sexta-feira, 9 de junho de 2017

Judas - o traidor

(Texto Base: Mt 26.25)[1][2]
Finalmente chegamos ao estudo do último dos doze apóstolos mencionados nas listas dos evangelistas sobre os discípulos do Senhor. Este é o mais odioso e o menos próximo do Senhor, embora ainda pertencente ao grupo e o mais distante do Mestre no que diz respeito a toda e qualquer característica humana. Judas nem sequer é mencionado no livro de Atos, na lista dos apóstolos, pois sua vergonhosa história teve fim pouco antes da morte de Jesus. Quando Lucas o cita em Atos é para deixar claro que ele definitivamente era o filho da perdição e o filho de Satanás.
Todos os discípulos estudados até aqui servem para nos motivar, a despeito de nossas fraquezas, a servirmos ao Senhor com todo o nosso ser, e nos mostram como é possível que Cristo transforme pessoas comuns, com defeitos comuns, em instrumentos extraordinários, usados tão somente para o louvor de Seu Nome e para a glória de Seu Reino. Judas, por outro lado, tipifica o quão vil pode ser o coração do homem quando este não se entrega aos pés do Senhor e, definitivamente, não é tocado pela graça. Em sua história é possível percebermos que há possibilidade de pessoas estarem com o Senhor, verem seus milagres e realizações e ainda assim estarem apenas superficialmente com Ele, não sendo profundamente tocados por Seu imenso poder. Judas, em sua trajetória da história do Redentor, esteve pessoal e fisicamente próximo do salvador. Seus ouvidos ouviram sua majestosa voz, seus olhos contemplaram sua face. Ele fora alimentado por Jesus quando da multiplicação de pães e peixes e vislumbrou o poder de Jesus em muitos milagres que realizara. Aquilo que o Senhor manifestou aos doze, não excluiu Judas, exceto da ministração da Santa Ceia, mas tudo realizou diante de seus olhos e ele fora participante. Recebeu a mesma instrução, os mesmos estímulos, a mesma promessa, mas nunca fora transformado pela verdade de Jesus (Jo 8.32,36). Talvez como ele, Simão, o Zelote, como vimos no texto anterior, também tenha passado a seguir Jesus por motivos pessoais. Mas diferente daquele, este nunca, em momento algum da caminhada, rendeu-se ao senhorio de Jesus. Ao contrário, cometeu o mais baixo dos atos humanos, vendendo o Senhor por míseras trinta moedas de prata. Hoje em dia, alguns ainda o vendem, mas por um valor bem maior do que este[3].
Por outro lado, a história de Judas nos mostra claramente a soberania do nosso Deus e nos revela o mistério da relação desta com a responsabilidade humana. Judas, o traidor – como todos os evangelhos fazem questão de mencionar ao citá-lo – foi uma peça fundamental para cumprir o eterno propósito do Senhor Deus (Sl 41.9), mas era responsável por seu – odioso – ato de violência contra o Senhor dos senhores (Mt 26.24). Nesse aspecto, a CFW ajuda-nos a entender essa relação ao declarar:
Desde toda eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.[4]
Deus se utiliza das circunstâncias para estabelecer e cumprir seus planos, não sendo o autor do mal, o que torna o homem inteiramente responsável por ele, mas isso não cria um problema ao Senhor. Ele soberanamente orquestra e conduz todas as coisas. Afinal, o Senhor “tudo pode e nenhum dos seus planos podem ser frustrados” (Jó 42.2).
Vejamos, agora, todas as informações que as Escrituras nos trazem sobre Judas:
1 – SEU NOME
Judas era um nome comum, como já salientado no texto anterior, quando falamos de Judas Lebeu Tadeu. Seu nome é outra forma para o nome “Judá”, que significa “YWHW Conduz”, indicando que, provavelmente, ao nascer, seus pais esperassem que ele fosse conduzido por Deus.
Diferentemente do que pensamos, a informação que vem adicionado ao seu nome não é seu sobrenome, mas sua identificação. Iscariotes é derivado do termo hebraico “ish” (homem) e “Queriote”, nome da cidade de que ele veio. Esse nome então, Iscariotes, significava “Homem de Queriote”. Queriote–Hezrom (Cf Js 15.25) era uma cidade ao sul da Judeia, o que confere a Judas, o posto de ser o único dos discípulos que não eram da Galiléia[5].
Diferentemente dos demais discípulos que já se conheciam porque eram irmãos, amigos ou colegas de trabalho, Judas era uma figura solitária, sombria, que não conhecia os demais, vindo de longe e passou a pertencer ao grupo mais íntimo de apóstolos.
Havia pouca familiaridade entre os discípulos e Judas. Isso favoreceu os desígnios do coração corrupto dele. Como desconheciam sua família, sua origem e os costumes, seria fácil de agir hipocritamente e dissimular entre seus companheiros. E conseguiu enganá-los. Tanto que chegou ao posto de  tesoureiro do grupo e usou essa função para roubar dinheiro dos seus amigos (Jo 12.6).
Sua hipocrisia e fingimento eram tão convincentes que, quando Jesus predisse que um deles trairia O trairia, nenhum houve que levantasse suspeitas sobre Judas (Mt 26.22-23). Nem quando o Mestre disse que seria quem metesse a mão com Ele no pão, e tendo Judas feito isso, não houve quem sequer pudesse supor que aquele era, de fato, o filho da perdição.
2 – SEU CHAMADO
Nenhum dos evangelhos relata como se deu o chamado de Judas. Assim como os demais discípulos que formam seu grupo, apenas temos o registro de seu nome nas listas e, se não fosse pela traição e ambição de seu coração, talvez também não houvesse nenhum registro de palavra sua sendo transcrita.
Ao que tudo indica, ele seguiu a Jesus de maneira espontânea, sem nenhum chamado especial ou diferente, como fora o caso dos irmãos Pedro e André, ou como Filipe e Natanael. Ele ouvira falar do Messias, era um profundo conhecedor do AT e por isso, ao se deparar com Jesus, estava convencido de que aquele era de fato o Messias prometido. Quando os discípulos de Jesus começaram a abandoná-Lo por sua pregação (Jo 6.66-71), Judas permaneceu com seu grupo dos doze. Ele também havia abandonado tudo o que fazia para seguir a Jesus, como os demais. Possivelmente ele fosse um jovem zeloso que esperava a redenção civil de Israel, como Simão, o zelote, antes da conversão. Mas, diferente daquele, este permaneceu com seu coração ainda preso a este pensamento, o que lhe causou um descontentamento com a figura do Messias que havia em sua frente e o movendo a traí-Lo. Judas escolheu seguir a Jesus, mas jamais o recebeu de fato.
Quando observamos a situação da escolha de Judas como um dos doze, fica clara a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. De fato, como todos os demais discípulos, Judas “escolheu” seguir a Jesus de “livre espontânea vontade”. Mas, assim como os demais, Judas também fora, antes de tudo, escolhido por Jesus (Jo 15.16). Os demais, para a glória do Cordeiro de Deus, este para a vergonha. Aqueles para a honra, este para a desonra (Rm 9.19-29).
Jesus também havia escolhido Judas, mas para cumprir as profecias sobre a traição (Sl 49.9; Jo 13.18; Sl 55.12-14; Zc 11.12-13; Mt 27.9-10). Jesus o escolhera para ser o traidor, mas Judas traiu a Jesus por livre e espontânea vontade de seu coração, por isso é o traidor e unicamente responsável pelo seu próprio pecado. Por isso, em momento algum Judas foi coagido a agir como agiu, mas o fez porque quis e escolheu agir. Traiu sem nenhuma ação sobrenatural movendo-o a isso, apenas pelo desejo e cobiça do próprio coração. Isso é algo que sempre vai martelar nossa limitada consciência e lógica. Mas a história de Judas mostra a relação constante entre uma e outra verdade.
Humanamente falando, Judas teve tantas oportunidades de mudança e abandono de pecados como qualquer outro discípulo de Jesus teve. Ouvira as lições dos santos lábios do Senhor, presenciou seu poder e a feitura de milagres como qualquer um dos demais e ainda escutou os apelos do Mestre para mudança de vida, em todos os momentos em que as Escrituras narram. MacArthur nos ajuda, dizendo:
Muitas dessas lições se aplicavam diretamente a ele [Judas]: a parábola do administrador infiel (Lc 16.1-13); a mensagem sobre a veste nupcial (Mt 22.11-14); e as pregações de Jesus contra o amor ao dinheiro (Mt 6.19-34), contra a ganância (Lc 13.13-21) e contra o orgulho (Mt 23.1-12). Jesus chegou a dizer explicitamente para os doze: “Um de vós é o diabo” (Jo 6.70). Ele os acautelou com um ai sobre a pessoa que o traísse (Mt 26.24)[6].
Mas nada disso adiantou. Em momento algum Judas abandonou a farsa ou foi tocado pelas palavras do Mestre[7].
3 – SUA DESILUSÃO
Ao longo da caminhada com Jesus, e depois de ouvi-Lo tanto em seus ensinos, Judas fora completamente desiludido com a figura que esperava do Redentor de Israel. É bem possível que os demais iniciaram sua caminhada com a mesma visão a respeito do Messias, haja vista que eles conheciam as profecias a respeito do Rei de Israel, descendente de Davi, que assentar-se-ia sobre o trono. Mas, enquanto os demais abandonaram essa ideia e creram em Jesus, Judas permaneceu com o ideal messiânico em sua mente e isso o impediu de ver além do que seus olhos viam e, como Simeão, enxergar a redenção de Israel (Lc 2.25-35). Ele apegou-se a imagem que construíra a respeito do Messias e, vendo que a pregação de Jesus não os movia a uma libertação do império romano, mas sim a uma libertação da religiosidade judaica, seu coração se entristeceu muito.
Os poucos momentos em que os evangelhos fazem menção de Judas, sugere o aumento da amargura em seu coração. A cada dia que se passava ele estava mais e mais decepcionado com a pregação de Jesus por não satisfazer suas ambições pessoais. Judas “continuava incrédulo, impenitente e irregenerado[8]. Ao passo que, quanto mais sua desilusão crescia, mais seu rancor aparecia e isso se tornou em ódio e obstinação para matar o Messias, o que o levou à traição, pois Jesus o havia levado a gastar cerca de dois anos ouvindo-O para, finalmente, não atender em nada suas expectativas. Judas, então, tornou-se o monstro que era por dentro, quando seus pensamentos culminaram na mais vil atitude de traição.
4 – SEUS PECADOS
Como já dissemos anteriormente, os demais discípulos foram trabalhados, lapidados e transformados por Jesus no decurso de Sua caminhada. Entretanto, Judas permaneceu de fora dessa realidade, não sendo transformado pelo Senhor Jesus, muito embora tenha testemunhado tudo o que os demais também testemunharam. A cada dia que passava ao lado do Mestre, a verdadeira Luz, as trevas em seu coração eram mais e mais aparentes (Jo 3.16-21). Vejamos como cada um de seus pecados foram aflorando ao longo da jornada:
4.1 – SUA AVAREZA
Logo depois da ressurreição de Lázaro, temos o episódio em que uma mulher unge os pés de Jesus em Betânia. Essa era Maria, irmã de Lázaro e de Marta. Jo 12.1-8 mostra-nos bem esse episódio.
Maria, cuja família era de posses, jogou uma quantidade imensa de perfume nos pés de Jesus ao ungi-lo. Judas, o avarento e hipócrita, reclama dizendo que aquela quantidade poderia ter sido vendida por cerca de 300 denários. Um denário era o salário de um dia de trabalho de qualquer trabalhador. Logo, descontando os sábados e feriados, 300 denários correspondia ao salário anual dos trabalhadores em Israel. Judas reclama dizendo que deveria ser dado aos pobres o valor da venda do perfume, Mas João deixa claro que ele queria roubar o dinheiro, como sempre tinha o costume de fazer. Em Mt 26.8 temos a impressão de que os demais concordaram com ele quando reclamou, hipocritamente, falando em ajudar aos pobres. Ele havia se tornado perito em fingir, e era convincente!
Jesus responde brandamente a Judas, mas sua ambição alcança níveis imensos e ele, imediatamente, anda cerca de 2,5Km até Jerusalém, onde vende à Jesus pelo valor de um escravo: Trinta moedas de prata (Mt 26.14-16; Ex 21.32) e não mais que isso.
4.2 – SUA HIPOCRISIA
Logo após a venda de Jesus por míseras 30 moedas de prata, Judas volta e reagrupa-se aos demais. Nesse instante, começa o longo relato de João sobre a noite em que Jesus fora traído (Jo 13.1). Nesse evento temos o relato da lição de humildade que Jesus ensinou aos seus discípulos, antes de animá-los com a vinda do consolador e da instituição da Santa Ceia.
Nesse primeiro texto, em que Jesus lava aos pés dos discípulos, vemos um contraponto de Jesus. Enquanto Judas estava certo de traí-lo, o mestre assentou-se e lavou seus pés. Qualquer outro teria se recusado a fazê-lo, teria esbravejado e expulsado Judas de sua presença. O mestre, contudo, lavou seus pés assim como fizera aos demais.
Daquele momento em diante Jesus começou a tornar claro que um deles o trairia (Jo 13.10,11,18,19,21,23-30) Mas nenhum deles sequer desconfiou de Judas.
Note-se que Jesus apenas celebra a Santa Ceia após a retirada de Judas. Isso porque o momento santo não pode ser feito na presença da hipocrisia ou com satanás penetrando os corações daqueles que se assentam diante Dele. Por isso Paulo, em 1Co 11.23-30, deixa claro que é para o homem examinar a si mesmo antes de tomar assento à mesa do Senhor. Um momento puro e santo não pode ser feito com pessoas hipócritas e malignas como Judas[9].
4.3 – SUA TRAIÇÃO
Após deixar o recinto onde Jesus estava, Judas foi diretamente ao Sinédrio encontrar-se com os anciãos para descrever que o momento oportuno havia chegado.
Judas, que alimentara seu ódio constante pelo Senhor, agora caminhava para concluir seu ato mais vil: entregar o Santo de Israel nas mãos de homicidas para vem seu fim! Judas conhecia a Jesus e isso deu-lhe tempo suficiente para arquitetar a traição no monte em que Jesus costumava ir orar. Aquela seria a ocasião perfeita e o momento perfeito para tal ato. Enquanto Jesus instituía a Santa Ceia, Judas maquinava o momento exato para entregá-Lo aos seus opositores que O tinham odiado e o odiariam até o fim.
Quando Jesus havia ido orar, como costumava fazer, Judas dá cabo à sua traição e, com um beijo, ele entrega Jesus para ser morto pelos pecadores. Naquele instante, “Judas profanou a Páscoa. Profanou o Cordeiro de Deus. Profanou o Filho de Deus. Profanou o lugar de oração. Traiu seu Senhor com um beijo[10].
5 – SUA MORTE
Judas sentiu remorso pelo que fez (Mt 27.3-4). Não havia nele arrependimento, tanto que não busca perdão, mas seu ato culmina em seu suicídio pelo que acabara de fazer.
Enquanto os demais haviam morrido por amor ao Evangelho e à Cristo, Judas se mata pelo remorso do que fez, por não ter amado a Jesus e por não ter sido tocado pelo Seu poder como fora os demais.
Judas não clamou por misericórdia, não clamou por perdão e nem viu-se como faltoso diante de Deus. Seu coração agora o cobrava por seu peso de consciência, mas não o compeliu a ir ter com o Grande Deus Todo-Poderoso em oração, como aprendera tantas vezes com Jesus.
Atos 1.15-26 diz-nos algo mais sobre o fim de Judas, o que não contradiz os relatos dos evangelhos. De fato, com o dinheiro que Judas atirou aos sacerdotes pelo preço de sua traição, eles usaram para comprar o campo em que se enforcara, o que o fazia literalmente seu dono. Judas enforcou-se no galho duma árvore que ficava sobre uma pedra pontiaguda, o que fez com que, ao enforcar-se, com o peso de seu corpo, caísse sobre a rocha e fosse partido no meio, morrendo de forma horrenda e trágica. Sua morte foi a altura de sua traição.
6 – LIÇÕES TIRADAS DA VIDA DE JUDAS
1.    Ele foi um exemplo trágico de oportunidades desperdiçadas. Ele teve a mesma oportunidade dos outros onze, mas não aproveitou nenhuma e nem atendeu às lições ministradas por Jesus.
2.    Ele é um exemplo de privilégios desperdiçados. Ele alcançou, dentre os doze, um lugar de honra e privilégio: era o tesoureiro do grupo. Contudo, trocou a honra que lhe fora concedida por 30 moedas de prata e pela traição. Não soube aproveitar o lugar em que Jesus lhe colocou.
3.    Ele é a ilustração perfeita de como amar o dinheiro pode ser desastroso (1Tm 6.10)! Acima da sua dedicação ao Mestre estava seu apego ao dinheiro e isso inevitavelmente o fez servir às riquezas e levou-o à morte. Ele ilustra bem o ensino de Jesus de que é impossível servir a dois senhores.
4.    Ele exemplifica a hipocrisia espiritual. Ele não foi o único a se voltar contra o Senhor. Em todas as eras há pessoas das quais nosso testemunho seria de sua fidelidade e apego ao Mestre, mas, no fundo, são ambiciosas e abandonam ao Senhor e se voltam contra Ele, sentindo-se desfavorecidos por não terem alcançado seus objetivos. Não desejam a vontade do Mestre, mas a perpetuação de sua própria.
5.    Judas é a prova de que Cristo é misericordioso, pacífico, longânimo e assaz benigno. Mesmo sabendo que era o traidor, o Mestre cuidou, exortou, ensinou e demonstrou seu poder e amor. Definitivamente, Cristo é rico em perdoar (Is 55.7; Ef 2.4)!
6.    Ele é a prova de que tudo quanto Deus decreta, acontece! Num primeiro momento, sua traição poderia aparentar que os planos de Deus estavam frustrados! Jesus estava sendo morto. Mas desde a eternidade este fato estava decretado por Deus e o que parecia a vitória do maligno, tornou-se sua derrota eterna e a vitória suprema do Deus Todo-Poderoso.
CONCLUSÃO
A Vida e trajetória de Judas foi uma grande tragédia. Longe de sê-lo ao Senhor, foi uma tragédia em sua própria vida e nos planos de satanás. Ele teve o que ninguém mais teve em termos de privilégios, viu o que nenhum de nós viu ou ouviu fisicamente, mas fez o que havia de pior, tornando-se semelhante – ou até pior – que aqueles que condenaram o Mestre, bateram, escarneceram, humilharam e o crucificaram. Judas foi o pivô dessa sessão aparente de tortura ao Senhor, mas que, na verdade, era a exposição máxima de seu amor e misericórdia pela humanidade e a vitória do Reino de Deus sobre o reino do maligno.
APLICAÇÃO
Caro leitor quantas importantes advertências temos na trajetória deste discípulo! Se todos nos servem de inspiração a serem imitados, Judas torna-se nossa mais terrível advertência e lembrete de como não devemos ser e agir.
Aprenda a aproveitar as oportunidades que Cristo lhe concede. É bem possível que haja pessoas há tanto tempo na Igreja, ouvindo sobre Jesus, mas jamais foram tocados por Ele e por Sua Palavra! Ore para que Cristo lhe dê um coração sensível para ouvir Sua terna voz e repreensão, sempre!
Aprenda a aproveitar as funções que Cristo lhe deu em prol do reino! E isso não tem a ver com a Igreja apenas, no que diz respeito aos cargos. Aprenda a utilizar tudo o que o Senhor lhe deu: emprego, família, amigos, estudos, lazer, etc., sempre em função do Reino de Cristo. Aproveite bem essas oportunidades.
Não seja hipócrita diante de Deus. Embora as pessoas apenas vejam a sua aparência, Cristo conhece o Seu coração. E isso não deve ser motivo para entregar-se à apatia espiritual. Isso é motivo para que você busque concerto diante de Deus para ser encontrado firme, fiel e preparado no Grande Dia de Cristo!
Reavalie o que tem feito você buscar ao Senhor. Muita gente há que ainda busque a Deus por ambição pessoal e isso causa-lhes frustração e desejo de romper com a caminhada e desistir de tudo, inclusive de Deus. É preciso que busquemos ao Mestre pelos motivos certos: sua grandeza, glória, salvação e Reino. A parte disso, viverás frustrado e vais abandonar a carreira.
Vigie. Judas deixou-se ser dominado, influenciado e tomado pelo maligno, pois não estava em constante comunhão com o Mestre e em oração. Foi presa fácil, alvo fácil para satanás. Lembremos de que ele não precisou deformar o rosto ou a voz, nem mesmo cair no chão contorcendo seu corpo quando estava endemoninhado. Apenas ausentou-se da mesa de Cristo e foi vende-Lo como escravo e traí-Lo. Você pode estar deixando satanás manipular seu coração e sua vida, sem se dar conta. Vigie e ore!
Faça como o poeta e incentive-se e também aos irmãos na fé quanto a “Vigilância e Oração[11]” e ore ao Senhor suplicando graça e misericórdia por sua vida e pela vida de seus irmãos em Cristo.
1 Bem de manhã, embora o céu sereno
Pareça um dia calmo anunciar,
Vigia e ora: o coração pequeno
Um temporal pode abrigar.
Bem de manhã e sem cessar,
Vigiar e orar!
2 Ao meio dia, quando os sons da terra
Abafam mais de Deus a voz de amor,
Recorre à oração, evita a guerra,
E goza paz com o Senhor.
3 Do dia ao fim, após os teus lidares,
Relembra as bênçãos do celeste amor
E conta a Deus prazeres e pesares,
Depondo em suas mãos a dor.
4 E sem cessar, vigia a todo instante,
Pois o inimigo ataca sem parar;
Só com Jesus, em comunhão constante,
Podemos sempre descansar.
(A.H. da Silva)



[1] Extraído e adaptado de MACARTHUR, JOHN. Doze homens comuns: a experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. 2011: São Paulo. Editora Cultura Cristã. 2ª ed.
[2] Leituras recomendadas: D – Mt 6.5-8Não ore como Hipócrita; S – Mt 6.24Não sirva a dois senhores; T –Mt 7.15-23Há falsos profetas entre nós; Q – Mt 8.18-22Seguir a Jesus é um desafio; Q – Jó 42.2Nada muda os planos de Deus; S –Rm 9.19-29Deus escolhe vasos de honra e desonra;S – 1Jo 3.1-6Filhos de Deus vs Filhos do maligno.
[3] Quando satanás encheu o coração de Judas ele mercadejou o Senhor. Pedro, consciente disso, em sua carta, ensina que os que mercadejam a fé serão lançados no inferno de fogo (2Pe 2). Isso não tem a ver com o dízimo, cujo ensino e prática, é defendido pelas Escrituras (Gn 14.20; Lv27.30-32; Nm 18.21; Dt 14.22; Ml 3.8-10; Pv 3.9-10; Pv 11.24; Mc 12.41-44; At 4.32-5.11; Hb 7.1-10; 2Co 9.7). Isso tem a ver com a comercialização da fé em todos os aspectos: venda de objetos “ungidos”, orações, objetos sagrados e afins. O Dízimo corresponde a 10% do que se recebe. Ademais disso, pode ser dado como oferta voluntária e não como obrigação. Oferta por coação ou indução é a prática igualmente condenada em 2Pe 2.
[4]DOS ETERNOS DECRETOS DE DEUS. Capítulo III.I da Confissão de Fé de Westminster
[5]MACARTHUR, John. Doze homens comuns. A experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2011, 2ª Ed. Pp 174.
[6] Ibid. Pp. 177
[7] Ibid.
[8] Ibid. Pp. 178
[9] Sobre essa questão, leia: http://refletindoparaavida.blogspot.com.br/2015/09/voce-esta-apto-participar-da-mesa-do.html
[10] MACARTHUR, JOHN. Doze homens comuns: a experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. 2011: São Paulo. Editora Cultura Cristã. 2ª ed.
 Pp. 184
[11] Nº 129 do Hinário Novo Cântico, da Igreja Presbiteriana do Brasil.

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