sexta-feira, 4 de maio de 2012

Quem é o Deus dos crentes?

O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, que um homem encontrou e o escondeu. Então, em sua alegria, vai e vende tudo o que tem e o compra. (Mt 13.44)
Um famoso conto infantil lançado em desenho pelo Walt Disney Production (1992) foi o famoso filme chamado “Aladin”. Nesse filme, temos narrado a história de um personagem cujo nome é o mesmo do filme. Aladim é um menino que vive nas ruas da fictícia cidade de Agrabah. Ele é um garoto muito pobre que sonha em mudar de vida e dar uma vida mais digna para sua mãe. Na cia de seu macaco de estimação, ele vive roubando alimentos no mercado de Rua de Agrabah. É em um desses dias que ele conhece a princesa Jasmine e deseja tê-la consigo. Um forasteiro, percebe seu encanto pela Jasmine e propõe-lhe uma parceria para que ambos pudessem se dar bem. Ele veste Aladin com roupas festivas e apresenta-lhe como um príncipe. Em troca, Aladin o ajudaria a entrar num templo subterrâneo para poder pegar um tesouro antigo. Feito o acordo, Aladin apresenta-se a Jasmine e ao sultão. Depois disso, vai cumprir sua parte no acordo e adentra o templo subterrâneo a fim de pegar os tesouros escondidos. Entretanto, o forasteiro o persuade a obter apenas um tesouro em especial: uma lâmpada velha. Ao fazê-lo, o templo entra em colapso e parece que será destruído. O forasteiro insiste com Aladin para entregar primeiro a Lâmpada e depois estender a mão para que seja salvo. Com a recusa, o forasteiro deixa Aladin no templo para que seja destruído. Nesse momento, Aladin esfrega a lâmpada e surge um gênio com poderes sobrenaturais a fim de realizar três desejos seus e satisfazer a sua vontade[1]. Hoje nas igrejas evangélicas não tem sido diferente.
Nos nossos dias temos presenciado um comportamento semelhante em nossos crentes. A semelhança de Aladin, alguns adentram as igrejas pensando em que tesouro poderão colocar as mãos e como poderão obter sucesso em tudo o que fazem. Ainda em semelhança ao Aladin, muitos pensam que Deus é o gênio da lâmpada que, ao encontrá-lo, ele obrigatoriamente terá de realizar todos os desejos do coração daquele que freqüenta a Igreja.  Esse pensamento é fruto de uma visão equivocada sobre o propósito de Deus quando chama o homem para fazer parte do seu reino. Há uma compreensão errada sob quem é Deus em nossa sociedade pós-moderna e quem, de fato, Deus se demonstra ser através das páginas das Escrituras Sagradas.
A grande pergunta que fazemos diante dessa disparidade entre o Deus das sagradas Escrituras e o Deus pregado pelos pastores pós-modernos é “YHWH: Deus ou Gênio da lâmpada?” Para compreendermos melhor sobre a pergunta e como respondê-la, precisamos analisar primeiro quem é Deus na visão pós-moderna, quem Deus é segundo as Escrituras, o que o homem espera de Deus na pós-modernidade e o que o Deus da bíblia espera do homem.

1.    Quem é o Deus da pós-modernidade.

Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. (Fp 3.18-19)
Um dos assuntos mais discutidos pelos evangélicos da atualidade é quem é Deus e o que, de fato, ele pode fazer. As pessoas estão acostumadas com um Deus diferente daquele pregado pelos pais da Igreja, pois o Deus ao qual tem sido pregado é um Deus que se limita à vontade humana.
Anteriormente, a imagem de Deus era atacada apenas pelos liberais que distorciam a verdade bíblica e não acreditavam no Deus que se revelava e da forma como se revelava. Hoje, infelizmente, esse tipo de ataque contra o Deus da bíblia tem saído de dentro daqueles que, outrora, eram conhecidos como detentores da verdade.  Sobre isso, John H. Armstrong diz:
Para surpresa do cristão evangélico descuidado, ataques contra a visão clássica de Deus têm sido feitos pela principal corrente liberal há mais de um século. O que tem sido totalmente surpreendente, dos últimos dez anos para cá, é que esses ataques agora estão vindo de dentro do campo evangélico.[2]
O grande problema é que o foco mudou e hoje não é mais YHWH quem está assentado no trono, reinando soberanamente como o fez. Não de acordo com o pensamento de grande parte da “massa” evangélica.
No texto que citamos acima (Fp 3.18-19) vemos o discurso de Paulo falando daqueles que são inimigos da Cruz de Cristo.   No texto fica claro o pensamento expressado por Armstrong quando Paulo diz que os inimigos da Cruz de Cristo são aqueles cujo “o deus deles é o ventre”. Paulo esclarece que os inimigos da Cruz de Cristo são os próprios homens em suas imoralidades. Comentando este texto, Ralph Martin diz: “este termo não significa, aqui, a escrupulosa observância de leis sobre alimentos [...] e sim a imoralidade deles, à qual foram conduzidos por suas falsas noções antropológicas.[3] Fica evidente que, desde o primeiro século, o homem já se colocava no centro de sua própria adoração para que este pudesse se auto-adorar. Diante disso, podemos elencar alguns deuses da pós-modernidade que tem feito com que o homem seja senhor de si mesmo e esqueça-se do Deus criador.

1.1 Egoísmo

É inevitável falarmos acerca do pensamento pós-moderno sem mencionarmos a individualização e o egoísmo com o qual os homens de nossos dias têm se deitado e identificado. Por individualismo e egoísmo queremos dizer que é o fato de se colocar em sinal de destaque, sempre preocupando-se apenas consigo mesmo e cada vez menos com o outro. Essa atitude tem se desenvolvido de maneira tal que chegamos ao momento em que experimentamos um egoísmo teológico.
Uma das grandes marcas desse egoísmo teológico, que também é uma das grandes marcas da religiosidade pós-moderna é a individualização da religião. Isso trouxe grandes implicações quanto ao desejo evangelístico do coração das pessoas que passaram a se preocupar cada vez menos com as evangelizações, uma vez que o egoísmo teológico faz com que tenhamos de nos preocupar cada vez mais conosco mesmo e cada vez menos com a vida do próximo. Nesse sentido, a religião deixou de ser algo familiar e passou a ser algo cada vez mais individual, fazendo com que grande parte dos evangélicos não tenha se quer o desejo de manifestar a sua fé, pois, como diz o adágio popular, “Em partido político, time de futebol e religião ninguém se mete. Cada um tem o seu”. Profº Isaías Jr diz:
O pensamento Pós-Moderno esvaziou a religião formal. Na Pós-Modernidade, a religião deixou a dimensão pública e restringiu-se à esfera privada. Na tentativa de se libertar de uma cultura religiosa com padrões morais absolutos, o indivíduo pós-moderno criou uma religiosidade interiorizada, subjetiva e sem culpa. As pessoas querem optar pela sua “preferência” religiosa sem ser importunadas por opiniões contrárias. Os critérios que orientam essas escolhas são todos íntimos e subjetivos. Semelhantemente, também não tentarão impor sua nova opção de fé a ninguém. [4]
É por seguirem esta lógica que vemos as igrejas cada vez mais vazias de pessoas e, mesmo as pessoas que lá estão, estão cada vez menos preocupadas em estabelecer o reino de Deus. Isso porque o seu deus, eleito pelo seu coração, é o egoísmo, i.e., ele mesmo. Esse egoísmo tem acabado com toda forma de comunhão na Igreja e nas famílias, fazendo com que o mundo se torne cada dia mais, um apartamento e um celular, onde o meu contato com o próximo seja cada vez menor e sempre com algo em comum: o Interesse por mim mesmo. Esta divindade talvez seja a mais terrível de todas para que o coração a eleja como sendo seu ídolo, uma vez que ela faz com que o homem, uma vez mais, queira que o mundo gire ao seu redor.

1.2 Relativismo

Outro grande deus que tem surgido no coração da sociedade pós-moderna é o relativismo. Esse vírus se instaurou de tal maneira no coração do homem pós-moderno que, como era de se esperar, atingiu a camada religiosa desse homem, surgindo assim um relativismo teológico.
Entendendo que o relativismo é uma negação do absolutismo, o relativismo teológico é uma negação de Deus como padrão absoluto daquilo que precisamos seguir. No site “A razão da fé”, temos a seguinte declaração: “Aplicado à teologia, o relativismo nega a possibilidade de um verdadeiro conhecimento de Deus que, enquanto o absolutamente Outro, não pode ser de nenhum modo conhecido ou abarcado pela inteligência humana.[5] Por causa dessa perda do absoluto teológico, temos, então a perda de valores outrora pregados com afinco nas igrejas fazendo com que os pastores tenham, a cada dia que passa, que pregar assuntos que não fazem jus a realidade bíblica. Uma dessas pregações é a contra o pecado.
Rev. Leandro diz:
Nunca, nas igrejas, o prazer e o sentir-se bem foram tão almejados, e todo o tipo de sensação ruim, como por exemplo, a tristeza pelo pecado, tão expurgada. O sofrimento é considerado por muitos como um grande mal que precisa ser evitado. Hoje, muitas igrejas têm a base de sua proclamação toda voltada para evitar o sofrimento e, assim, conquistam muitos adeptos. São ministérios, como disse Packer, que prometem ‘mais do que Deus se comprometeu a fazer no mundo’[6]
Nunca se relativizou tanto os padrões deixados por Deus de modo que as ordens divinas tornaram-se opções. Novamente o profº Isaias ajuda-nos nesse assunto, ao declarar:
Na Igreja, o que antes era convicção, hoje é opção. Os mandamentos divinos passaram a ser sugestões divinas. A igreja é orientada por aquilo que certo e não por aquilo que é certo. O pragmatismo missionário e o “novo poder” da igreja (político, econômico, tecnológico, etc) esvaziou o significado da oração e seu espaço na tarefa da igreja. Confiamos mais em nossos recursos e menos em Deus, superestimamos o poder de César e subestimamos o poder de Deus. As ferramentas ideológicas e tecnológicas tornaram-se mais eficientes que a comunidade e a comunhão. [7]
Dentro do relativismo, todos os ideais cristãos pregados outrora, tornaram-se algo obsoleto e totalmente “fora de moda”, dando lugar ao que é novo e ao que agrada. Falando sobre o evangelho que envergonha, MacArthur faz diversos recortes de jornais americanos, contendo propagandas de igrejas que diziam:
Aqui não tem fogo e nem enxofre. Nada de pressionar as pessoas. Apenas mensagens práticas e divertidas. Os cultos são informais. Ninguém é tratado como pecador; queremos que se sintam bem-vindos. Aqui os sermões são relevantes, otimistas, e, o melhor de tudo, curtos. A pregação é um bate papo sofisticado, educado e amigável. Queremos acabar com a idéia do pregador que transpira, solta a gravata e pressiona as pessoas usando a bíblia, que grita e esbraveja acerca de perecer no inferno por toda a eternidade.[8]
Fica claro que nos dias atuais, o coração do homem acabou com o absoluto da palavra de Deus e de suas ordenanças, abrindo espaço para essa outra divindade do coração decaído.

1.3 Misticismo

Há hoje um grande numero de cristãos que se valem de amuletos religiosos, dando mais poder e crédito a tais amuletos do que ao Deus Criador. Não é pequeno o numero de crentes que estão a mercê de horóscopos, crendices populares e até usando a sagrada Palavra de Deus como um objeto que afasta ou atrai bênçãos e maldições.
Infelizmente, para tais cristãos, a bendita Palavra tornou-se meramente um objeto popular que repele a ação de espíritos ruins e há rituais evangelicais que tem o mesmo poder. Tem crescido o numero de cristãos que, ao invés de entregarem-se a verdade da Palavra, estão enveredando por caminhos cada vez mais tortuosos, optando por uma religiosidade meramente subjetiva. Novamente, Leandro Lima nos ajuda dizendo:
A força mística da espiritualidade pós-moderna tem se feito sentir também dentro da Igreja. O Misticismo tem ditado os rumos da igreja cristã no século 21, tanto no catolicismo quanto no protestantismo. A individualização, a interiorização, a busca de visões, revelações pessoais e a revolta contra instituições religiosas têm marcado a espiritualidade de muitos cristãos nos dias atuais. As emoções, os sentimentos e a intuição têm sido a base do relacionamento das pessoas com o divino.[9]
Com a onda crescente de cristãos místicos, principalmente por parte da corrente neopentecostal, temos um descrédito cada vez maior do que é objetivo e uma procura cada vez maior do que pode apenas ser sentido. Essa outra divindade pós moderna tomou o coração do homem, fazendo com que este perdesse a sua visão do Deus da Palavra
Num mundo pós-moderno, Deus é meramente uma divindade subjetiva que está pronto para atender aos desejos do coração egoísta, relativista e místico do homem.

2.    Quem é Deus segundo a Bíblia.

Evidentemente que há uma disparidade entre o deus pregado pela pós-modernidade e o Deus que se revela nas páginas das Sagradas Escrituras. Vimos no ponto Anterior que o deus do pós-modernismo é antropocentrista e que existe exclusivamente para satisfazer o coração do homem, uma vez que este o idolatra para essa finalidade.
Definitivamente não há como nós compreendermos exatamente quem Deus é pois, sabemos, ele é muito além daquele a quem as Escrituras apresentam, embora elas apresentem o essencial para que o conheçamos. Ajuda-nos a compreender, em rápidas palavras, como as escrituras nos apresentam a imagem de Deus, a Confissão de Fè de Westminster quando essa diz:
Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições.  Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, - onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em seus juizos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado.[10]
E acrescenta:
Deus tem em si mesmo, e de si mesmo, toda a vida, glória, bondade e bem-aventurança.  Ele é todo suficiente em si e para si, pois não precisa das criaturas que trouxe à existência, não deriva delas glória alguma, mas somente manifesta a sua glória nelas, por elas, para elas e sobre elas.  Ele é a única origem de todo o ser; dele, por ele e para ele são todas as coisas e sobre elas tem ele soberano domínio para fazer com elas, para elas e sobre elas tudo quanto quiser.  Todas as coisas estão patentes e manifestas diante dele; o seu saber é infinito, infalível e independente da criatura, de sorte que para ele nada é contingente ou incerto.  Ele é santíssimo em todos os seus conselhos, em todas as suas obras e em todos os seus preceitos.  Da parte dos anjos e dos homens e de qualquer outra criatura lhe são devidos todo o culto, todo o serviço e obediência, que ele há por bem requerer deles.[11]
Sendo assim, fica evidente que Deus é totalmente diferente da concepção do homem pós-moderno, diferente dos deuses que este elegeu em seu coração e que Ele requer uma vida de compromisso com seus filhos, mudando, assim, o modo como o cristão atual se relaciona internamente com Deus. Não há, segundo essa definição de Deus, espaço para que o homem possa escolher se quer ou não obedecer a Ele. Também não há espaço para que o homem se veja como Deus, pois, a mesma confissão de fé demonstra claramente o estado decaído do homem em seus pecados[12], fazendo com que este esteja numa situação deplorável e de extrema necessidade da graça Divina (Rm 3.23).

3.    O que o homem pós-moderno espera de Deus

Dentro da concepção hedonista do homem quanto ao papel que Deus deve exercer dentro da visão distorcida que aquele tem acerca de Deus vemos o surgimento das igrejas neopentecostais como aquelas que têm pregado o evangelho que o populacho quer ouvir. Dentro das igrejas do movimento neopentecostal temos um evangelho sendo pregado que tem atraído multidões para ouvir falar sobre o Deus que efetua curas e milagres, sendo este ultimo geralmente ligado à prosperidade. Rev. Alderi, falando sobre o surgimento deste movimento no Brasil, faz a seguinte declaração:
O evangelicalismo brasileiro apresenta características apreciáveis e preocupantes. Entre estas últimas está o gosto por novidades. Líderes e fiéis sentem que, para manter o interesse pelas coisas de Deus, é preciso que de tempos em tempos surja um ensino novo, uma nova ênfase ou experiência. Geralmente tais inovações têm sua origem nos Estados Unidos. Assim como outros países, o Brasil é um importador e consumidor de bens materiais e culturais norte-americanos. Isso ocorre também na área religiosa. Um movimento de origem americana que tem tido enorme receptividade no meio evangélico brasileiro desde os anos 80 é a chamada teologia da prosperidade. Também é conhecida como “confissão positiva”, “palavra da fé”, “movimento da fé” e “evangelho da saúde e da prosperidade”. A história das origens desse ensino revela aspectos questionáveis que devem servir de alerta para os que estão fascinados com ele. [13]
Dentro das propagandas destas igrejas sempre é enfatizado um Deus diferente daquele que a bíblia mostra, pois é sempre um Deus misericordioso[14], que chega ao ponto de ser mais misericordioso do que justo e um Deus galardoador que sempre abençoa e enriquece seus membros.
Nessas igrejas nós temos personificado o que o homem hedonista espera do seu Deus: que ele surja como um gênio da lâmpada e realize todos os seus desejos tirando-o do sufoco nos momentos propícios. O homem pós-moderno espera que seu deus lhe conceda, saúde, riqueza e felicidade em todas as áreas da vida para que este possa sentir-se bem e feliz, e continue contribuindo com a igreja, numa espécie de moeda de troca em que o homem entra com a contribuição, geralmente financeira, e Deus entra com as bênçãos, sendo que este, geralmente, se submete àquele.

4.    O que Deus espera do Homem

Novamente poderíamos citar o que a confissão de fé diz sobre Deus no tocante ao Homem. Enfaticamente ela declara que o que Deus espera do homem nada mais é do que uma vida de obediência e adoração. Curiosamente, em alguns contextos, há pessoas que entendem que o que Deus requer, e o que ele procura, como se ele ficasse sentado, insistindo exaustivamente para que o homem o obedecesse. Não é este o caso com o Deus revelado nas Escrituras.
Muito embora Ele requeira a obediência do homem e esse seja um dos pontos cruciais da relação de Deus com o homem, Deus não é o ser que fica a espera da nossa vontade para que seja acariciado ou elogiado, ou mesmo agradado como fazemos conosco mesmos. O breve catecismo nos ajuda a entender qual é a lição principal que aprendemos com as Escrituras nesse tocante, quando diz: PERGUNTA 3. Qual é a coisa principal que as Escrituras nos ensinam? R. A coisa principal que as Escrituras nos ensinam é o que o homem deve crer acerca de Deus, o dever que Deus requer do homem.”[15].
Dentro dessa mesma perspectiva, a pergunta de nº 1 do breve catecismo nos ajuda a compreender um pouco a finalidade pela qual Deus criara o homem: “PERGUNTA 1. Qual é o fim principal do homem? RESPOSTA. O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.[16]. Esses dois documentos históricos, tanto o Breve catecismo quanto a Confissão de fé de westminster, nos ajudam a compreender o que Deus requer do homem.

Conclusão

Diferentemente da história de Aladin, Deus não é um gênio que nós podemos usufruir de Seu poder para satisfazer nossas necessidades, muito embora seja assim que muitos cristãos estejam lhe vendo. Enquanto o gênio da lâmpada necessita de alguém para lhe ajudar, fazendo pedidos para que este se mostre útil ao manifestar o seu poder, não tendo este mesmo autoridade e autonomia longe da vontade de seu amo e senhor, o Deus da Bíblia se mostra diferente, por ser Ele um Deus soberano que não se limita a vontade humana.
Há muitos cristãos que gostam de dar liberdade a Deus, mas limitam-No quando submetem a autoridade de Deus e o Seu poder dependentes da fé do homem. Nesse sentido, também estamos tentando colocar Deus dentro duma lâmpada onde este só pode sair e agir quando lhe damos o que Ele quer para que este, por meio da fé do homem, possa agir e fazer a diferença. Para combater o pensamento do Deus pós-moderno, não há outro modo e nem outra maneira, se não olharmos para as Escrituras e vermos como Deus requer que nós o adoremos.
Diante da visão romântica que muitos têm acerca de YHWH como sendo um Deus-faz-tudo para o homem, precisamos compreender que, a luz do evangelho, YHWH é Deus Soberano e que não pode e nem deve se submeter à vontade do ser humano. Ele é SENHOR, e como tal, rege a nossa história e age independente de nossa vontade. Cabe-nos, apenas, nos submetermos a Sua vontade e entendermos que nós é que fomos criados para adorá-lo e não o contrário.


[1] DISNEY, Walt. Aladdin. 1992, Walt Disney Production
[2] (ARMSTRONG, 2006, p. 9)
[3] (CRISTÃO, Mundo, 1985)
[4] (JUNIOR, 2011)
[5] (ALMADA, 2008)
[6] (LIMA, 2009)
[7] (JUNIOR, 2011)
[8] (MACARTHUR, 1997)
[9] (LIMA, 2009, p. 71)
[10] (IPB - Igreja Presbiteriana do Brasil)
[11] (IPB - Igreja Presbiteriana do Brasil)
[12] (IPB - Igreja Presbiteriana do Brasil)
[13] (Ultimato Revista Online)
[14] (Romera, 2011)
[15] (Neto)
[16] (Neto)

Bibliografia

ALMADA, P. G. (7 de Maio de 2008). A razão da fé 3: O relativismo teológico e suas implicações Cristológicas. Acesso em 04 de Novembro de 2011, disponível em A Razão da Fé: http://conferenciarazaodafe.blogspot.com/2008/03/o-conferencista-ter-muito-gosto-em.html
ARMSTRONG, J. H. (2006). Eu não sei mais em quem tenho Crido. São Paulo: Cultura Cristã.
CRISTÃO, Mundo. (1985). SÉRIE CULTURA BÍBLICA. In: R. P. MARTIN, Filipenses, Introdução e Comentário (p. 159). São Paulo: Mundo Cristão.
IPB - Igreja Presbiteriana do Brasil. (s.d.). Confissão de Fé. Acesso em 04 de Novembro de 2011, disponível em Site Oficial IPB: http://www.ipb.org.br/quem_somos/pdf/confissao_fe.pdf
JUNIOR, I. L. (11 de Outubro de 2011). A igreja Brasileira na pós-modernidade. Acesso em 04 de Novembro de 2011, disponível em Monergismo: http://www.monergismo.com/textos/pos_modernismo/igreja_brasileira_posmodernidade_lobao.htm
LIMA, L. A. (2009). Brilhe a sua luz: O cristão e os dilemas da sociedade atual. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
MACARTHUR, J. F. (1997). Com vergonha do Evangelho. São José dos Campo: Fiel.
Neto, F. S. (s.d.). Breve Catecismo de Westminster. Acesso em 04 de Novembro de 2011, disponível em Monergismo: http://www.monergismo.com/textos/catecismos/brevecatecismo_westminster.htm
Romera, L. R. (02 de Novembro de 2011). Propagandas. Igreja Mundial do Poder de Deus. Acesso em 04 de Novembro de 2011, disponível em Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=qqeyns6oYcE
Ultimato Revista Online. (s.d.). Raízes Históricas da Teologia da Prosperidade. Acesso em 04 de Novembro de 2011, disponível em Revista Ultimato: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/313/raizes-historicas-da-teologia-da-prosperidade


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