segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As Crianças para Jesus

         É evidente que todos nós temos uma visão com respeito ao papel das crianças no Reino de Deus e da importância que tem a educação cristã que elas recebem nesta fase. Também compreendemos que elas são a igreja do futuro e que são delas que sairão os próximos Pastores, Presbíteros, Diáconos, Professores de Escola Dominical e etc. Contudo, infelizmente, não temos ideia da dimensão da responsabilidade que isto traz a cada um de nós enquanto lideres da igreja e pais desta parte do Corpo de Cristo.
Embora em nossas mentes esteja bem latente a visão do papel delas amanhã na igreja, muitas vezes nos esquecemos – ou queremos esquecer – o papel que elas exercem hoje e da nossa função de ensiná-los desde já nos caminhos do SENHOR, agindo muitas vezes como os discípulos de Cristo agiram em Marcos 10.13-16, servindo de obstáculos entre as crianças e Cristo.
Também é preciso analisar o que tem ocorrido com as crianças na sociedade civil. Infelizmente elas também perderam o seu papel na sociedade, diante de tantos absurdos que vemos todos os dias ao nos determos aos meios de comunicação. A elas não cabem mais o papel de sonhar, pois seus sonhos são muitas vezes destruídos pelas pessoas que deveriam dar apoio a elas. Não se dá uma educação digna nem uma condição digna de sobrevivência. Roubam a infância dos nossos pequeninos não apenas cometendo atos libidinosos e hediondos, mas a própria estrutura de pensamento que rege esta sociedade, observando-os como cidadãos do amanhã, contribui para que não tenham voz para lutar por seus direitos, mas sejam violentamente vituperados, sem direito algum ou, pior, tendo como representantes de seus direitos, aqueles que sustentam tais pensamentos e que também as violam moralmente.
Mas o que fazer hoje? Qual o papel que a igreja deve desenvolver com relação ás crianças de modo que preparemos a igreja do amanhã? O que eu e você temos feito para dar apoio e base bíblica para esta “igreja do futuro”? Será que o nosso maior problema está no fato de vermos elas única e exclusivamente como “igreja do amanhã” e nos esquecemos de que elas pertencem – e são – a igreja de hoje? As respostas que damos a estas questões definem radicalmente a postura que temos tomado em nossas igrejas.
Contudo, diante de tudo isto que já expusemos aqui, pensemos: “O que o nosso Mestre nos tem a dizer diante destas coisas?” Qual seria a reação de Jesus ao adentrar a nossas igrejas hoje e observasse a maneira como nós temos educado nossas crianças “no caminho em que deve andar” (Pv 22.6)? Analisemos o que ocorreu em Marcos 10.13-16 e vejamos algumas lições para nós hoje.
1.      Afastando as crianças de Jesus: Ao olharmos a reação dos discípulos de Cristo quando as crianças aproximam-se Dele, infelizmente, temos a sensação de que esta passagem está ocorrendo dentro de algumas igrejas. É com tristeza que vemos aqueles que deveriam ensinar a palavra de Deus as crianças muitas vezes agirem com certo descaso para com elas achando que coisas referentes a Deus e ao serviço santo não devem ser ensinados a elas de modo prático. É comum vermos em cultos públicos – independente da denominação – algumas alas da Igreja presentes. Infelizmente, apercebe-se a ausência daqueles que são mais jovens, e, principalmente, das crianças. Vemos grandes trabalhos evangelísticos sendo realizados pela igreja, contudo quantos trabalhos evangelísticos são feitos para alcançar crianças? A maioria das pessoas talvez diriam que isso é de total responsabilidade dos professores das ED’s, outros afirmariam que é de responsabilidade dos diretores de UCP e estes afirmariam que isto é de responsabilidade da igreja (líderes) ou, no máximo, das próprias crianças em relação aos amigos da escola. E no final das contas ficam sempre um esperando pelo outro e o trabalho não vai adiante. Por outro lado, há alguns anos temos experimentado na prática a inserção do pensamento comum às Igrejas quanto à participação restrita aos trabalhos da Escola Bíblica Dominical e, quando muito, no culto Dominical Vespertino. Temos presenciado o desenvolvimento da geração “Escola Dominical”, onde os progenitores e/ou responsáveis acham de sumária importância apenas a participação nas EBD’s e esquecem-se de que, como parte do povo da aliança, são conclamados a participarem tão somente de todos os trabalhos espirituais promovidos pelas igrejas. Os responsáveis são chamados por Deus a inculcarem e a incentivarem a participação ativa nos serviços santos dentro e fora dos murais da igreja. Mas, infelizmente, os discípulos de Cristo em nossas igrejas estão fazendo como os discípulos fizeram a mais de 2000 anos atrás: impedindo-as de terem acesso ao SENHOR da Salvação por acharem a) desnecessário; b) cansativo; c) que atrapalham a receptação da mensagem aos mais velhos. Contudo, a educação cristã infantil não é apenas de responsabilidade da igreja, mas também dos pais que muitas vezes negligenciam os preceitos bíblicos neste mister (Dt 6; Pv 22.6, Ef 6.4; etc.), esquecendo-nos que elas também são salvas pela graça mediante o ato sacrificial de Cristo (Rm 6.23), pois, ainda que crianças, são pecadoras e carecem da Glória de Deus (Rm 3.23). Ao invés de facilitarmos o acesso delas ao SENHOR, muitas vezes as afastamos sem nos dar conta do que estamos fazendo.
2.      A reação de Jesus: Quando Jesus vê o que seus discípulos estavam fazendo com aquelas crianças, Ele se indigna e passa a mostrar-lhes que elas devem ter acesso a Ele. Vale lembrar que aquelas crianças ali eram filhos dos que estavam ouvindo a Jesus. O capítulo 10 de Marcos é uma sessão toda dedicada à família. Primeiro, há um ensino quanto ao divórcio, mostrando a importância de se ter uma estrutura sadia no casamento para, então, ter uma família sadia aos pés do Senhor, tendo acesso a Ele e, por fim, mostra o valor das finanças dentro da estrutura familiar do povo de Deus. Um lar sadio, aos olhos de Cristo, é um lar onde não apenas os pais estão aprendendo e crescendo na graça, mas os filhos também. Jesus mostra ainda que inclusive os adultos ali presentes deveriam ser como crianças para entrarem no reino de Deus. Mas o que isto significa? Devemos agir de modo infantil em nossas atitudes cristãs? De modo Algum. Jesus está expressando ali que os discípulos deveriam ser como aquelas crianças no sentido de que deveriam assumir algumas características daquelas que ali estavam. Ou seja, viver sob a dependência exclusiva do Pai, tendo sinceridade nas suas atitudes e desprovidos de senso de autossuficiência. Naqueles dias, cultural e socialmente falando as crianças eram totalmente dependentes de seus progenitores e não tinham voz própria. Embora, por causa da nossa cultura herdada do catolicismo achemos que as crianças já estão automaticamente no céu, este texto ensina-nos a repensar e a refletir nossas atitudes diante do pai, vivendo na dependência Dele. Quando as crianças estavam ali, próximas ao SENHOR Jesus, não era com falsidade ou por interesse. Elas estavam ali não porque convinha, mas porque de fato era o que elas queriam. Elas iriam viver toda a sua vida para servir á Cristo porque elas foram tocadas por Ele ainda crianças. De modo que hoje nós também devemos ter a mesma convicção expressa ali: quando as crianças se entregam ao SENHOR, elas o fazem não por conveniência, mas por que realmente amam a Deus e quando entregam suas vidas, elas entregam totalmente.
Precisamos compreender que elas não são meramente a igreja do amanhã. Precisamos compreender que elas já são a igreja e irão compor a liderança de amanhã, mas serão aquilo que nós as temos ensinado e farão aquilo que nós temos feito a elas. Qual tem sido a nossa postura como os responsáveis pela educação cristã das crianças? Temos agido com descaso ou de fato temos nos preocupado com esta questão? Temos compreendido que elas são de fato a igreja ou temos simplesmente dito que elas são a “igreja do amanhã” e esquecendo de deixar um legado de fé a elas? Qual a herança que você e eu, igreja atual, temos deixado para nossas crianças e, consequentemente, para a igreja do que continuará existindo sem a nossa presença? Que o SENHOR molde a nossa visão para termos uma visão biblicamente orientada a respeito deste ministério da igreja. Que Cristo transforme a nossa visão para que tenhamos a nossa em coerência com a visão Dele mesmo em relação a este assunto. Que o amor que temos pelos nossos infantes seja tão grandioso a ponto de nos fazer dar a eles o que de mais precioso temos para nós: O acesso à Cristo e aos seus ensinos constantes. Que Deus nos abençoe![1]





[1] Extraído e adaptado de: REIS, Michel dos Santos. As Crianças para Jesus. Jornal Brasil Presbiteriano. São Paulo. Edição de Maio de 2009. P. 10-11.

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