sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O Livre Arbítrio ou Liberdade da Vontade

O livre arbítrio é uma dotação de Deus para que o homem, criado à sua imagem e semelhança, possa, dentro dos limites existenciais, naturais e sociais, expressar-se como ser humano nas seguintes áreas:

A) A livre busca ou aquisição dos meios de sobrevivência biológica: necessidade que exige esforço, trabalho, criatividade e perseverança. A escolha dos meios, as habilitações, a fixação na área escolhida e progresso profissional resultam da livre vontade do homem, a quem o Criador equipa com pendores, dons e vocação individuais. Com as divisões do trabalho na sociedade industrial e mercantil, com tarefas cada vez mais específicas e tecnologicamente mais especializadas, a liberdade da vontade, no campo profissional, tem sofrido muitas restrições. Este quadro tem traumatizado muitas pessoas por se sentirem “mecanizadas” e escravizadas aos rígidos sistemas empresariais. A industrialismo e o tecnologismo desnaturalizam os seres humanos, afastam-nos dos ambientes naturais em que viveram seus antepassados, quando a liberdade da vontade, no setor de aquisição de recursos necessários à sobrevivência, era maior e mais espontânea. Hoje, somos mais escravos dos meios de produção industrial, que produtores livres. O progresso, intervenção do homem no mundo de Deus, traz benefícios com malefícios. O saldo positivo, por enquanto, tem permanecido a favor do bem estar humano, mas tudo indica que, num futuro não muito distante, a reversão acontecerá, e as conseqüências serão imprevisíveis.

B) A livre vontade na perpetuação: A escolha do cônjuge, construção do “ninho familiar”, organização da família e criação, manutenção, proteção e educação dos filhos. A formação da família é uma realização do desejo e da vontade do homem, além de ser uma necessidade para a geração e perpetuação da espécie humana. O mesmo impulso sexual pode levar à formação indissolúvel do par humano e à procriação, ou à dissolução da família, à depravação individual e à desintegração da sociedade. A liberdade da vontade atua para o bem ou para o mal.

C) A liberdade de locomoção, o direito de ir e vir, de escolher os locais de atividades locomotoras e os espaços de visitação, de turismo, de negócios ou de pesquisas: O homem foi, no início de sua história, mais nômade que sedentário. O sedentarismo e a peregrinação são heranças do homem, que nele se harmonizam ou se conflitam.

D) A liberdade de opção e de escolha entre duas ou mais proposições, dois ou mais caminhos, dois ou múltiplos objetos, duas ou mais profissões: A vida nos desafia contínua e sistematicamente a fazermos opção por alguma coisa e decidirmos, até sobre questões insignificantes como, por exemplo, entre uma gravata e outra, uma marca e outra, um produto e outro do mercado, um sabor e outro. Tais liberdades, embora naturais, são todas contingenciadas por várias e múltiplas circunstâncias, de modo que, rigorosamente falando, não existe para o homem, em si mesmo limitado, liberdade absoluta. O querer somente é poder para os que possuem condições intrínsecas e extrínsecas de realização da vontade: quem não possui recursos econômicos pode ter vontade de passar férias em Londres, mas não terá “poder” e “liberdade” para realização do desejo; quem não é dotado do dom da pintura, pode sonhar em ser um Portinari, mas jamais chegará a tanto. Todo homem se movimenta dentro de um universo pessoal limitado e condicionado a naturais e eventuais circunstâncias restritivas. Liberdade plena não existe para o ser humano finito e cercado de barreiras limitantes contingenciais ou circunstanciais.[1]

[1] FIGUEIREDO, Rev. Onésio. Confissão de Fé de Westminster comentada: DO LIVRE ARBÍTRIO. CAPÍTULO IX. São Paulo. Igreja Presbiteriana Ebenezer. Disponível em: http://www.ebenezer.org.br/Download/Onezio/ConfissaoFeWestminster.pdf Acessado em: 13 de Dezembro de 2011.

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