Os nossos dias são marcados por
homens que se denominam grandes diante de Deus e se auto-denominam de profetas
da atualidade. Suas profecias atraem milhares de pessoas que estão em busca de
“ouvirem” a voz de Deus por meio de outros homens e que buscam respostas às
suas inquietações, mas fazem esta busca de maneira totalmente errônea, não
querendo, de fato, ouvir o que Deus tem a dizer quanto às reais necessidades
humanas, e sim quanto aos desejos humanos que estão em busca de satisfação e
conforto nessa vida.
Por outro lado, temos uma enorme
dificuldade quanto ao nosso entendimento cristão sobre “profeta”. Chamamos de
profeta todos aqueles que supostamente falam em nome de Deus, mas não nos
atemos a entender o que a Bíblia diz a respeito de profetas e profecias. Mas
vejamos o que Deus nos diz a respeito de profetas que viriam em nome Dele e
que, verdadeiramente, falam da parte dele.
O capítulo 18 de Deuteronômio,
nos versos 15-22, Moisés faz uma profecia a respeito de outro grande Profeta
que viria em Israel. Há duas profecias presentes aqui. Moisés está dizendo que
haveria mais profetas em Israel que iriam profetizar no meio do povo. Mas que
profetas seriam esses?
Primeiro Moisés fala a despeito
de um grande profeta que iria se levantar no meio do povo e diz ao povo que
eles deveriam ouvir a voz desse profeta sob pena de prestar contas a Deus caso
não O ouvissem. Analisando este texto sob a perspectiva cristológica, fica
evidente que a profecia de Moisés, nesse tocante, refere-se a Cristo, uma vez
que cumpre o ofício profético de maneira perfeita. Esse papel era desenvolvido
perfeitamente pelo fato de Cristo ser O profeta que falava com base em sua
própria autoridade e todas as suas palavras eram divinas. Os profetas anteriores
diziam “A mim me veio a palavra do Senhor” (Vide o livro dos profetas), porém,
Jesus, dizia “Em verdade, em verdade eu vos digo”. Jesus fala da parte de Deus
com base em sua própria autoridade, sabendo a respeito do que está falando e
todas as suas profecias se cumprem.
Já os demais profetas
veterotestamentários, quando falavam da parte de Deus, com base na autoridade
conferida pelo próprio YHWH, nem sempre entendiam o teor da mensagem. Muitas
vezes esperavam o cumprimento imediato da profecia. Em muitos casos havia um
duplo cumprimento da profecia, um tão logo fosse proferida, outro num futuro
estipulado por Deus. É o caso da profecia de Dt 18 que trata a respeito de
profetas com funções diferentes. Outro exemplo desse aspecto do duplo
cumprimento da profecia encontra-se em Is 7. Deus prometera a Acaz, rei de
Judá, um sinal da presença de Deus com Judá com a finalidade de fazê-lo ver que
Deus estava agindo no seu povo. O sinal era que uma virgem daria a luz um filho
a quem o povo e o rei veriam, e o rei entenderia que este era o Emanuel (Deus
conosco). Isso aconteceu tão logo Isaías profetizou e Acaz viu o sinal de que
Deus estava com ele e com Israel. Porém, esta mesma profecia se referia a
Cristo. Em Mt 1 temos o anjo falando a Maria estas mesmas palavras e
aplicando-as a Jesus. Isso demonstra que nem sempre o profeta sabia exatamente
sobre o que se tratava a profecia.
Outro aspecto da profecia de
Moisés sobre os profetas que viriam a Israel demonstra que Deus suscitaria
profetas além do grande Profeta. A profecia desses homens estaria sujeita ao
cumprimento de maneira que se fossem profetas falando da parte de YHWH, a
profecia se cumpriria, caso contrário, o profeta não era da parte de Deus,
falava com base em seu próprio coração e vaidade e seria, ele mesmo, punido por
Deus. O povo deveria se atentar para essa realidade, pois, caso contrário,
iriam cometer pecados e torpezas a exemplo do que já havia acontecido em Israel
quando Balaão (Ap 2.14; Nm 25.1-3; Nm 31.16) profetizou contra Israel.
Desse modo, a profecia de Moisés
apresentam essas duas realidades: Havia de vir profetas que falariam à Israel,
mas viria também O Profeta que viria e falaria de maneira definitiva à Israel,
mas agora não necessariamente ao Israel físico, i.e., Israel enquanto nação,
mas ao Israel Espiritual de Deus, que somos nós.
Os profetas de nossos
dias, ou seja, aqueles que falam da Palavra de Deus, também devem ser
experimentados nesse sentido. Não falam de si mesmos, mas somente da Palavra de
Deus. Outro tipo de profecia, não sendo baseada na autoridade da palavra de
Deus, e não apresentando o seu cumprimento, deve ser entendida como palavra de
homens, motivadas pela vaidade do coração e não merece crédito da parte dos
crentes. Precisamos aprender a buscar o entendimento em Deus e esperar nele.
Profetas surgiram em Israel que, ao falarem o que o povo queria ouvir, fizeram
com que se afastassem de Deus. Outros, falando o que Deus ordenara e não sendo
o que o povo gostaria de ouvir, foram atacados e desacreditados pelo povo, mas
não diante de Deus. Nossos profetas precisam aprender a transmitir a mensagem
de Deus, por mais dura que seja, de maneira fiel, afinal de contas, se é Deus
falando, e sendo os ouvintes dedicados em ouvir a voz de Deus, que transtorno
haverá? A menos que o profeta ou o ouvinte não estejam, verdadeiramente,
querendo ouvir Deus falar.
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