segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Os Pilares da Reforma

Desde a reforma religiosa no século XVI, a igreja Protestante defendeu com afinco os cinco pilares principais, que sustentavam toda a teologia desenvolvida a partir dali. Em nossos dias, não é diferente. Embora as igrejas evangélicas tiveram sua origem na reforma, nem todas são reformadas e algumas sustentam doutrinas contrárias às Escrituras e contrárias àquelas que formam a base teológica daquilo em que cremos. Esta base, ou pilares, são conhecidos como os cinco solas:
Sola Scriptura (somente as escrituras): Diante do posicionamento oficial da Igreja que sustentava que além das Escrituras, a tradição e o posicionamento oficial do “santo Padre” eram a palavra de Deus de forma autoritativa, os reformadores entenderam e defenderam que somente as Escrituras tem voz e autoridade sobre a Igreja de Cristo, uma vez que ela foi divinamente inspirada por Deus (2Tm 3.16-17). Somente ela poderia ser a palavra final para legislar sobre a igreja e nada além dela poderia ter a mesma autoridade e a palavra dos líderes da igreja deveriam basear-se exclusivamente nela.
Solus Christus (somente Cristo): Em 431 d.C. a igreja romana instituiu o culto à Maria. Em 787 foi estabelecido o culto as imagens e em 933 a canonização dos Santos. A Igreja passou a ensinar que Cristo, em sua obra mediadora e redentora não era suficiente. As confissões não deveriam ser feitas a Jesus, mas ao vigário erigido na Igreja. Esse tinha autoridade para perdoar pecados e impor penitências para expiar os pecados. A reforma defendeu que todos esses méritos e funções não são conferidos a homens, pois foram cumpridos e praticados eficazmente em Cristo (Cl 1.13-23).
Sola Gratia (somente a Graça): A salvação, em momento algum, pode ser creditada como mérito humano. A Reforma entendeu o princípio bíblico de que estávamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1,5) e que, nesse estado, não poderíamos salvar a nós mesmos. Não podemos optar pela salvação de maneira natural porque o homem natural se opõe a tudo o que é espiritual (Gl 5.16-17). Nada do que fizermos nos garante salvação. Ela é fruto exclusivo da misericórdia e do favor de Deus que concede a quem quer.
Sola Fide (Somente a Fé): Uma vez q a salvação se dá em Cristo por causa da Graça de Deus, não existe espaço para obras na ordo salutis (ordem da salvação). O meio pelo qual a graça efetua a salvação em nossas vidas é a fé que o próprio Deus coloca em nós. Ef 2.8-9 Paulo defende que apenas pela fé somos salvos em Cristo, eliminando de nós qualquer possibilidade de a conquistarmos por meio de obras. Nada do que fizermos, nenhum sacrifício nosso, pode creditar a salvação a nosso favor. Já que é Deus quem o faz, é somente pela fé que o vemos e recebemos, ainda que não compreendamos. Afinal, fé vai além da nossa compreensão (Hb 11.1-3).
Soli Deo Glória (Somente a Deus a glória): Deus não divide sua glória com ninguém (Is 42.8). Ele não dividia com Maria, com a Igreja, com os padres ou o Santo Padre. Ele continua não dividindo sua glória nem com Cavino, Lutero, demais reformadores, crentes e etc. Somente Deus é digno de honra, glória e louvor e não fazê-lo é não confiar na sua suficiência e dignidade daquilo que Ele requer. Culto, louvor e adoração, somente a Ele.

Continuemos a defender com o mesmo ardor e afinco os pilares da nossa fé que, noutros momentos, resgatou a igreja dum declínio total. Em nossos dias, essas bases têm sido violentadas por aqueles que deveriam defendê-las, pois vão na contramão dos anseios humanos. Nosso dever é crer, sustentar e defender essas bases bíblicas que mostram a supremacia de Deus e sua soberania, mesmo diante de dias maus. Exclamemos: “Teu povo, ó Deus, assiste em teu labor no testemunho do teu grande amor, as nossas vidas vem fortalecer para o teu nome sempre engrandecer.” (4ª estrofe do hino “Deus dos Antigos”. Nº 18 do HNC)


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

...Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim... (Mt 19.14)

   Hoje, ao analisarmos as palavras de Jesus, temos a ideia de que Ele alertou simplesmente que devemos levar as crianças aos cultos e atividades eclesiásticas, porém não era da igreja que Ele tratava, e sim dEle próprio, “...vir a mim...”. Devemos alertarmos, pois muitas das vezes algumas atitudes e conceitos são embaraços para as crianças se achegarem a Cristo. O primeiro deles é acreditarmos que AS CRIANÇAS NÃO TEM CAPACIDADE de entender o relacionamento com Cristo, e assim as excluir de atividades eclesiásticas como oração, doutrina e missões, sendo que o próprio Jesus nos ensina sermos como crianças. Segundo é NÃO LHES ENSINANDO OS DEVIDOS PRECEITOS BÍBLICOS, o que vem acontecendo muito em nossos dias. Os preceitos bíblicos como honrar os pais, respeito aos mais velhos e autoridades, conduta exemplar e outros que permeiam uma vida cristã, tem sido deixados de lados em prol de “pedagogices”, diferente de pedagogia, que referendada na bíblia, creio ser uma excelente ferramenta. Por último, vejo como embaraço as crianças a falsa doutrina da IMPUTABILIDADE DE PECADO, o que mesmo inconscientemente, tem acometido muitos pais e educadores em nosso meio. Existe uma ideia de que são santas, não tem maldades e por isso tudo que fazem não deve ser passível de correção, pois o pecado ainda não lhes maculou. Uma mentira terrível! A sagrada escritura nos ensina que nascemos em pecado (Salmos 51.5). Tenhamos cuidado com as nossas crianças e com todo amor, zelo e temor no Senhor, cuidemos delas para que não as empeçamos de seguir a Cristo.

(Texto de Matheus Gouveia de Deus Bastos, via Facebook. 14/10/13.)

As Crianças para Jesus

         É evidente que todos nós temos uma visão com respeito ao papel das crianças no Reino de Deus e da importância que tem a educação cristã que elas recebem nesta fase. Também compreendemos que elas são a igreja do futuro e que são delas que sairão os próximos Pastores, Presbíteros, Diáconos, Professores de Escola Dominical e etc. Contudo, infelizmente, não temos ideia da dimensão da responsabilidade que isto traz a cada um de nós enquanto lideres da igreja e pais desta parte do Corpo de Cristo.
Embora em nossas mentes esteja bem latente a visão do papel delas amanhã na igreja, muitas vezes nos esquecemos – ou queremos esquecer – o papel que elas exercem hoje e da nossa função de ensiná-los desde já nos caminhos do SENHOR, agindo muitas vezes como os discípulos de Cristo agiram em Marcos 10.13-16, servindo de obstáculos entre as crianças e Cristo.
Também é preciso analisar o que tem ocorrido com as crianças na sociedade civil. Infelizmente elas também perderam o seu papel na sociedade, diante de tantos absurdos que vemos todos os dias ao nos determos aos meios de comunicação. A elas não cabem mais o papel de sonhar, pois seus sonhos são muitas vezes destruídos pelas pessoas que deveriam dar apoio a elas. Não se dá uma educação digna nem uma condição digna de sobrevivência. Roubam a infância dos nossos pequeninos não apenas cometendo atos libidinosos e hediondos, mas a própria estrutura de pensamento que rege esta sociedade, observando-os como cidadãos do amanhã, contribui para que não tenham voz para lutar por seus direitos, mas sejam violentamente vituperados, sem direito algum ou, pior, tendo como representantes de seus direitos, aqueles que sustentam tais pensamentos e que também as violam moralmente.
Mas o que fazer hoje? Qual o papel que a igreja deve desenvolver com relação ás crianças de modo que preparemos a igreja do amanhã? O que eu e você temos feito para dar apoio e base bíblica para esta “igreja do futuro”? Será que o nosso maior problema está no fato de vermos elas única e exclusivamente como “igreja do amanhã” e nos esquecemos de que elas pertencem – e são – a igreja de hoje? As respostas que damos a estas questões definem radicalmente a postura que temos tomado em nossas igrejas.
Contudo, diante de tudo isto que já expusemos aqui, pensemos: “O que o nosso Mestre nos tem a dizer diante destas coisas?” Qual seria a reação de Jesus ao adentrar a nossas igrejas hoje e observasse a maneira como nós temos educado nossas crianças “no caminho em que deve andar” (Pv 22.6)? Analisemos o que ocorreu em Marcos 10.13-16 e vejamos algumas lições para nós hoje.
1.      Afastando as crianças de Jesus: Ao olharmos a reação dos discípulos de Cristo quando as crianças aproximam-se Dele, infelizmente, temos a sensação de que esta passagem está ocorrendo dentro de algumas igrejas. É com tristeza que vemos aqueles que deveriam ensinar a palavra de Deus as crianças muitas vezes agirem com certo descaso para com elas achando que coisas referentes a Deus e ao serviço santo não devem ser ensinados a elas de modo prático. É comum vermos em cultos públicos – independente da denominação – algumas alas da Igreja presentes. Infelizmente, apercebe-se a ausência daqueles que são mais jovens, e, principalmente, das crianças. Vemos grandes trabalhos evangelísticos sendo realizados pela igreja, contudo quantos trabalhos evangelísticos são feitos para alcançar crianças? A maioria das pessoas talvez diriam que isso é de total responsabilidade dos professores das ED’s, outros afirmariam que é de responsabilidade dos diretores de UCP e estes afirmariam que isto é de responsabilidade da igreja (líderes) ou, no máximo, das próprias crianças em relação aos amigos da escola. E no final das contas ficam sempre um esperando pelo outro e o trabalho não vai adiante. Por outro lado, há alguns anos temos experimentado na prática a inserção do pensamento comum às Igrejas quanto à participação restrita aos trabalhos da Escola Bíblica Dominical e, quando muito, no culto Dominical Vespertino. Temos presenciado o desenvolvimento da geração “Escola Dominical”, onde os progenitores e/ou responsáveis acham de sumária importância apenas a participação nas EBD’s e esquecem-se de que, como parte do povo da aliança, são conclamados a participarem tão somente de todos os trabalhos espirituais promovidos pelas igrejas. Os responsáveis são chamados por Deus a inculcarem e a incentivarem a participação ativa nos serviços santos dentro e fora dos murais da igreja. Mas, infelizmente, os discípulos de Cristo em nossas igrejas estão fazendo como os discípulos fizeram a mais de 2000 anos atrás: impedindo-as de terem acesso ao SENHOR da Salvação por acharem a) desnecessário; b) cansativo; c) que atrapalham a receptação da mensagem aos mais velhos. Contudo, a educação cristã infantil não é apenas de responsabilidade da igreja, mas também dos pais que muitas vezes negligenciam os preceitos bíblicos neste mister (Dt 6; Pv 22.6, Ef 6.4; etc.), esquecendo-nos que elas também são salvas pela graça mediante o ato sacrificial de Cristo (Rm 6.23), pois, ainda que crianças, são pecadoras e carecem da Glória de Deus (Rm 3.23). Ao invés de facilitarmos o acesso delas ao SENHOR, muitas vezes as afastamos sem nos dar conta do que estamos fazendo.
2.      A reação de Jesus: Quando Jesus vê o que seus discípulos estavam fazendo com aquelas crianças, Ele se indigna e passa a mostrar-lhes que elas devem ter acesso a Ele. Vale lembrar que aquelas crianças ali eram filhos dos que estavam ouvindo a Jesus. O capítulo 10 de Marcos é uma sessão toda dedicada à família. Primeiro, há um ensino quanto ao divórcio, mostrando a importância de se ter uma estrutura sadia no casamento para, então, ter uma família sadia aos pés do Senhor, tendo acesso a Ele e, por fim, mostra o valor das finanças dentro da estrutura familiar do povo de Deus. Um lar sadio, aos olhos de Cristo, é um lar onde não apenas os pais estão aprendendo e crescendo na graça, mas os filhos também. Jesus mostra ainda que inclusive os adultos ali presentes deveriam ser como crianças para entrarem no reino de Deus. Mas o que isto significa? Devemos agir de modo infantil em nossas atitudes cristãs? De modo Algum. Jesus está expressando ali que os discípulos deveriam ser como aquelas crianças no sentido de que deveriam assumir algumas características daquelas que ali estavam. Ou seja, viver sob a dependência exclusiva do Pai, tendo sinceridade nas suas atitudes e desprovidos de senso de autossuficiência. Naqueles dias, cultural e socialmente falando as crianças eram totalmente dependentes de seus progenitores e não tinham voz própria. Embora, por causa da nossa cultura herdada do catolicismo achemos que as crianças já estão automaticamente no céu, este texto ensina-nos a repensar e a refletir nossas atitudes diante do pai, vivendo na dependência Dele. Quando as crianças estavam ali, próximas ao SENHOR Jesus, não era com falsidade ou por interesse. Elas estavam ali não porque convinha, mas porque de fato era o que elas queriam. Elas iriam viver toda a sua vida para servir á Cristo porque elas foram tocadas por Ele ainda crianças. De modo que hoje nós também devemos ter a mesma convicção expressa ali: quando as crianças se entregam ao SENHOR, elas o fazem não por conveniência, mas por que realmente amam a Deus e quando entregam suas vidas, elas entregam totalmente.
Precisamos compreender que elas não são meramente a igreja do amanhã. Precisamos compreender que elas já são a igreja e irão compor a liderança de amanhã, mas serão aquilo que nós as temos ensinado e farão aquilo que nós temos feito a elas. Qual tem sido a nossa postura como os responsáveis pela educação cristã das crianças? Temos agido com descaso ou de fato temos nos preocupado com esta questão? Temos compreendido que elas são de fato a igreja ou temos simplesmente dito que elas são a “igreja do amanhã” e esquecendo de deixar um legado de fé a elas? Qual a herança que você e eu, igreja atual, temos deixado para nossas crianças e, consequentemente, para a igreja do que continuará existindo sem a nossa presença? Que o SENHOR molde a nossa visão para termos uma visão biblicamente orientada a respeito deste ministério da igreja. Que Cristo transforme a nossa visão para que tenhamos a nossa em coerência com a visão Dele mesmo em relação a este assunto. Que o amor que temos pelos nossos infantes seja tão grandioso a ponto de nos fazer dar a eles o que de mais precioso temos para nós: O acesso à Cristo e aos seus ensinos constantes. Que Deus nos abençoe![1]





[1] Extraído e adaptado de: REIS, Michel dos Santos. As Crianças para Jesus. Jornal Brasil Presbiteriano. São Paulo. Edição de Maio de 2009. P. 10-11.

sábado, 12 de outubro de 2013

O Melhor Presente para Nossas Crianças


Anualmente, no dia 12 de Outubro, comemoramos o Dia das Crianças. Vemos um significativo investimento por parte do comércio para chamar a atenção das crianças fazendo com que os pais lhes deem presentes cada vez mais sofisticados, e estes, muitas vezes, não medem esforços para dar tais presentes aos filhos. Mesmo aqueles que não podem dar presentes de ultima geração, não conseguem deixar de presentear seus filhos com alguma coisa material.
Entretanto, existe um presente muito maior e muito mais significativo que muitas vezes não nos custa nada, financeiramente falando, e que tem um resultado muito maior e trás um benefício enorme às nossas crianças. Nem todos podem oferecer tal presente, pois nem todos têm acesso a ele. Este presente trata-se do Evangelho.
Quando olhamos para as Escrituras, vemos uma ênfase do Senhor no ensino de Sua mensagem para as crianças. Em Deuteronômio 6 há uma ordem do Senhor para que Israel inculcasse e ensinasse os grandes feitos de Deus às crianças para que, na medida em que fossem crescendo, soubessem quem era o Senhor, o que Ele fez (Pv. 22.6; Ef 6.1-4) e para que transmitissem, posteriormente, às gerações futuras.
No Novo Testamento temos uma grande lição dada pelo próprio Jesus, indicando que Ele se preocupava com as crianças e que nós, Seus discípulos, não deveríamos impedir ou dificultar o acesso das mesmas a Ele (Mt 19.13-15; Mc 10.13-16; Lc 18.15-17).
Olhando, então, para esses textos temos estes e outros motivos para presentearmos os nossos filhos com o maior presente de todos. Eis alguns deles: Por que devemos evangelizar as crianças? Porque a Bíblia afirma que “todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente [...] em Jesus Cristo...” (Rm 3.23-24); “porque o Salário do pecado é a morte” (Rm 6.23) e ninguém, nem mesmo as crianças, estão isentas de tal verdade; “porque quem tem o filho [de Deus] tem a vida...” (1Jo 5.12); Quem deve evangelizar as crianças? Ao contrário do que muitos pensam este não é um dever somente dos pais ou da igreja enquanto instituição. Este é um dever de cada um dos crentes, pois fomos chamados para este fim (1Pe 2.9 e 10) e as crianças fazem parte da aliança que Deus têm com Seu povo, devendo assim, conhecer ao Senhor.
Diante do que vimos, pensemos: neste dia em que o mundo se volta para olhar os nossos infantes, o que é mais importante para nós? Nos preocuparmos com eles somente agora, ou nos preocuparmos também com o futuro deles? Na verdade, o custo de apresentarmos o Evangelho a eles é muito maior do que apenas darmos algum presente, pois envolve vidas inteiras diante de Deus: por parte dos adultos, e a vida inteira das nossas crianças diante do Senhor. A vida de nossas crianças são muito valiosas, por isso precisamos compreender a importância de tê-las na presença de Jesus, entendendo que lugar de criança é aos pés de Cristo.[1]





[1] REIS, Michel dos Santos. O Melhor presente para nossas crianças. Disponível em: http://federacao.ucp.prsb.zip.net/ acessado e atualizado em 08 de Outubro de 2010

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O Livre Arbítrio ou Liberdade da Vontade

O livre arbítrio é uma dotação de Deus para que o homem, criado à sua imagem e semelhança, possa, dentro dos limites existenciais, naturais e sociais, expressar-se como ser humano nas seguintes áreas:

A) A livre busca ou aquisição dos meios de sobrevivência biológica: necessidade que exige esforço, trabalho, criatividade e perseverança. A escolha dos meios, as habilitações, a fixação na área escolhida e progresso profissional resultam da livre vontade do homem, a quem o Criador equipa com pendores, dons e vocação individuais. Com as divisões do trabalho na sociedade industrial e mercantil, com tarefas cada vez mais específicas e tecnologicamente mais especializadas, a liberdade da vontade, no campo profissional, tem sofrido muitas restrições. Este quadro tem traumatizado muitas pessoas por se sentirem “mecanizadas” e escravizadas aos rígidos sistemas empresariais. A industrialismo e o tecnologismo desnaturalizam os seres humanos, afastam-nos dos ambientes naturais em que viveram seus antepassados, quando a liberdade da vontade, no setor de aquisição de recursos necessários à sobrevivência, era maior e mais espontânea. Hoje, somos mais escravos dos meios de produção industrial, que produtores livres. O progresso, intervenção do homem no mundo de Deus, traz benefícios com malefícios. O saldo positivo, por enquanto, tem permanecido a favor do bem estar humano, mas tudo indica que, num futuro não muito distante, a reversão acontecerá, e as conseqüências serão imprevisíveis.

B) A livre vontade na perpetuação: A escolha do cônjuge, construção do “ninho familiar”, organização da família e criação, manutenção, proteção e educação dos filhos. A formação da família é uma realização do desejo e da vontade do homem, além de ser uma necessidade para a geração e perpetuação da espécie humana. O mesmo impulso sexual pode levar à formação indissolúvel do par humano e à procriação, ou à dissolução da família, à depravação individual e à desintegração da sociedade. A liberdade da vontade atua para o bem ou para o mal.

C) A liberdade de locomoção, o direito de ir e vir, de escolher os locais de atividades locomotoras e os espaços de visitação, de turismo, de negócios ou de pesquisas: O homem foi, no início de sua história, mais nômade que sedentário. O sedentarismo e a peregrinação são heranças do homem, que nele se harmonizam ou se conflitam.

D) A liberdade de opção e de escolha entre duas ou mais proposições, dois ou mais caminhos, dois ou múltiplos objetos, duas ou mais profissões: A vida nos desafia contínua e sistematicamente a fazermos opção por alguma coisa e decidirmos, até sobre questões insignificantes como, por exemplo, entre uma gravata e outra, uma marca e outra, um produto e outro do mercado, um sabor e outro. Tais liberdades, embora naturais, são todas contingenciadas por várias e múltiplas circunstâncias, de modo que, rigorosamente falando, não existe para o homem, em si mesmo limitado, liberdade absoluta. O querer somente é poder para os que possuem condições intrínsecas e extrínsecas de realização da vontade: quem não possui recursos econômicos pode ter vontade de passar férias em Londres, mas não terá “poder” e “liberdade” para realização do desejo; quem não é dotado do dom da pintura, pode sonhar em ser um Portinari, mas jamais chegará a tanto. Todo homem se movimenta dentro de um universo pessoal limitado e condicionado a naturais e eventuais circunstâncias restritivas. Liberdade plena não existe para o ser humano finito e cercado de barreiras limitantes contingenciais ou circunstanciais.[1]

[1] FIGUEIREDO, Rev. Onésio. Confissão de Fé de Westminster comentada: DO LIVRE ARBÍTRIO. CAPÍTULO IX. São Paulo. Igreja Presbiteriana Ebenezer. Disponível em: http://www.ebenezer.org.br/Download/Onezio/ConfissaoFeWestminster.pdf Acessado em: 13 de Dezembro de 2011.