do mês, muito menos a uma época do ano. Esse relato nos remete aos eventos que estavam acontecendo e que foram mencionados no texto imediatamente anterior ao verso em questão.
“Naqueles dias”, a oposição que Jesus enfrentava dos escribas e fariseus era imensa. Em Lc 6.11, o conflito atinge seu ápice e os escribas, segundo o relato de Marcos (Mc 3) se unem aos herodianos[7] com a intensão de matar a Jesus. Nesse tempo, faltava cerca de dois anos para a crucificação, morte e ressurreição de Jesus, quando o seu trabalho haveria de ser entregue à outras pessoas para que fossem cumpridos os eternos propósitos do Salvador. É nesse interim que Lucas relata o chamamento dos doze para que fossem mais intensamente treinados por Jesus para dar seguimento ao seu ministério terreno.
“Naqueles dias” Jesus não escolheu nenhum membro da corte herodiana. Não escolheu nenhum rabino, escriba ou fariseu. Esses líderes religiosos da época odiavam-no, pois seus ensinos os desafiava à uma mudança radical da qual não estavam prontos a fazer. Aqueles homens eram hostis ao evangelho pregado. Por isso, quando chegou o momento separado na eternidade para que homens fossem escolhidos para levar a mensagem real do Deus de Israel, Jesus voltou-se para seus seguidores humildes e escolheu-os dentre todos os homens. Não eram ricos, não eram altamente influentes, não eram academicamente preparados. Eram homens símplices e comuns, membros da classe trabalhadora de Israel.
3.      OS DOZE
Diferentemente de como são retratados nas pinturas das catedrais católicas e de como a história os beatificou e santificou esses homens não eram majestosas figuras com aureolas e que transbordavam luz, passividade e sabedoria quando Jesus lhes convocou. Eles eram perfeitamente humanos em todos os seus aspectos e não podemos nos esquecer de como eles realmente eram quando chamados e trabalhados por Cristo.
Em primeiro lugar, precisamos lembrar que estes eram homens galileus. Os galileus eram camponeses e não a elite da sociedade. Eram apenas mais um membro do povo e ficavam na base da pirâmide social. Eram um “joão-ninguém” daqueles dias e não havia nobreza ou intelectualismo que os destacasse dos demais.
Em segundo lugar, esses homens, por eles mesmos, jamais poderiam alcançar o padrão estabelecido por Cristo. Paulo, em 1Tm 3.2-7 e em Tt 1.6-9 nos descrevem as qualificações para líderes religiosos. Jesus, em Mt 5.48 sintetiza todas essas informações e nos mostra a impossibilidade de que tais homens pudessem, de si mesmos, exercer qualquer função. Ele diz “Sede vós perfeitos, como perfeito é vosso Pai celeste”. Porém, aqueles homens eram homens semelhantes a nós, tal e qual Elias (Tg 5.17). Aqueles homens, por vezes, também tiveram frustrações, falta de fé, medo e tiveram seus testemunhos marcados pelo erro e pelo pecado. Basta lembrarmo-nos de Pedro, líder deles, que negou a Jesus após ter dito que o seguiria por qualquer lugar, inclusive para a morte (Lc 22.31-3; Mt 26.31-35; Mc 14.27-31; Jo 13.36-38).
4.      O MESTRE
Como já visto, Jesus os escolheu no momento em que, historicamente, a sua morte estava prestes a acontecer pelo furor dos religiosos da época. O foco do seu ministério, por providência divina, mudou a partir daquele momento. Ele escolhera doze homens e passou a instruí-los e treiná-los para a missão de suas vidas, após Sua ascensão. Neste momento, Jesus nos mostra algumas características únicas de sua vida e relacionamento com o Pai que servem para nós, hoje.
Primeiro, Jesus os escolheu depois de passar a noite orando (Lc 6.12). Antes de qualquer momento decisivo de seu ministério terreno, Jesus era encontrado em comunhão constante com o Pai. Quando estava para ser traído por Judas e entregue aos soldados, Jesus estava no monte das oliveiras, orando a Deus e sentindo o peso da ira de Deus pelos nossos pecados em seus ombros. E, meses antes de sua morte e triunfo na ressurreição, Jesus agora é encontrado orando ao Pai para poder escolher os seus discípulos.
Segundo, aqui vemos a humanidade de Jesus. Ele é Deus. Segundo o Credo Niceno[8], Ele é “Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus”[9]. Em Seu poder e glória, poderia escolhê-los sem a necessidade de orar, haja visto que Sua vontade e a do Pai eram uma. Mas, quando se encarnou, Jesus abriu mão de sua glória nos céus e tornou-se servo, homem, e submeteu-se à obediência total ao Pai (Fp 2.5-8). Ele encontrava-se em oração para poder submeter-se à autoridade e vontade soberana do Pai, mostrando como os homens devem fazer, uma vez redimidos.
Em terceiro lugar, aqui vemos a soberania de Cristo. Do imenso grupo de seguidores que Jesus tinha por causa de sua fama e poder, ele selecionou nominalmente apenas doze deles. Jesus não procurou candidatos ou esperou por voluntários para este serviço. Ele soberanamente os escolheu (Jo 15.16) para serem seus seguidores diretos.
Em quarto Lugar, vemos o estabelecimento do reino de Cristo em oposição à apostata Israel daqueles dias. O número 12 era cheio de significados para um Israelita, pois era exatamente o número de Tribos em Israel. Jesus estava mostrando que, em seu reino, os rumos dos israelitas daqueles dias estavam sendo desaprovados e substituídos. O Legalismo estava sendo substituído pela graça. As interpretações frouxas e convenientes que os fariseus faziam da Lei de Deus estavam sendo substituídas pela séria realidade das exigências de Deus. Portanto, Jesus substitui os velhos rudimentos por novos. Ele escolhe doze homens para serem seus “enviados” e anunciar a riqueza e a realidade do reino cristocêntrico.
5.      A INCUBÊNCIA
Aqueles doze homens escolhidos por Jesus tinham a incumbência de serem seus representantes. Suas palavras, após Pedro responder a pergunta “e vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16.13-20) define bem essa questão.
Lá, Jesus diz que a Igreja se edifica e fortalece sobre o testemunho de quem Ele é, resistindo até as mais duras investidas do inferno. Lá, Jesus diz que a igreja representa-o quando mantém o testemunho de quem ele é.
Diferente do pensamento católico, Jesus não transfere seu poder à Pedro e aos seus sucessores. Jesus os incube da responsabilidade de agirem como embaixadores Dele (2Co 5.20), transmitindo seus ensinos e vontades. Mas não para imprimir suas próprias vontades e sim para transmitir as daquele que os estava chamando e enviando.
6.      O TREINAMENTO
Após a escolha de Jesus quanto aos doze homens que iriam segui-Lo mais diretamente, ainda havia uma difícil tarefa: ensinar aqueles homens e treiná-los para o ministério apostólico. E essa não foi uma tarefa fácil para os homens escolhidos. Por quê?
Primeiro, faltava-lhes entendimento espiritual. Como homens que eram, ainda não discerniam espiritualmente as coisas e não tinham o entendimento real das palavras e ações de Jesus. Isso era evidente sempre que ficavam espantados, maravilhados ou confusos com o que Jesus fazia ou dizia. Olhavam, como homens, buscando entendimento racional para os feitos de Jesus. O Senhor teve de ensiná-los a buscar ver, compreender e atender a vontade do Pai, abrindo-lhes os olhos espirituais
Segundo, faltava-lhe humildade. Eles eram “egoístas, interesseiros, egocêntrico e orgulhosos[10]”. Gastaram muito tempo especulando e competindo para saber quem deles era o maior de todos. Jesus combateu esse dificuldade deles sendo Ele mesmo o maior exemplo de humildade para os discípulos (Jo 13.1-20).
Em terceiro, faltava-lhes . Mateus, em seu evangelho, retrata quatro ocasiões em que Jesus lhes chama de “homens de pequena fé” (6.30; 8.26; 14.31; 16.8). A falta de fé daqueles homens era absurda e era preciso que Cristo trabalhasse sua fé para poderem atender suas ordens, de fato. Mesmo após Sua morte e ressurreição, aqueles homens agiam com falta de fé.
Em quarto Lugar, faltava-lhes comprometimento. Embora tenham visto os milagres e as manifestações do poder de Jesus, aqueles homens estavam, ainda, sem o devido comprometimento com a missão. Fato é que, quando Jesus fora preso, todos fugiram e acompanharam-no de longe. Pedro, o líder dos doze, chegou a negá-lo três vezes, enfatizando que não o conhecia (Mt 26.69-75; Mc 14.66-72; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18; 25-27). Estavam maravilhados, mas não estavam comprometidos com a obra, até aquele momento, a ponto de entregar suas vidas pela proclamação do Rei, como arautos do Reino.
Quinto, faltava-lhes poder. Sozinhos, estavam perdidos e nada poderiam fazer. Foi por isso que, após sua ascensão, Jesus enviou-lhe o Espirito Santo. Enquanto Subia, Jesus deixou claro que receberiam poder, ao descer sobre eles o Seu Espírito (At 1.8). E, enquanto isso não ocorreu, permaneceram em oração, aguardando o cumprimento desta promessa que se deu no pentecostes. E, naquele momento, aqueles homens, exceto Judas, o traidor, por haver se suicidado, começaram seu trabalho incomum e sobrenatural.
CONCLUSÃO
Temos a tendência de olhar para aqueles homens como sendo espetaculares. Mas quando percebemos que não o eram, alguns poderiam perguntar: “por que Jesus não selecionou outros mais  capazes para a tarefa e escolheu esses fracos”? A resposta, o texto base nos dá, acompanhado da realidade de que o poder de Cristo se aperfeiçoa na fraqueza, tornando-nos fortes (2Co 12.9-10) e porque Deus escolheu homens comuns, vasos de barro, para que a riqueza da glória do poder esteja Nele e não nos vasos (2Co 4.7). A missão que aqueles homens tiveram era sobrenatural e incomum. Seres limitados iriam manifestar a glória daquele que é Perfeito, Ilimitado, Infinito e Eterno. Mas não passavam de homens comuns, cheios de erros, fracassos e fraquezas como nós.
APLICAÇÃO
Em seu primeiro grupo de seguidores, Jesus escolheu doze homens comuns. Mesmo hoje, dois milênios depois, Ele continua a escolher pessoas comuns para uma tarefa igualmente incomum: proclamar suas virtudes (1Pe 2.9-10). Se você, em algum momento da caminhada cristã, acha-se fraco, cansado, com pouca fé e despreparado para o serviço ao qual o SENHOR lhe escolhera, não desanime! Você não é o primeiro e nem será o último. Mas, assim como Cristo escolheu, treinou e usou aqueles homens, lembre-se de que Ele o escolheu, treina por meio de Sua Palavra e usará sua vida para a glória Dele. Se você se acha comum demais para esta santa e nobre tarefa, louve-O. Ele sempre escolheu, escolhe e escolherá pessoas comuns para cumprir sua tarefa.
Seja humilde, reconheça sua fraqueza e ore nesse instante pedindo ao Pai que lhe trabalhe e use em Seu louvor e para Sua glória. Medite, cante e ore a letra do hino “Coração Quebrantado[11]

1 Sonda-me, ó Deus, pois vês meu coração!
Prova-me, ó Pai, te peço em oração.
De todo o mal liberta-me, Senhor,
Até da transgressão que oculta for.
2 Vem me lavar dos vis pecados meus,
Conforme prometeste, meu bom Deus.
Faze-me arder e consumir de amor,
Pois quero te magnificar, Senhor.
3 Todo o meu ser não considero meu;
Quero gastá-lo no serviço teu.
Minhas paixões tu podes dominar,
Pois tu, Senhor, viste em mim morar.
4 Lá do alto céu o avivamento vem
E que comece em mim, seguindo além.
O teu poder, as bênçãos, teu favor
Concede aos que são teus, ó Pai de amor.
Amém.
(J. E. Orr – trad. e 4ª estrofe W. Kaschel)


[1] Baseado no Livro “Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado.” de John MacArthur.
[2] MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed. Pp 18.
[3] Por influência da filosofia grega, a ideia de mestres e discípulos era comum naquela época. Jesus e o cristianismo não foram os primeiros a se utilizar desse sistema de ensino naqueles dias.
[4] Um resumo sob esta temática está disponível em: http://www.estudosdabiblia.net/bd35.htm. Acessado em 18/06/15
[5] Para maiores informações: LOPES, Augustus Nicodemus. Apóstolos. Verdade bíblica sobre o apostolado. São José dos Campos: Editora Fiel, 2014. Ver também: LOPES, Augustus Nicodemus. Não há apóstolos Hoje. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=akiSrBXfVeU. Acessado em 09/07/16.
[6] Exceto Judas Iscariotes
[7] Grupo Político daqueles dias que apoiavam a dinastia dos “Herodes”, que não era um nome próprio, mas um título real que marcava aqueles que ascendiam ao trono do governo de Israel naqueles dias, sendo nomeado pelo império Romano.
[8] O Credo Niceno deriva-se do credo de Nicéia (composto pelo Concílio de Nicéia (325 AD), com pequenas modificações efetuadas pelo Concílio de Calcedônia (451 AD) e pelo Concílio de Toledo (Espanha, 589 AD)). Este credo expressa mais precisamente a doutrina da Trindade, contra o arianismo.
[9] Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/credos/credoniceno.htm. Acessado em 19/06/15.
[10] MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed. Pp 37.
[11] Nº 67 do H.N.C.

sábado, 9 de julho de 2016

As qualificações dos diáconos.

A Igreja do Senhor tem vivido dias conturbados, no que diz respeito à sua liderança. A crise que percebemos nas instâncias políticas, aqui no Brasil, também podem ser percebidas nas instâncias religiosas do Cristianismo[1]. Constantemente somos informados de casos de corrupção ética, moral e social dentro da Igreja afetando, principalmente, seus líderes e maculando a imagem desta ante a sociedade. Ao longo dos anos fomos perdendo o referencial de liderança nas Igrejas.
Aliado à crise moral que tem assolado à Igreja nos últimos anos, assistimos, ainda, nas Igrejas protestantes a ressurreição e inclusão de ofícios descritos nas Escrituras que pertenciam, até então, à Igreja primitiva somente[2], bem como funções comuns, biblicamente falando, nos dias em que vigorava a antiga aliança[3] que fora aperfeiçoada e transformada quando do sacrifício vicário de Cristo. Além disso, assistimos ainda, nos últimos tempos, o surgimento de funções que jamais foram atribuídas aos homens, mas que pertencem à hierarquia angelical.
Além destes problemas, tem ganhado força nos últimos anos o movimento filosófico do feminismo em nossa sociedade. Com isso, este movimento também instaurou-se dentro das Igrejas e vemos o surgimento, ao longo das últimas décadas, de mulheres ocupando ofícios e sendo intituladas para tal, com funções que não lhes era comum nos dias da Igreja Primitiva e nos séculos em que a Igreja peregrinou antes do movimento do feminismo. Por causa disso, assistimos o surgimento de bispas, pastoras, diaconisas, presbíteras e, também levadas pelo equívoco no entendimento da existência do apostolado, apóstolas.
Além destas dificuldades, contamos ainda com o esquecimento ou com a falta de importância delegada a algumas funções bíblicas que deveriam existir no Corpo de Cristo para o bom funcionamento e manutenção do mesmo. Conquanto existam funções sendo ressuscitadas, criadas e “modernizadas” para atender à correntes filosóficas presentes em nossos dias, algumas delas estão sendo esquecidas nos moldes como as Escrituras estabeleceram e, hoje, quando existem, são vistas de forma equivocadas. Uma das mais afetadas, ao longo dos anos, por todos esses problemas já citados é a função dos diáconos.
A Bíblia estabelece critérios para as lideranças que devem existir no seio da Igreja. Isso é algo que o Senhor Deus não deixou à luz do nosso bom senso, mas estabeleceu o que deveria ser visto e cultivado na liderança.
Ao falarmos sobre a função do diaconato, alvo de grandes desentendimentos nas últimas décadas, é necessário voltarmos para o momento em que tal função surgiu na Igreja para que possamos entender, a luz do texto sagrado, como o Senhor conduziu a escolha dos primeiros e quais critérios estabeleceu para estes homens fossem escolhidos para a condução deste trabalho. Lucas, no livro de Atos, fala-nos sobre o momento em que tal função surgiu (At 6.1-7), mostrando-nos, em primeiro lugar, a necessidade para que existissem diáconos (At 6.1), o motivo para que tais necessidades fossem supridas por outros que não os apóstolos (At 6.2, 4),os critérios para a escolha de quem exerceria tal função (At 6.3), a escolha final (At 6.5), a ordenação/consagração para tal função (At 6.6) e o resultado da designação desses diáconos (At 6.7).
A fim de entendermos os critérios utilizados para a nomeação de pessoas para cumprir esta função, vejamos as informações e critérios utilizados pelos apóstolos para que a Igreja escolhesse quem exerceria tal função, à luz de At 6.3:
1)             Homens: Muito embora nós vivamos em tempos em que o papel das mulheres na sociedade, na família e na Igreja tenham crescido, cremos na providência e sabedoria de Deus para a condução da história e na sua onisciência, que extrapola os limites temporais. A Eternidade do Senhor e a Sua Sabedoria fez com que Suas Palavras, registradas nas Escrituras, não morressem com o passar dos anos e nem se resumisse a um momento específico da história da humanidade como se sua revelação fosse para ser entendida a luz da cultura vigente em nossos dias. Embora nós saibamos que o exercício de compreensão das Escrituras envolve transportarmos os princípios bíblicos e aplica-los ao nosso cotidiano e ao cotidiano de nossa sociedade, em momento algum nós somos autorizados por Deus, nas Escrituras, para ignorar os princípios e submetê-los à nossa cultura. Não são as Escrituras quem devem se submeter à cultura, mas sim a cultura às Escrituras. Desta forma, embora nós vivamos sobre a égide do pensamento feminista, não podemos submeter as Escrituras ao feminismo ou ao machismo, mas submeter tais linhas de pensamento às Escrituras para que elas possam conduzir nossos atos e pensamentos (Fp 4.8). Isto posto, olhando os critérios estabelecidos pelo Espírito Santo aos apóstolos e estes à Igreja, vemos que o primeiro deles é de que deveriam ser escolhidos homens para esta função. A liderança do povo de Deus, de maneira muito clara, sempre foi exercida por homens. Mulheres tiveram participação direta e de suma importância em alguns momentos da peregrinação do povo da Antiga Aliança, bem como algumas tiveram grande participação no serviço cristão no início e ao longo da peregrinação do povo da Nova Aliança. Mas a chefia e a autoridade era conferida por Deus a homens. Diferente das acusações de que o cristianismo é machista, Deus jamais se submeteu apensamentos e linhas filosóficas como se fosse servo delas. O Senhor jamais defendeu o machismo ou o feminismo. Deus utilizou-se de ambos, mas estabeleceu o sistema patriarcal[4] como sendo o sistema de condução do Seu povo. Assim sendo, Deus escolhera, para a liderança da sua Igreja, pessoas nos mesmos moldes de liderança de Israel quando vigorava a Antiga Aliança. Por esta razão Deus estabelece, por meio de Seu Espírito, que homens deveriam cuidar da função diaconal. Aqui não entraremos no mérito etimológico e epistemológico da palavra grega usada para diácono no texto. Também não veremos suas vertentes e declinações e vários usos no Novo Testamento. Mas vale-nos saber que esta palavra não era usada somente para os homens que, a partir de então, deveriam cuidar do amparo e da assistência da Igreja. Mulheres poderiam exercer o serviço, mas não foram chamadas, em momento algum das Escrituras, de diaconisas, mesmo quando exerciam as funções diaconais. A nomeação e ordenação/consagração para dedicação exclusiva desses cuidados e obrigações era exclusivamente para o homem.
2)             De boa reputação: um dos ensinos mais marcantes do sermão do monte, proferido por Jesus à multidão dos seus discípulos (Mt 5-7; Lc 11) era o fato de que seus discípulos deveriam resplandecer a luz no mundo, sendo, portanto, luz e, também, sal da terra. A partir do sermão da montanha o NT passou a demonstrar a importância do bom testemunho pessoal com relação à fé e ao Senhor desta, Jesus. Esta questão era visivelmente presente e importante durante os primeiros passos da Igreja, de forma que, por meio de seu bom testemunho, foram identificados com Cristo, sendo chamados de Cristãos em Antioquia (At 11.19-26). Se ter boa reputação era algo digno para todos os homens[5], para aqueles que aderiam a fé em Cristo muito mais, principalmente aqueles que seriam líderes do igreja. Por esta razão, o segundo critério estabelecido é que tais homens fossem homens de bom testemunho dentro e fora da comunidade da fé, sendo chamados de “homens de boa reputação”. Não podiam ter máculas a sua imagem. Não poderiam ser homens de caráter comprovadamente duvidoso. Deveriam ser espelhos claros a refletir a imagem de Jesus. Evidentemente que o texto não trata aqui de homens perfeitos, pois somente Jesus o é. Mas o texto aponta para o fato de que os homens escolhidos não poderiam macular a imagem da igreja no que faziam. Eram homens que verdadeiramente poderiam representar a Igreja na assistência ao Corpo de Cristo, como também poderiam ser vistos pela sociedade como homens dignos. Eram homens que, como cristãos, não poderiam ser acusados por práticas imorais, por falta de ética ou de compromisso com a Obra de Cristo. Ao contrário, eram homens que gozavam da reputação de serem prestativos, piedosos e dedicados à obra com total zelo. Assim sendo, nossos critérios para nomeação de diáconos deveriam ir além das questões de representação de classes ou de famílias, muito menos de pessoas que meramente se voluntariassem para este serviço. Entendendo que os diáconos deveriam exercer liderança e dar bom testemunho no exercício de suas funções, estes homens devem ser obreiros zelosos e dedicados à obra desde as questões mais básicas como pontualidade e assiduidade aos serviços cristãos, como aos mais complexos, ligados ao caráter como cristãos. Eles devem ser crentes exemplares para serem nomeador como auxiliares daqueles que tem o chamado eterno para ministração da Palavra. São auxiliares de Cristo em Seu Corpo e não podem, jamais, ser vistos como tropeços para o funcionamento do Corpo, nem como sendo pessoas que motivam os demais cristãos a não serem exemplares e pontuais em suas práticas cristãs, sejam as públicas, sejam as individuais e veladas. Diáconos devem ser homens exemplares para a sociedade e para os membros da Igreja.
3)             Cheios do Espírito e de Sabedoria: Há sempre uma enorme confusão quanto ao papel dos diáconos na Igreja. Em algumas comunidades estes se resumem a levar água ao pregador, entregar algum boletim informativo às pessoas que entram na Igreja e cuidar de assentar-se à porta do templo para vigiar a entrada. Em outras, enxergam as questões assistenciais e nomeiam diáconos para cuidar da distribuição dos mantimentos arrecadados pela comunidade da fé aos necessitados como se este fora um fim em si mesmo. Somos levados, principalmente em nossos dias, a enxergar as atividades diaconais de forma meramente humana, subjetiva, frívola em alguns casos e desprovido de qualquer relação com o serviço espiritual que a Igreja deve promover. Contudo não é desta maneira que os diáconos foram escolhidos quando do surgimento da necessidade desta função. Embora ela fosse vista por meio da assistência física aos pertencentes a comunidade dos fiéis, o serviço diaconal era um serviço de auxílio aos ministros da Palavra para que estes pudessem se dedicar exclusivamente ao ensino e às orações. Sendo assim, ainda que fossem atos físicos, deveriam ser feitos por homens movidos pelo Espírito Santo para que pudessem perceber a real necessidade das pessoas assistidas em suas necessidades, bem como sabedoria para poderem ser justos na distribuição diária, razão pela qual se fazia necessário à escolha de homens especificamente para esta função. Não poderia nomeados homens que não fossem espirituais, pois ainda que suas ações fossem vistas como mero assistencialismo sob a égide de nossa concepção sobre a assistência aos necessitados era uma função a ser exercida na Igreja, para os membros da Igreja, de maneira que se fortalecessem na fé. Estes homens, por serem modelos dos fiéis, deveriam primar pela sua comunhão com Deus, colocando-se como instrumentos de Deus para o serviço da Igreja e não como instrumento da Igreja para o serviço de Deus. Suas funções não eram menos nobres que as demais funções e nem menos espiritual que as demais. Portanto, homens espirituais deveriam ser escolhidos para exercerem esta função. Homens que não fossem partidários, que não incorressem nos erros apontados, posteriormente, por Paulo como recomendação à Timóteo (1Tm 3.1-13), mas homens que fossem fiéis despenseiros da fé, instrumentos de Deus para o bom andamento de Sua Obra e o sadio desenvolvimento e crescimento da Igreja. Hoje, o que assistimos nas poucas comunidades que ainda trabalham com a existência deste oficialato, são homens que não entendem a dimensão de sua função e nem sua natureza e tratam seu exercício de maneira carnal por não entenderem que, primordialmente, é uma função espiritual a serviço do Rei, durante a propagação da mensagem de Seu reino. Nossa escolha para diáconos em nossas comunidades deve ser baseada em homens espirituais e sábios.
Como visto, a liderança eclesiástica tem sido bombardeada por todos os lados, principalmente por dentro da própria Eclésia. Num contexto assim, faz-se necessário refletir sobre a liderança da Igreja, livre de achismos, mas com base nas Escrituras. No que tange aos diáconos, precisamos entender que os critérios da Bíblia para a escolha de pessoas para exercerem esta função não se limitam aos tempos apostólicos, nem se limitam à cultura vigente à época. Precisamos primar pelos critérios dados pelo próprio Deus para a escolha de pessoas neste ministério, entendendo sua importância dentro Corpo da Igreja.
Ao Olharmos para este texto, veremos que a Igreja crescia, pois pessoas consagradas, e seguindo os critérios de Deus, eram escolhidos para o exercício das diversas funções. Portanto, precisamos estar cientes de que, como Igreja, também temos nossas responsabilidades. Dentre elas, destaca-se a necessidade de orar: 1) para que Deus levante mais homens para o cumprimento deste trabalho, entendendo que as mulheres podem cuidar da caridade e da assistência, mas o Senhor nomeou alguns exclusivamente para este fim, sendo cooperadores e auxiliares dos ministros. Precisamos orar para que a Igreja não afunde em pensamentos culturais e sociais distantes da Palavra de Deus. Oremos para que mais homens sejam levantados por Ele a fim de cumprirem este ministério e oremos para que as comunidades em que servimos como cristãos não incorram no erro de submeter às Escrituras e Sua interpretação à luz dos pensamentos de nossa cultura e sociedade. Oremos para que os que assim procedem sejam libertos pelo entendimento das Escrituras; 2) para que Deus nos dê diáconos que sejam exemplo para o fiéis e para os que ainda não pertencem à família da fé. Precisamos rogar ao Senhor da Igreja para que estes homens sejam modelos em todas as questões, por mais simples que sejam como assiduidade e pontualidade aos serviços públicos da Igreja, como aos mais complexos que envolvem suas vidas particulares diante do Senhor. Oremos para que os diáconos que já estão servindo em nossas Igrejas sejam homens capacitados por Deus para continuarem dando bom testemunho de Cristo. Oremos para que estes homens sejam livres do mal e da queda; 3) oremos para que Deus levante homens espirituais para o exercício da liderança, seja qual for, na Igreja. Mas oremos para que Deus revista e capacite os homens que já atuam como diáconos nas Igrejas do Senhor e para que entendam que seu serviço é de suma importância para o bom andamento da Obra do Senhor. Se a Igreja é espiritual, ela deve ser gerida por homens piedosos e deve orar pela vida espiritual de todos os seus líderes, inclusive os diáconos. Como Igreja de Deus devemos zelar e orar por estes irmãos preciosos. Estes, por sua vez, devem cuidar para que sejam pontuais no cumprimento dos critérios abordados pelo texto bíblico. Se assim procedermos, a Igreja do Senhor caminhará de forma mais saudável neste mundo.
Aos irmãos diáconos, que suas vidas de Serviço e dedicação ao Senhor, ainda que exercida no cuidado para com as ovelhas do Supremo Pastor, sejam exemplares, espirituais e abençoadoras do Corpo. Em momentos de frustação ou desânimo no exercício de seus ministérios, lembrem-se de que foram chamados por Cristo para esta obra e encham-se de coragem, conclamando-vos ao serviço, como os poetas o fizeram[6]:
1         Vamos nós trabalhar, somos servos de Deus,
E o Mestre seguir no caminho dos Céus!
Com o seu bom conselho o vigor renovar,
Diligentes fazendo o que ele ordenar.
No labor, sem cessar,
A servir a Jesus.
Com amor e fé e com oração,
Até que volte o bom Senhor!
2         Vamos nós trabalhar e os famintos fartar
Para à fonte os sedentos depressa levar!
Só na cruz do Senhor nossa glória será,
Pois Jesus salvação por seu sangue nos dá!
3         Vamos nós trabalhar, ajudados por Deus
Que a coroa de glória nos dá lá nos céus.
A mansão dos fiéis sempiterna será,
Pois Jesus salvação inefável nos dá!
(F. J. Crosby – M. A. Menezes)



[1] Não fazendo distinção, nesse momento, entre Cristãos romanistas, cristãos protestantes reformados, cristãos evangélicos pentecostais e cristãos evangélicos neopentecostais. Aqui, falamos de todas essas vertentes de forma geral.
[2] Notadamente, ao longo da história da Igreja, houve homens que buscavam a manutenção do título de “apóstolos”, não sendo apenas em nossos dias que tal busca se deu. A busca pela manutenção do título e a aquisição deste se dá por um equívoco quanto ao entendimento da função dos apóstolos. Primeiro, entende-se que o termo se aplica aos onze dos discípulos escolhidos por Cristo para estarem com ele durante seu ministério terreno, Matias, escolhido como substituto de Judas, ao atender os critérios que os demais apóstolos estabeleceram para assumir tal função (Atos 1.15-26) e Paulo. Embora distante temporalmente dos dias de Jesus, pela graça de Deus, também cumpriu os requisitos estabelecidos pelos demais apóstolos, razão pela qual tornou-se o 13º apóstolo, enviado aos gentios. A função desempenhada por estes homens era única. Nenhum outro homem, mesmo chamado por Deus para exercer a liderança na Igreja, inclusive nos dias dos apóstolos, fora chamado assim, pois este era um chamado restrito a estes homens para o início da Igreja e para a propagação dos ensinos que percebemos do Novo Testamento. Depois destes não vemos nenhum outro homem assim chamado nas Escrituras. Lemos sobre bispos, anciãos, anjos, pastores, presbíteros, diáconos. Mas apóstolos, de forma única, apenas a estes 13 homens. Para maiores informações: LOPES, Augustus Nicodemus. Apóstolos. Verdade bíblica sobre o apostolado. São José dos Campos: Editora Fiel, 2014. Ver também: LOPES, Augustus Nicodemus. Não há apóstolos Hoje. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=akiSrBXfVeU. Acessado em 09/07/16.
[3] Aqui nos referimos ao termo “profeta”, utilizado não como os arautos de Deus, visto no Novo Testamento, mas sim na imagem que se tem do ofício à luz do Antigo Testamento, como boca de Deus a partir de revelações especiais. A Carta aos Hebreus deixa claro que este antigo modo havia passado, pois, agora, o Senhor falava por meio da Lei e dos Profetas (Antigo Testamento) e por meio dos ensinos apostólicos e dos ensinos do Senhor (Novo Testamento) que, pela providência de Deus, foram relatados e preservados ao longo dos séculos, chegando até nossos dias fornecendo o necessário para que os Arautos do Rei possam falar com propriedade em nossos dias.
[4] É preciso entender que o patriarcado bíblico é distinto das concepções atuais de machismo e feminismo e do que ambas pregam.
[5] Aqui no sentido de humanidade.
[6] Hino Serviço do Crente. (nº 315 do Hinário Novo Cântico)